Nada para festejar

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15/05


Lydia e eu não estamos nos falando.

Kitty vomitou a beça na noite passada, o que me fez imaginar que ela tinha feito mais do que beber demais, sinceramente, acho que alguém colocou algo em sua bebida, tivemos que leva-la ao hospital, onde ela passou toda a manhã.

Lydia se trancou no quarto e meu pai estava tão irritado, que disse que não queria vê-la, enquanto minha mãe parecia apenas preocupada se ela estava bem ou se precisava de alguma coisa.

Sinceramente, a pior parte de tudo era que o meu primo Collins estava lá presente e viu tudo: a gritaria, o vômito... bem, talvez isso servisse para que ele mudasse de ideia de uma vez em escolher uma esposa na casa dos Bennets.

Mas como ele era um cara moralista, ficou dando longos discursos para meu pai, que já estava irritado, sobre disciplina, de como cuidar dos filhos e essas coisas, não foram de todo conselhos ruins, mas era uma péssima hora para isso e eu sabia que meu pai estava usando toda a paciência que ele nem sempre tinha de sobra para aguentar tudo calado.

Eu estava furiosa, por um lado estava realmente disposta a ir até a delegacia e contar a polícia sobre a festa de fraternidade que deixava meninas menores de idade entrar, Lydia tinha feito dezessete anos agora pouco e Kitty... bem, ela tinha dezoito, mas ela não poderia beber até os vinte e um e a festa tinha bebidas alcoólicas, quantos outros na festa nem tinham perto de vinte e um?

Além disso, lembra o que eu falei sobre cidade pequena? Todo mundo já sabia que Lydia tinha dançado em cima de um bar em um vestido minúsculo ontem a noite... ah, céus, esse pesadelo não termina nunca?

Lydia não era uma má pessoa, ela tinha um bom coração, mas geralmente era egoísta e só pensava em si mesma. Ela não faz as coisas que faz apenas para me irritar, embora as vezes pareça que esse é seu único motivo, acontece que estamos mesmo vivendo em uma pequena cidade e as pessoas sabem de tudo o que acontece assim que as coisas acontecem, isso é um fato e não tem como mudar isso, Lydia dançar em cima de um bar trazia consequências, não só para ela, cuja reputação de menina fácil poderia marca-la, mas também a toda a sua família. As pessoas de cidade pequena tentem a ter a mente fechada e moralista, eu seria sempre a irmã da garota mais namoradeira da cidade e, embora isso não me importasse realmente, bem, Lydia podia namorar quem e quantas pessoas quisesse, se estivesse tudo bem para ela, eu ainda achava que ela era nova demais e inexperiente demais para tomar essa decisão agora!

Argh, eu estou me sentindo cansada! Não dormi, simplesmente não consigo dormir, fico me remexendo, queria dar uma sacudida na minha irmã e fazê-la ter juízo.

Mas Lydia nunca me escuta, ela nunca escuta ninguém, minha única esperança é tentar botar algum juízo em Kitty!

Kitty vai fazer dezenove, ela deveria estar em uma faculdade, mas ela repetiu de ano e ainda está no ensino médio, sinceramente, com as notas delas é bem possível que ela repita outra vez.

Kitty sempre vai na mesma onda da Lydia, foi sempre assim, embora Lydia fosse a mais nova; acontece que Kitty não é tão esperta quanto Lydia e embora Lydia estude tão pouco ou até menos que Kitty, as notas de Lydia são razoavelmente passáveis enquanto Kitty sempre é detonada com um banho de vermelho no seu boletim.

Bem, Kitty teve de fazer lavagem no estômago e ficou muito mal, isso, eu esperava, poderia ajudar a dar um susto nela e faze-la pegar mais leve nessa vida maluca que ela e Lydia levavam.

Ver a minha irmã em uma cama de hospital tão branca quanto o lençol fazia meu coração apertar. Ela estava deitada tomando soro na veia e tinha os olhos vermelhos de quem estivera chorando. Quando ela me viu, recomeçou a chorar.

O Diário de Lizzie BennetOnde histórias criam vida. Descubra agora