Uma escolha?

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26/08

O dia tinha começado tão bem...

Eu tinha passado a noite correndo pelas estantes da biblioteca de Pemberley selecionando mentalmente qual livro eu iria pegar para ler assim que Darcy não estivesse olhando ou ocupado demais com outra coisa para notar.

Depois eu me esqueci completamente dos livros e me concentrei em Darcy e como sempre tudo se encaixou tão bem, tão perfeitamente que me fez esquecer de tudo e todos até que só existia nós dois.

E então eu acordei e ele estava ali ao meu lado, com seus braços ao meu redor, a barba rala fazendo cocegas no meu ombro o que era sempre tão... bom.

E o dia amanheceu com um potencial enorme para ser... perfeito só que... não.

E eu poderia dizer que Caroline estragou tudo e até poderia ser verdade, mas convenhamos, ela é só a colher que vinha agitando o caldo dessa sopa que já vinha fervendo há muito tempo.

No fundo eu sempre soube que eu deveria encarar de frente essa encruzilhada, eu não podia ficar em negação para sempre, dando voltas e voltas sem seguir em frente. Tenho uma estrada, a estrada que me leva para Darcy aparentemente me afasta de minha família e a de minha família me afasta de Darcy. Não tem como ficar parada encarando a bifurcação, eu tenho que escolher um caminho.

Eu vim tendo essa percepção desde o começo da minha relação com Darcy, mas eu vim me fazendo de cega porque não queria enfrentar a realidade, mas eu acho que preciso. Eu preciso, não é?

Enquanto continuo parada na frente dos pais de Darcy imóveis retratados nesse quadro eu me pergunto, mais como uma esperança infundada, se não estou exagerando.

Caroline está atirando seu veneno como a cobra venenosa que ela é e certamente Darcy não pareceu nem um pouco feliz com suas insinuações, assim como ele tinha de fato declarado a Fitz todos os deméritos de minha família o que o fez repensar se ele iria mesmo seguir em frente e se declarar por mim, no início... Mas ele se declarou, não declarou?

Ele disse que apesar de seu julgamento, de minhas conexões ele me amava o suficiente...

Tudo bem, eu vou parar por aqui, porque isso está ficando feio! Tudo o que Darcy me disse naquela noite foi errado e muito pretencioso e usar aquilo como um exemplo para me fazer me sentir melhor não vai realmente ajudar nem um pouco.

Eu me sentei no chão em frente ao quadro, embora o chão fosse um tanto duro, gelado e desconfortável, e fiquei ali. Não sei por quanto tempo.

As palavras de Caroline, a expressão de Darcy, tudo rodava a minha cabeça como em um carrossel maluco do terror e quanto mais eu repassava o que eu tinha presenciado, mais enjoada eu me sentia.

— Lizzie?

A voz era de Kitty, mas ela não estava sozinha, BingLee estava ao lado dela, e eu que tinha achado que Bing já devia estar no lago com meu tio e Fitz.

— Ei Lizzie, Darcy está como um maluco te procurando... você está bem?

Eu não estava chorando, as lágrimas deve ter secado a muito tempo de meus olhos, mas não sei ao certo como estava a minha cara. Bing e Kitty me olhavam preocupados, Bing podia ser um pouco aéreo, mas Kitty me conhecia a sua vida inteira e ela não seria enganada tão facilmente.

— Eu... me perdi.

— Ah! – disse Bing rindo. – Eu também me perdi nas primeiras vezes que vim para Pemberley, mas acho que consigo trafegar pela casa muito bem agora, vamos, eu te ajudo a encontrar o caminho.

Eu tentei forçar um sorriso, mas não consegui, aceitei a mão de Bing que me ajudou a ficar de pé e juntos saímos da galeria. Ao passar pelo arco da galeria, saindo do cômodo eu dei uma última olhada, eu não podia mais ver o quadro dos pais de Darcy dali da entrada, mas é como se eu pudesse vê-lo em minha mente e os demais ancestrais de Darcy continuaram a me encarar como se dissessem que eu não pertencia aquele lugar e nunca iria pertencer.

O Diário de Lizzie BennetOnde histórias criam vida. Descubra agora