Adeus e até nunca mais!

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25/11


Imagine como eu me senti ao ler a carta de Darcy?

Ao ler as primeiras páginas, eu senti um grande desgosto e tudo o que eu o ouvi falar de minha família voltou a minha mente. E nessa hora eu simplesmente estava muito nervosa, estava prestes a fechar a carta de vez e deixar tudo isso para lá.

Mas é claro que esse sentimento durou pouco e a curiosidade para saber o que tinha escrito nela prevaleceu e eu novamente abri a carta outra vez.

Eu estava tão curiosa para saber o que a próxima linha dizia que eu mal conseguia decifrar aquela que eu estava lendo. Quando cheguei na parte em que ele falava sobre o que aconteceu com Jane, eu estava tão desgostosa que tudo o que ele escreveu me pareceu banal, um absurdo completo e possivelmente mentiroso, mas quando cheguei na parte em que ele contava a história entre ele e George, minha resolução começou a fraquejar e no ponto que ele falava sobre sua irmã, minha resolução já tinha ido pro saco.

Por mais que eu quisesse aqui ou ali tentar encontrar uma forma para que George não parecesse um cafajeste interesseiro e vagabundo, as desculpas ficavam cada vez mais fracas e absurdas até que elas eram simplesmente desnecessárias.

Darcy poderia mentir sobre George em muitos aspectos, mas ele nunca falaria algo dessa magnitude sobre sua própria irmã.

Um horror e um mal estar terrível tomou conta do meu corpo de modo que eu achei que iria ter um troço ali mesmo. Em geral não sou dramática, mas a cada nova linha em que Darcy escrevia algo novo de George, mais e mais eu sentia-me desfalecer.

Não havia nenhuma dúvida de que tudo o que ele estava me dizendo era verdade. Darcy nunca me pareceu alguém capaz de dissimular, ele era muito sério para ficar inventando mentiras e se acaso ele fizesse, certamente não iria envolver a sua irmã nisso.

Além disso, tudo parecia bater muito corretamente para parecer improvável. A maioria das coisas que Darcy me contou estrava de acordo com o que eu sabia dele por Bing, Fitz e até pelo próprio George, como o testamento do pai e o noivado fracassado.

Claro que o envolvimento de George Wickham tinha sido diferente no relato que o próprio George me dera. Mas ao ler a carta de Darcy, claro, tudo parecia fazer mais sentido. Droga, como eu fui burra! Como eu acreditei em tudo o que ele me dizia? Como eu pude namorar com um cretino como ele?

De repente eu me sentia suja e usada. Senti como se meu estomago começasse a borbulhar e de repente eu estava em prantos. Pobre Georgiana Darcy, seja ela quem for, ela não merecia o que aconteceu a ela... bem, Darcy tampouco.

Ele havia perdido os pais e tinha de lidar com tanta coisa e ainda por cima Wickham usou de sua dor e da memória do homem que ele dizia ser seu pai de consideração para arrancar dinheiro de Darcy!

Darcy podia acreditar que Wickham amou seu pai, pelo que eu li e compreendi do caráter de Wickham, estava começando seriamente a duvidar disso!

Ora, ele me disse que sua mãe estava em uma clinica de repouso e que todo o dinheiro que ele recebia ia para ela. Quantas pessoas eu mesma tentei convencer a ajuda-lo financeiramente para que ele pudesse guardar o dinheiro do pagamento para dá-lo a uma mãe que nem mesmo existe, uma mãe que já morreu há anos?

Eu mesma paguei seu aluguel duas vezes e a pobre Sra. Pullman deixou que ele morasse de graça por mais dois! Mentiroso filho da mãe! Ele usou todo o seu charme e olhar de vítima e enganou todo mundo!

Como eu sou estúpida! Como eu me odiava naquele momento, como Darcy deveria me odiar agora... porque ele não odiaria? Todas as vezes em que escrevi sobre ele no diário... as vezes em que eu o acusei tão injustamente...

O Diário de Lizzie BennetOnde histórias criam vida. Descubra agora