27/04
A afirmação de meu pai causou o alvoroço que ele realmente esperava. Creio que meu pai teria preferido que sua plateia fosse maior, com minhas irmãs para gritarem em harmonia o seu crescente descontentamento pela chegada de nosso tão odiado primo. Mas minha mãe deu conta do recado muito bem.
Minha mãe deu o maior pití quando meu pai anunciou que nosso primo estava para vir para Longbourn em alguns dias. Meu pai mal teve tempo de explicar como tudo ocorreu quando minha mãe começou a andar pela cozinha, se abanando e gritando e resmungando, como uma lunática.
Felizmente eu não tive que aturar isso sozinha, Mary apareceu, mas Mary não é de lá muita ajuda quando minha mãe tem esses acessos, ela não tem a menor paciência com melodramas, então, como esperado, ela apenas mandou minha mãe se acalmar e como isso não deu resultado – obviamente – ela se estressou e subiu para seu quarto, assim ela não precisaria lidar com isso e fingir que não era seu problema.
Kitty e Lydia chegaram uns dez minutos depois e ouviram a gritaria da minha mãe lá do portão. Meu pai tinha desistido de tentar argumentar com ela e eu já tinha tentado empurrar goela a baixo um chá de camomila para ela se acalmar, mas ela não me dava ouvidos.
- Me acalmar, me acalmar? John Bennet, como você pode fazer isso comigo, me obrigar a receber esse abutre que quer arrancar o telhado da cabeça de minhas filhas? – disse minha mãe, entre lágrimas e aos berros.
- Se eu puder... – disse meu pai, mas, claro, fora interrompido com mais lamúrias. Ele suspirou e olhou na minha direção, tinha um sorriso cansado. – Ela poderia vir com um botão de desligar.
Isso fez não só eu, como Kitty e Lydia, que ainda não estavam entendendo nada do que estava acontecendo, rir. Mas o comentário só inflamou minha mãe ainda mais.
- Muito engraçado, mesmo. Me calar, oh, sim, eu tenho de ficar calada e não tenho sequer direito algum de opinar em MINHA PRÓPRIA CASA! – ela berrou a última parte. – Ainda é MINHA CASA, e eu decido quem vem aqui ou não!
- Quem vem aqui? – perguntou Kitty curiosa.
- Hum... quem fez biscoitos? – perguntou Lydia roubando um biscoito de chocolate que tinha sobrado na cesta que Bing havia trazido, tinha sobrado apenas três e um quebrado no meio.
Lydia não estava ligando a mínima para nada, como sempre, ela só se preocupava com assuntos que lhes dizia respeito e nesse caso ela devia estar com fome e ela amava biscoitos de chocolate, então é mais do que natural que o biscoito foi mais importante do que os ocasionais acessos de minha mãe. Ela era muito hedonista!
- Seu primo Collins, aquele que será o novo dono de Netherfield quando seu pai morrer; ele vai vir aqui para ver a fazenda que logo será dele, e seu pai quer que eu ature isso em silêncio – berrou minha mãe com uma voz esganiçada que fez meus tímpanos tinirem, eu não me surpreenderia se os copos de vidros explodissem, como vemos nos desenhos animados.
- Não desejo que ature isso em silêncio – disse meu pai, meio de mau humor acendendo seu confiável cachimbo, o que só deixava o clima pior, porque minha mãe odiava aquele cachimbo – mas poderia fazê-lo mais baixo.
- Não estou com paciência por seu humor estranho John, estou muito nervosa.
Ela disse isso ainda dando voltas pela cozinha, mais ou menos como os touros bravos fazem antes de chifrar você. Isso significava que ela estava muito longe de terminar seu ataque de pelanca.
- Sim, eu, suas filhas e nossos vizinhos em um raio de trinta quilômetros já notaram.
Viu? Foi daí que eu aprendi meu sarcasmo, não podem me culpar, é genético!
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O Diário de Lizzie Bennet
Fanfiction"É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro, possuidor de uma grande fortuna, deve estar em busca de uma esposa". Sim, essa é exatamente a frase que minha mãe diz, como um mantra, para suas cinco filhas com uma frequência alarman...