0|23

1.6K 160 22
                                    

— Não acredito que você chegou no horário, Julie!

Ele estava sendo irônico. Eu estava, havia pelo menos, quarenta minutos atrasada.

— Mas eu já estou acostumado em te esperar, no meu aniversário e plantado no restaurante.

Me desvencilhei da pequena mala que trazia comigo e o abracei. Orlando havia marcado em um daqueles restaurantes bacanas que ele adorava comer.

— Não reclame muito que eu vim do aeroporto pra cá. Nem passei na minha tia para deixar as coisas.

— Eu me ofereci pra pega-lá no aeroporto.

— E perder a reserva? Você sabe que não o perdoaria.

Estávamos em um restaurante japonês super badalado da cidade. Ele estava perfeitamente vestido com terno e gravata. Tentei me arrumar o máximo possível no banheiro do aeroporto mas nunca acabava que estava arrumada o suficiente quando se tratava dele.

— Como foi a viagem? — Ele perguntou enquanto nos sentávamos.

— Extremamente cansativa, não sei porque faço isso.

— Por que você me ama e sabe que sou um bom amigo.

Sorri para ele enquanto segurava suas mãos. Era só por causa dele mesmo que voltava em Tulsa. Ele havia sido extremamente gentil quando pedi sua ajuda para trocar de cidade.

Mesmo eu tendo pouco tempo de empresa, ele me recomendou para algumas em Los Angeles, São Francisco e Nova Iorque.

Foi uma loucura me mudar para uma cidade grande, arranjar um apartamento (e fiador) e me acostumar com aquela loucura. Eu podia agradecer a Orlando que me ajudou com tudo, inclusive sendo fiador do meu apartamento.

— Trouxe alguns presentes.

— Claro que trouxe. — Ele ria. — Diga que não foi um souvenir, por favor.

— Você é muito esnobe!

Engatamos em uma conversa sobre diferenças entre NYC e Tulsa. Quase sempre ele ia me visitar em NYC e eu só havia ido duas vezes em Tulsa. E preferia assim.

— Certo, você vai me contar quem foi que fez você sair fugida de Tulsa?

— Eu não saí fugida de Tulsa. Eu só queria mudar os ares.

— Ligar pra mim de madrugada perguntando como poderia ir embora o mais rápido possível daqui não parece uma coisa que pessoas fazem quando querem mudar os ares.

— Primeiro, eu estava bêbada.

— Sim, muito bêbada. — Ele falou rindo.

— E em segundo, eu tive uma revelação que Tulsa me levaria à lugar nenhum.

— Você mente tão mal Julieta Sampaio.

— Você não sabe disso. — Ri enquanto pegava duas caixas de presentes.

A primeira tinha duas blusas sociais super bem cortadas de uma loja que ele adorava. O segundo presente era mais simples: eu andava compondo e estava aprendendo a tocar teclado. Dei a ele um CD com algumas das minhas composições.

JULIETOnde histórias criam vida. Descubra agora