Uma visita inesperada

986 60 52
                                    


23/09


Minha irmã caçula estava grávida do meu ex-namorado pedófilo e cafajeste viciado em jogos. Eu estava tentando assimilar essa notícia, mas ela ainda dava voltas em minha cabeça e nó no meu estômago.

Tudo bem, o fato de que Lydia estava grávida não era só uma suspeita, era quase uma certeza para mim, mas mesmo assim, acho que eu estava me agarrando a possibilidade de que eu estivesse enganada. Sabe, quando acontece algo terrível e você ainda fica torcendo para que tudo tivesse sido um sonho?

Bem, meus sonhos estão mais para pesadelos ultimamente, e eu os estou vivendo-os acordada e dormindo.

Lydia estava determinada a contar aos meus pais de uma vez a nossa descoberta, mas enquanto descíamos as escadas ela voltou a paralisar.

— Não posso fazer isso!

— Lydia..

— Não posso fazer isso, papai vai... vai me bater, me jogar para fora de casa, ou ter um infarto ou me jogar para fora de casa e depois ter um infarto – ela começou a entrar em pânico, acho que preferia isso do que seu silêncio mórbido, com isso eu sabia lidar.

— Tudo bem, calma, respira – disse segurando-a pelos ombros, Lydia era alguns bons centímetros mais alta do que eu, mas agora ela parecia tão pequena e frágil..

Ela olhou para mim com olhos arregalados e respirou fundo varias vezes, tentando se acalmar. Não estava dando muito certo.

— Lizzie, não posso fazer isso, não quero!

— Tudo bem... podemos fazer isso amanhã então.

Ela concordou com a cabeça e até começou a andar de volta para o quarto, mas então parou.

— Não... não, eu não posso fugir disso, posso?

Eu apenas a encarei, não sabia nem o que dizer. Ela deixou escapar uma lágrima dos olhos, mas me olhou com firmeza.

— Tudo bem. Se... se eu não conseguir... você me ajuda?

— Claro.

— Você fica comigo? – sua voz saiu baixa e tremida

— Já disse que sempre vou ficar contigo – lhe garanti.

Isso a confortou um pouco, ela agarrou a minha mão, sua mão estava suada e fria, e voltamos a descer as escadas.

Eu achei que falar do site que Wickham tinha feito era uma coisa difícil, mas dizer que Lydia estava grávida do mesmo crápula... eu entendia porque ela estava tão nervosa.

Ainda assim arranjei forças que eu não sabia que ainda me restava e meio que arrastei Lydia comigo até a sala de estar.

Minha mãe ainda estava fofocando por mensagens de texto e Kitty estava jogada no sofá assistindo o resto do filme.

— Mãe preciso falar com todo mundo – disse chamando a atenção dela.

Ela olhou para minha cara e então para Lydia que estava meio encolhida do meu lado e quase derrubou o telefone.

— O que foi agora?

— Kitty, você pode chamar o papai e a Mary na biblioteca, por favor?

Sem discutir, Kitty desligou a televisão e saiu da sala correndo eu a ouvi gritar o nome de meu pai e Mary pelo corredor.

Meu pai entrou com o óculos meio torto e uma xícara de chá na mão e Mary ainda tinha uma caneta prendendo o cabelo.

— Argh, o que foi dessa vez? – disse Mary revirando os olhos e se sentando em uma poltrona.

O Diário de Lizzie BennetOnde histórias criam vida. Descubra agora