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Sentia que estava melhorando. E naquela sexta, acordei pronta para ir a entrevista na Agência Table. Estava ansiosa principalmente pela super proposta de emprego.
— Tem certeza que você ficará bem? — Tia Ana estava mesmo preocupada comigo. Mas eu me sentia muito bem. Ela me olhava apreensiva enquanto terminava de arrumar minha mochila.
— Tenho sim, tia. É uma chance que não posso deixar passar. E dificilmente teria um tempo para fazê-la enquanto estivesse trabalhando.
— Eu não queria que você fosse sozinha, mas estamos tão ocupados...
— Tia... — Peguei em sua mão. — Está tudo bem. Vocês já fazem muito por mim. Estou agradecida pela preocupação mas eu sei que não precisa.
Ela balançou a cabeça.
— Ok. Confio em você.
Me olhei novamente no espelho. Estava me sentindo péssima comigo mesma. A saia que usava estava um pouco apertada. Eu não me importava muito com isso na adolescência, mas a luta contra o peso começou na idade adulta.
Não era obesa, mas estava longe do padrão ideal.
— Você está linda. — Tia Ana falou quando bufei por duas vezes.
— Eu preciso de roupas novas. — Falei sem paciência.
Beijei o topo de sua cabeça e saí depois de me despedir de todos. Como o clima estava agradável, resolvi ir de ônibus. Não era muito longe da nossa casa.
Quando sentei no banco que dava visão para janela, senti um frio gostoso na barriga. Finalmente havia aparecido uma chance real de trabalhar com algo que me identificava e amava.
Eu estava mesmo um pouco sonolenta, embora achasse que as conversas com Zac nas madrugadas fossem as melhores coisas que tinham me acontecido em meses.
De manhã cedo ele havia mandado uma mensagem:
Você é sensacional, Juliet. Vai conquistar esse trabalho em dois minutos.
Sim. Ele havia colocado o negrito mesmo na mensagem. Ele sabia que eu estava nervosa a ponto de não conseguir nem comentar.
Zac estava sendo uma espécie de "amigo virtual" e era divertido pra mim. Ele era tão alegre e tinha um senso de humor tão gostoso que me fazia querer sempre estar falando com ele. Ele me lembrava o sentimento de estar em casa. Era estranho, porém era como me sentia. Talvez fosse a saudade do meu irmão que tinha um humor parecido com o dele.
Desci do ônibus bem em frente ao prédio onde era a agência. Era grande, bonito até. Respirei fundo e caminhei em direção à entrada.
O local realmente era aconchegante. Havia uma recepção enorme com poltronas confortáveis. No canto, uma mesinha com chá e café. Pedi informação para a atendente simpática que logo me acompanhou até a sala de espera.
Haviam algumas pessoas ali também. Todos pareciam nervosos com aquela entrevista. Resolvi fazer uma prece e tentar me acalmar.
Fui a primeira a ser chamada, o que foi uma surpresa. A moça que me chamou, me acompanhou por um corredor até uma sala. Quando entramos, vi que ela era extremamente iluminada com a luz do sol. Haviam alguns quadros e uma poltrona que parecia muito confortável.
No fundo havia uma escrivaninha onde um homem escrevia algo.
— Por favor, sente-se. — Ele falou com um sorriso após alguns segundos em que eu estava em pé ali feito boba.
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JULIET
RomanceJulieta é uma jovem brasileira e estudante que mora em Tulsa, em Oklahoma. Morando com seus tios simpáticos e amáveis, vê em sua prima Abgail, dois anos mais nova, uma companhia aceitável para sua solidão e saudade de casa. Sua prima, como toda moça...