Epílogo

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22/10

Darcy como meu namorado e interagindo com a minha família era bem engraçado. Hilário na verdade.

Para começar, tinha a minha mãe. Vocês sabem como ela é exagerada e como ela sempre teve uma antipatia por Darcy, ela nunca o tratou muito bem, mas desde quando soube que Darcy e eu estávamos namorando, ela vinha tentando compensar isso e agradá-lo da única forma que ela conseguia: com comida.

Toda vez que Darcy aparecia em casa – e ele vinha com bastante frequência – ela oferecia a ele um mundaréu de coisas e Darcy sempre parecia sem graça de não aceitar (quem mandou ser tão educado! kkk) e normalmente acabava comendo um pouco. Eu ria e dizia a ele que se ele não aprendesse a dizer não para a minha mãe, qualquer dia ele iria sair rolando pela porta da frente. É um exagero, já que ele é um cara grande, ele come pra caramba, mas eu gosto de provoca-lo mesmo assim.

O fato de a minha mãe estar tentando compensar os muitos meses odiando a pura existência de Darcy fingindo que isso nunca existiu e se empenhando em trata-lo com doçura e gastando todo o seu tempo na cozinha, sem falar, perturbando-o a todo instante lhe perguntando se ele queria comer alguma coisa – inclusive quando nós dois estávamos realmente tentando ficar sozinhos! – estava deixando BingLee e minha irmã Lydia com ciúmes.

Meu pai apenas ria de tudo e achava aquilo engraçado, assim como eu. Era divertido ver Darcy vermelho e sem saber bem o que dizer quando minha mãe o recebia na porta com uma bandeja de comida de todo tipo para ele.

Ah, falando no meu pai, ele lidava com Darcy bem diferente da minha mãe, obvio.

Acho que no começo, ele ficou um pouco quieto e pensativo, surpreso até com a minha escolha e ao invés de agir, ele apenas observou como Darcy e eu nos comportamos.

Já disse o quanto Darcy é discreto em público e ele não faz muito mais do que segurar a minha mão ou falar baixinho para só eu ouvir, até o fato de fazermos nossa corrida matinal parece muito inocente, não que a casa da árvore concorde, ainda bem que, diferente das minhas irmãs, ela não conta os nossos segredos.

No entanto, acho que teve uma vez que meu pai nos viu descendo da casa da árvore, porque em um jantar ele disse:

— Estou preocupado com uma coisa.

Meu pai falar durante o jantar era algo meio raro, então todos nós olhamos na direção dele. Darcy e BingLee estavam lá, claro, como sempre estão todas as noites agora.

— Sobre o que John? – perguntou minha mãe distraída oferecendo mais purê de batatas a Darcy que já tinha o prato bem cheio (ele teve a infelicidade de se sentar ao lado dela, algo que ele sempre tenta evitar).

— Estava passando perto da velha casa da árvore das meninas e a vi balançando um pouco, acho que tem alguma tabua solta ou algo assim – então ele olhou diretamente para mim e me deu uma piscadinha. – Você notou isso, Lizzie, você está sempre subindo lá, não está? Talvez Darcy possa me dar uma opinião também.

Todos os olhares vieram para nós, eu fiquei escarlate e não ousei olhar para Darcy na hora. Lydia e BingLee caíram na gargalhada, Kitty mordeu os lábios para não rir, assim como Jane, minha mãe e Mary acho que não entenderam a piada, porém.

Quando tive coragem de olhar para Darcy, vi BingLee, que se sentava do seu outro lado, lhe dar cutucões com o cotovelo e embora Darcy estivesse com o rosto realmente sério, também estava um pouco rosado.

Depois disso eu disse para Darcy que era melhor a gente fugir para o quarto dele em Netherfield, já que BingLee quase nunca ficava em casa.

Mas as piadas as nossas custas, ou principalmente, às dele, não terminaram. Coitado do Darcy, nem sempre dá para perceber se meu pai está falando sério ou zoando com a cara dele, eu suponho que ele só esteja tirando uma com a cara de Darcy em todas às vezes, mas com meu pai é sempre difícil de ter certeza.

O Diário de Lizzie BennetOnde histórias criam vida. Descubra agora