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Era isto. A semana havia começado de fato, eu estava no ônibus à caminho do trabalho enquanto eles já deveriam ter embarcado para a Alemanha. Seria a primeira parada na turnê. E depois seria quase todo dia com agenda lotada. Eu estava destruída. Não ia mentir.
Combinamos de ficarmos no e-mail que sempre seriam mensagens longas e diárias. Era melhor do que ficar esperando o SMS que poderia não chegar. Me senti uma idosa, embora idosos fossem da época dos das cartas.
O domingo havia sido tão maravilhoso e realmente achei que não poderia ficar mais perfeito. Sua família foi amorosa comigo até de mais. E amaram muito o meu brigadeiro.
Procurei na internet qualquer notícia que remetesse aquele show mas só vi fãs enlouquecidas e ansiosas pelo show. Tentei me acalmar porque aquele ainda era o primeiro dia, não poderia surtar durante cinco meses. E tentaria mandar um e-mail por dia. Não queria atrapalhar seu desempenho no palco.
Quando cheguei no trabalho todos estavam concentrados em seus próprios afazeres. Tentei me concentrar também, já que tinha muita coisa para fazer.
A nova conta era de uma loja de roupas. Foi minha primeira grande conta. Naquele dia haveriam duas reuniões: uma com o presidente da Table, o Orlando Smith e a outra com a própria loja.
Havia feito meu trabalho, a semana anterior havia feito todo um plano de marketing para as redes, estava confiante que passaria.
Dei uma rápida lida no trabalho e fui ao encontro de Orlando que me encontraria na sala de reuniões.
— Bom dia, Srta. Julieta. — Ele estava sorrindo, provavelmente de bom humor.
— Bom dia, Sr. Smith.
— Estou ansioso para saber o que bolou.
Sentei na cadeira e entreguei a ele uma cópia do plano. Expliquei ponto por ponto, as personas que tínhamos, público alvo e até um horário mais apropriado para as postagens. Além do conteúdo que iríamos criar em cima das campanhas já que eu havia recebido um calendário de postagens.
Após quase uma hora entre apresentação e perguntas, Orlando pareceu satisfeito. Eu estava dentro! Agora só faltava apresentar para os sócios da loja e pronto.
Como a reunião só era a tarde, me dediquei à pequenas correções no texto original. Melhorei também algumas palavras. Orlando dissera que me ligaria para conversamos sobre possíveis perguntas dos sócios e mudanças de planos caso eles não aceitassem alguma proposta.
Quando estava próximo a hora do almoço, ouvi o telefone da minha pequena mesa tocar:
— Srta. Julieta, apronte-se. Vamos conversar enquanto almoçamos.
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O local que ele me levara era muito além do que eu poderia pagar. O prato mais barato não era menos de cem dólares.
— Pode escolher o que quiser. — Ele falou sorrindo.
— Alguma indicação? — Falei um pouco desesperada já que não saberia o que pedir.
— O spaghetti alla carbonara daqui é excelente.
— Então será isso.
O garçom anotou nossos pedidos e saiu logo em seguida.
— Gostei da pesquisa que fez sobre a loja. Mostrou que você sabe por onde começar.
Sorri.
— Na apresentação de hoje à tarde eu prefiro que você apenas ouça. Eu direi que a ideia foi sua, porém eu vou apresentar por um único só motivo: talvez não saiba responder todas as perguntas.
— Porque pensa isso?
— Eu não penso. Eu sei disso. Eu estou nesse rumo a mais tempo. Eu também preparei uma proposta caso a sua não passe.
Fiquei um pouco triste por causa daquilo. Mas eu entendia que era uma conta importante para a empresa.
— Não leve para o lado pessoal. Acontece que quem é mais treinado com essas reuniões se dá muito bem. E quem não é, tende a perder o contrato.
— Eu entendo. Eu entendo mesmo.
— Fico feliz. — Ele sorri e o garçom traz uma garrafa de vinho branco — Pedi esse vinho para comemorarmos e para parabenizar você pelo ótimo trabalho.
Eu gostava do Orlando. Ele havia falando algumas coisas que realmente faziam sentido. Normalmente o chefe não quer saber muito do empregado. Mas ele foi sensacional.
A reunião com os sócios foi tranquila. Eles tinham perguntas bem específicas e percebi que se fosse realmente eu quem estivesse respondendo, iria me embaralhar. Anotei tudo com calma e atenção.
Quando tudo terminou, tínhamos a conta e com o meu projeto. Fiquei tão feliz que, por um momento, esqueci que Orlando era meu chefe e o abracei. Mas ele não pareceu se importar já que me abraçou de volta.
— Agora vamos trabalhar para fazer a empresa crescer. — Ele falou sorrindo.
Saí da sala sem me conter. Tinha feito dois colegas que sentavam nas mesas ao lado: Ada e Patrick.
— E aí? Deu certo? — Os dois apareceram em minha mesa.
— Sim! O meu plano inteiro foi aceito.
— Você tem muita sorte! — Era Patrick. — E ainda conseguiu a simpatia do bonitão.
Orlando estava passando há alguns metros, ele ia em direção ao elevador. Olhamos por alguns segundos.
— O que quer dizer?
— Você foi almoçar com ele e ele te ajudou com o projeto. — Ada estava olhando para ele.
— Ele não faz isso com todos? — Perguntei realmente curiosa.
— Com todos? Claro que não, Julie. Desde que entrei aqui, você foi a única que ele ajudou.
Senti meu corpo pesar.
— Mas como você disse que já encontrou com ele num pub não é? — Patrick deu os ombros.
— Sim! Verdade. — Falei lembrando que tinha dito. — Vai ver ele foi mesmo com minha cara.
Os dois trocaram risinhos e voltaram para suas mesas.
•
Cheguei em casa bem cansada, mas feliz pela nova conquista. Olhei para o relógio de pulso que marcava seis da noite. Já era de madrugada em Colônia. Por volta de uma da manhã.
Seria muito difícil a comunicação com Zac. Principalmente porque ele deveria estar nos preparativos para o show. No celular não havia nenhuma mensagem e nem no e-mail também.
Então realmente bateu a tristeza. Seria difícil conversar com ele naquelas condições. Mas pelo menos tinha o e-mail. Escreveria para ele depois do banho.
Obs: farei um capítulo só com os e-mails trocados.
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JULIET
RomanceJulieta é uma jovem brasileira e estudante que mora em Tulsa, em Oklahoma. Morando com seus tios simpáticos e amáveis, vê em sua prima Abgail, dois anos mais nova, uma companhia aceitável para sua solidão e saudade de casa. Sua prima, como toda moça...