XXV - Sacrifício

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ALYON

Alyon definitivamente odiava a Quimera. O monstro era completamente diferente da Quimera dos mitos. Ela tinha patas de bode, corpo e cabeça de leão, cauda de escorpião, asas enormes de dragão e cuspia fogo. Isso aí, a Quimera era um monstro digno de pesadelos. E Alyon suspeitava que seria mesmo parte dos pesadelos de Dylan dali em diante, porque o monstro o perseguia com uma fúria assassina. Mas, fazer o que, Alyon tinha que ajudar - ele não era cruel.

Alyon e Cassie correram na direção do monstro, mas Lupa já estava atacando. Ela pulou nas costas da Quimera e mordeu o pescoço, desviando da cauda de escorpião freneticamente. Não era uma luta justa, contando que a Quimera era muitos centímetros maior que Lupa - talvez alguns centímetros menos que Alyon. Mas a luta durou pouco. A Quimera virou a cabeça para trás e cravou os dentes nas costas de Lupa, fazendo Alyon parar, e ter que segurar Cassie para parar também. A Quimera jogou Lupa longe, com um forte movimento com a cabeça, fazendo a loba bater contra uma parede de vidro. O monstro começou a andar na direção de Dylan, que saía de perto de Clarisse e Noah, que haviam ido ajudar Lupa. A Quimera lançou um jato de fogo, e Dylan rolou para o lado, mas o cabelo fumegava um pouco.

- Você não pode, sei lá, congelar aquela coisa? - Cassie perguntou, o tom de urgência na voz.

- Aquele bicho cospe fogo - Alyon protestou. - Acha mesmo que eu, que deixei de ser Imortal, dou conta daquilo?

- Valia a pena perguntar. Vem.

Ela correu na direção do monstro, e balançando a cabeça, Alyon foi atrás, apesar de achar estúpido ir de encontro com um monstro daquele patamar sem nem ao menos um plano. Mas ele não tinha muita opção a não ser segui-la.

Cassie se colocou na frente do monstro, abrindo as asas abruptamente, fazendo a Quimera dar um passo assustado para trás. Com a deixa, Cassie fez um semicírculo com a adaga, criando uma feia linha de sangue no rosto da Quimera, passando pelo focinho e acabando quase no pescoço. O monstro rugiu e lançou chamas para lugares não específicos de forma frenética, recuando e passando a pata no rosto.

- Dylan, tire os outros daqui - Cassie falou, tão rápido que teve que parar e respirar, antes de continuar no mesmo ritmo: - Leve Lupa para algum lugar seguro. Mas não muito distante, encontro vocês depois. Eu tenho um plano.

Ah, Alyon pensou. Ela tem um plano.

- Espere, o quê? - Alyon indagou, depois de perceber o que ela acabara de falar. Ele olhou de soslaio para a Quimera, que começava a recobrar o equilíbrio. - Não espera que te deixemos sozinha aqui, não é?

- Ah, pelo amor de Deus - ela replicou. - Sei cuidar de mim. Já estou cansada desses monstros do Tártaro. Ajude Dylan com Lupa. Ande.

- Mas... - Dylan não terminou a frase, porque Cassie interrompeu:

- Anda logo, garoto! Você e Alyon são os únicos capazes de se locomoverem rápido, então parem de me olhar, os dois, e mecham-se daqui!

Ela meio empurrou, meio arrastou os dois de lá. Alyon, já se afastando, olhou para trás e lançou um olhar de reprovação a ela.

- Não me olhe assim - Cassie protestou. - Eu vou ficar bem.

A cara dela dizia o contrário. Alyon não tinha muita opção, então correu até os outros, mas ainda olhava para trás. Cassie e a Quimera estavam emboladas em uma luta perigosa. Elas se atacavam como se fossem tigres, e, graças aos céus, sempre que a Quimera avançava, Cassie dava pequenas batidas de asas, indo para trás suavemente, mantendo distância - e ficando viva. Vez ou outra, pedras e pedaços de concreto voavam, e mesmo Cassie, que parecia estar causando a metralhada de pedras, tinha que se abaixar para não ser nocauteada por uma delas. É, aparentemente ela realmente não sabia controlar os poderes.

Em Busca da Origem - As Portas de HadesOnde histórias criam vida. Descubra agora