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— Como foi a viagem? — Patrick estava em minha porta com duas caixas de pizza e algumas cervejas.
— Péssima. — Choraminguei após lhe dar um abraço.
— Pela sua mensagem, eu vi que a coisa saiu do controle.
Deixei ele passar pela porta e a fechei atrás de mim.
— Ainda não entendi como esse encontro aconteceu.
Peguei meu celular e entreguei com o e-mail de Zac aberto. Patrick leu tudo atentamente e depois soltou um ar.
— Ele casou com ela só porque ela estava grávida?
— Parece que sim. — Falei amuada. — Agora eu nem sei mais o que pensar de tudo isso.
— O que vocês falaram?
— Nada muito novo disso aí. — Apontei para o celular. — Eu não sei o que fazer, Patrick.
— Eu sei, Julie! Você precisa esquecer esse cara. Ele falou o que tinha que falar e você também. Está na hora de você parar de pensar num futuro que não existiu. Você está em Nova Iorque, está vivendo uma outra vida. Você não precisa ficar presa esses e-mails. E antes que negue, eu sei que você tem uma pasta secreta cheios desses e-mails.
— Como você sabe?
— Eu não sabia, mas imaginava que tivesse. — Ele deu um sorriso e eu só bufei pensando em como ele me conhecia tão bem.
— O Ike disse que não deveria fechar essa porta agora. — Falei pensativa.
— Eu tenho que discordar do Ike. — Patrick estava pensativo. — Por algum motivo o Zac só veio atrás de você agora. E me pergunto o que o levaria a fazer isso.
— Eu, Taylor e família nos encontramos no metrô naquele dia, lembra?
— Ah, é...
Abracei a almofada. Eu estava tão cansada daquele drama. Mas ao menos teve um fim. Foi tão difícil chegar até aquele momento.
— Cerveja sempre ajuda. E pizza também. — Ele me ofereceu as duas coisas e eu não pude deixar de rir.
Depois de conversar horas com Patrick, deitei na cama olhando o teto e fechei os olhos. Estava meio tonta ainda por causa da bebida.
Na TV a MTV tocava baixinho. Começou a tocar uma música que eu conhecia tão bem. Era uma música do String Theory.
"It must be the end of the road
It must be the end of you and I.. and forever too
Walking the last bridge alone
We've given up on the good times
And the bad we knewWhen I'm alone in a cold, dark room, well
There's still someone
That I can tell my troubles toMe, Myself, and I will never be alone
We'll find a way to get along
And we'll be fine
When all that's left is me, myself, and I
Myself and I will never be alone
We will find a way to get along
And we'll be fine
When all that's left is me, myself, and I."Era hora de superar. Eu sabia disso. Eu precisava me curar, precisava me ver sozinha de novo para poder viver uma vida diferente. Sem medo, sem amarras, sem lembranças vívidas, sem temer andar por Tulsa ou encontrá-lo no supermercado.
Eu havia perdido dois anos de minha vida com mágoas de um relacionamento mal resolvido.
— Eu te amo, Zac... — Falei em meio à fumaça que estava em minha cabeça.
— Eu também te amo, minha Juliet.
Pude ouvir claramente sua voz em meu ouvido dizendo aquilo. Sorri. Fazia tanto sentido quanto o fato de ainda estar apaixonada por alguém que passara tão rápido em minha vida.
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Já estava tarde quando cheguei em meu apartamento no centro. Avisei para Kathryn que dormiria lá naquele dia já que o ritmo de ensaios estavam bem intensos.
Joguei minhas coisas no sofá e vi o piano no canto. Caminhei até ele e comecei a tocar notas aleatoriamente.
"When did it start getting old?
When did it stop being worth the time
Just to see it through?
I don't wanna get used to 'It's over'
We've already said too much
To make it newWhen I'm alone in a cold, dark room, well
There's still someone
That I can tell my troubles toMe, Myself, and I will never be alone
We'll find a way to get along
And we'll be fine
When all that's left is me, myself, and I
Myself and I will never be alone
We will find a way to get along
And we'll be fine
When all that's left is me, myself, and I"Não terminei de tocar. Senti que choraria ali mesmo. Depois de tanto tempo, depois de ter segurado tudo que não tinha mais, chorei.
Chorei pelo que fomos e pelo que não fomos. Chorei ao perceber que estava infeliz. Que havia feito uma escolha equivocada e que agora era tarde o bastante pra voltar atrás. Ike tinha razão. Eu não deveria ter aberto essa porta, não deveria ter machucado Juliet. Mas eu mesmo estava me machucando.
Kathryn não me amava. Vivíamos como irmãos dentro da nossa própria casa. Eu não queria ter mais um filho com ela. Deus, como podia ter amado tanto alguém e não sentir absolutamente nada por ela hoje?
Peguei o celular e disquei o número de Ike.
— Eu preciso de ajuda.

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JULIET
RomantikJulieta é uma jovem brasileira e estudante que mora em Tulsa, em Oklahoma. Morando com seus tios simpáticos e amáveis, vê em sua prima Abgail, dois anos mais nova, uma companhia aceitável para sua solidão e saudade de casa. Sua prima, como toda moça...