Netherfield

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23/03

Era o dia da cirurgia de Jane. Não sei quem estava mais apreensiva com isso, se era ela ou eu. A principal razão não era porque eu estava com medo de algo dar errado na cirurgia, eu tinha lido e me informado bastante e a cirurgia tinha poucos riscos, e embora eu fosse uma irmã um pouco superprotetora demais, o risco da cirurgia me preocupava menos do que o fato de que eu estava indo para Netherfield.

Passei apenas uma noite na casa de meus tios, e eu juro que quase não consegui levantar no dia seguinte com dor nas costas de dormir no sofá da sala.

Apesar disso, tinha o fato de que eu estava indo para uma casa onde mais da metade dos integrantes não gostavam de mim – e isso provavelmente contava com o mordomo, eu sinceramente acho que ele não foi com a minha cara na última visita que eu fiz a Netherfield.

Enfim... como isso já estava certo de acontecer, me resignei e decidi encarar essa situação da melhor maneira possível.

Eu prometi a Jane que estaria no melhor do meu comportamento e que seria gentil com Caroline e Louisa – que, eba! Estava voltando justamente nessa semana, ah, sorte a minha! (não sei se ficou claro, mas eu estava sendo sarcástica!).

A cirurgia de Jane aconteceria pela manhã, ela estava nervosa e provavelmente faminta, porque teve de ficar de jejum para fazer a amigdalectomia. Mary e eu ficamos com ela o quanto pudemos, mas logo eles lhe deram um remédio que a fez apagar e ela foi levada para a sala de cirurgia.

Mary foi para a universidade, afinal, ela parecia ser capaz de se concentrar em alguma coisa além de sua irmã sendo operada, Kitty tinha quase tanto pavor de hospitais quanto Jane, talvez até mais, se você falasse "agulha" na presença dela, era capaz que ela desmaiasse e, além disso, Kitty e Lydia não podiam mais faltar a escola ou acabariam repetindo de ano por falta.

Então ficou apenas minha mãe e eu na sala de espera do hospital - da nossa família, quero dizer. Meu pai tinha se despedido de Jane em casa e foi trabalhar, mas garantiu que olharia o telefone por mensagens, o que já era alguma coisa, ele nunca vê as mensagens, as vezes me pergunto porque raios demos um celular a ele se ele nunca usa!

BingLee tinha nos encontrado aqui no hospital, ele tinha conseguido fingir calmaria na frente de Jane, tinha prometido que ficaria aqui esperando até ela sair e até mesmo eu acreditei que ele estava calmo e positivo. Pelo menos até eles levarem Jane e ele ceder ao pânico.

Minha mãe estava se divertindo com o pânico de BingLee, certamente ela via a ansiedade de BingLee como a prova de um profundo amor por Jane, o que eu até concordo, mas não estava com cabeça para pensar nisso, eu estava preocupada com a minha irmã.

Não me leve a mal, minha mãe também estava apreensiva com a cirurgia de Jane, como as mães ficam, mas ela tinha exaustivamente pesquisado sobre isso já há algum tempo na esperança de convencer Jane a fazer isso e como as chances de esse procedimento ter índices muito baixos de complicações, ela estava relativamente mais calma do que o seu costume.

Mas a espera era demais! Admito que não demorou muito a cirurgia, mas minha ansiedade tirou a melhor de mim, e não ajudou nada quando BingLee ficava andando de um lado para o outro com o terceiro copo grande de café da maquina de expresso do fim de corredor, ele estava me deixando maluca.

Não podemos ver Jane imediatamente, ela ainda estava desacordada da anestesia e o dr. Garrett disse que precisávamos esperar o horário de visita.

Isso deixou a minha mãe inquieta, mas não podíamos invadir o quarto de Jane com um monte de gente ali, ao pelo menos, não seria recomendado, minha mãe era maluca e eu sabia que era algo que ela poderia fazer.

O Diário de Lizzie BennetOnde histórias criam vida. Descubra agora