Lady Catherine

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23/11


O dia estava frio ao cair da tarde, porém ainda ensolarado e Rosings tinha uma beleza de natureza rara em meio uma cidade tão grande como São Francisco. Eu tinha dormido muito bem, comido mais do que o suficiente e embora meu primo fosse sempre tão irritante quanto antes, eu estava muito satisfeita em reencontrar Charlotte tão animada com sua nova vida.

Em outras palavras, o dia tinha amanhecido tão bem, mas pendia para se tornar um feriado de merda. Não era só o fato de que essa lady Catherine parece uma peça, mas porque Darcy está bem ali sentado na sala de estar de Charlotte.

Charlotte está obviamente muito animada com a chegada de Darcy e de seu primo (embora eu realmente tenha ficado feliz em rever Fitz), mas eu não compartilhava do mesmo entusiasmo dela.

Darcy era o mesmo de sempre, calado e sério. Ele falou cerca de meia dúzia de palavras, a maioria delas apenas palavras de praxe que demandam cortesia, como: espero que goste de Rosings, como estão as mudanças ou coisa assim, o resto foram resposta a perguntas simples. Eu mesma falei com ele o mínimo possível, visto que ultimamente toda a vez que Darcy e eu nos encontrávamos acabávamos tendo algum tipo de discussão e eu terminava com uma baita dor de cabeça a cada término delas.

Fitz, ao contrario do primo, dominou a conversação. Ele ficou feliz em contar várias situações engraçadas que passou naquela semana, fez algumas piadas, sendo três delas sobre Darcy (o que foi muito legal de ouvir e principalmente ver a cara que Darcy ficava ao final delas) e até trocou com Charlotte algumas receitas – aparentemente Fitz era um bom cozinheiro, isso eu nunca adivinharia.

Era engraçado ver duas pessoas que obviamente se conheciam a vida inteira e cresceram quase como irmãos ter personalidades tão contrastantes como era o caso de Fitz e Darcy.

A última briga que Darcy e eu tivemos ainda estava viva em minha memória é eu aposto que na dele também, creio que essa era a principal razão para que ele ficasse ainda mais mergulhado no silêncio.

Fitz não era o tipo que gostava de silêncio e também parecia gostar de provocar seu primo quase tanto quanto eu e depois de terem passado quase vinte minutos no qual Darcy abriu a boca uma única vez, ele disse:

- Pare de falar Darcy, ninguém mais aguenta ouvir a sua voz.

Darcy olhou para seu primo com uma careta.

- Suponho que essa seja a sua maneira de me dizer que espera que eu fale alguma coisa – Darcy soou quase divertido. - Pois não, fico feliz em fazer sua vontade, o que quer de mim Fitzwilliam?

Fitz deu uma risada com a resposta do primo que soou um tanto mal humorada no final.

- Porque você acha que eu vou fazer o trabalho todo para você, se dê ao trabalho de acompanhar o assunto e se vire.

- Parece que você está se dando bem sem a minha ajuda!

- Não é culpa minha que eu nasci com o dom do discurso e você não, ninguém pode ser tão talentoso quanto eu! – disse ele presunçoso, mas apenas de gozação.

Darcy revirou os olhos ignorando o comentário, eu ri, era muito interessante assistir como Fitz lidava com o primo.

- Eu só consigo imaginar como ele consegue se relacionar com as pessoas sem a minha valiosa ajuda – continuou ele com uma afetação teatral de arrancar risos.

Novamente Darcy revirou os olhos.

- Sua ajuda é menos necessária do que você espera, Fitzwilliam!

O Diário de Lizzie BennetOnde histórias criam vida. Descubra agora