VII - Saudades e Lembranças

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ALYON


 Alyon queria dizer a Cassie que "Selíni", seu sobrenome adotivo, significava "lua" em grego. Mas ele não achava o momento apropriado. Ela havia falado, pelo visto, o máximo que conseguia para alguém ela nem conhecia direito. Estava sorrindo para ela, era o melhor que podia fazer. Alyon ainda pensava na flecha que voara em direção a sua mãe, momentos antes de ele cair na Terra. E de seu pai, no templo de Asclépio. Imaginava se estavam bem. Talvez sim. Talvez não. Mas ver aquela garotinha mortal ao lado dele começar a chorar o fazia sair completamente de seus pensamentos. Ela era apenas uma criança, mas havia vivido bastante coisa. Alyon jurou silenciosamente lançar uma linda praga na tal Audrey McConnel quando voltasse a ser deus. Maltratar aquela menina havia sido um grande erro.

– Durma – ele aconselhou a Cassie.

Ela se virou silenciosamente e pegou no sono rápido. Alyon não sabia, sinceramente, o que fazer. Clarisse e Cassie dormiam silenciosamente. Elas dependiam tanto dele quando ele delas. Lycaon as estava caçando, e ele não podia simplesmente abandoná-las. E também, elas conheciam aquele mundo. Alyon, não. Era como se Júpiter tivesse montado tudo aquilo de propósito. Há-há-há, muito engraçado. E, para Alyon, tudo aquilo tinha um propósito: descobrir quem era. Ele só não sabia se queria. De qualquer forma, os mortais nunca saberiam que ele existia. Os deuses gregos eram histórias para os humanos. Por isso os deuses não iam mais à Terra. Se bem que... Cassie tinha asas de corvo? Conhecia as histórias? Fizera aquelas latas de metal explodirem no mercado? (Sim, havia sido ela. Alyon sabia.) Isso começava a formar uma idéia louca na cabeça de Alyon. Ele só não sabia se acabaria bem para ele quando Júpiter descobrisse. Mas agora Alyon tinha que testar essa teoria. Poderia ser algo, em parte, bom.

Ele tentou dormir. Sabia que não tinha mais todos seus poderes. Ainda era mais forte que qualquer mortal, tinha sua força de deus, mas as transformações em animais o estavam esgotando mais rápido. E ele não podia simplesmente congelar pessoas ou virar vento. Júpiter devia estar gargalhando da cara dele lá do Olimpo. E ainda havia Lupa. Seria melhor Alyon achá-la, do que ela achar ele. Ao menos o rei do Olimpo havia tido o bom senso de querer mandar a loba para ajudá-lo. Adivinhe Júpiter? Ela não caiu no mesmo lugar. Bem planejado, hein?

Alyon afastou os pensamentos. Virou para o lado e dormiu, imaginando quando voltaria ao Olimpo se ele ainda fosse como Alyon se lembrava. Se não tivesse sido tomado pela guerra. 

Em Busca da Origem - As Portas de HadesOnde histórias criam vida. Descubra agora