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Eu não sabia o que fazia ali naquele café. Estava totalmente arrependida de estar sentada naquela mesa depois de dois anos e gastando meu domingo para falar com Zachary Hanson.

Havia chegado mais cedo para tentar me acalmar mas era totalmente inútil. Eu estava tão nervosa que não conseguia segurar a xícara de café.

No sábado, mandei um e-mail falando que estava em Tulsa e que se ele quisesse conversar, poderíamos marcar no domingo. Recebi o seu sim.

Quando eu o vi passando pela porta da cafeteria, senti que meu coração iria parar na garganta. Minha boca ficou seca e me arrependi imediatamente. Ele pareceu me reconhecer e caminhou lentamente, de cabeça baixa.

Levantei ajeitando minha saia:

— Zachary. — Falei e ele pareceu se assustar.

— Oi Julieta. — Seu sorriso foi tímido, mas deu para ver.

Nos sentamos de frente para o outro e ficamos por alguns minutos em silêncio. Eu não sabia onde colocar minhas mãos. Ele parecia estar no mesmo dilema.

— Então... como você está? — Ele perguntou depois de engolir em seco.

— Na verdade eu não sei, Zachary. Eu não esperava passar meu domingo de viagem aqui. Muito menos com você.

— Posso imaginar como não deve ser um sonho.

Ficamos em silêncio novamente.

— Você vai voltar para NYC hoje?

— Amanhã.

Ele balançou a cabeça. Parecia procurar o que falar.

— Eu espero que não entenda mal aquele e-mail...

— Eu não entendi mal, Zachary. — Cortei ele porque não queria mesmo parecer frágil. — Eu só acho que mereço mais do que um e-mail.

— Merece. — Ele se assustou.  — Claro que merece. Eu só não poderia encontrá-la de outra maneira. Na verdade eu nunca iria atrás de você...

Ri sarcasticamente.

— Você deve me odiar. — Ele falou olhando para a mesa.

— Odiar, Zachary? Quem dera eu conseguisse! Até pra se odiar precisa entender o porquê. E eu nunca tinha entendido. Até... até aquele seu e-mail.

— Eu... eu sei.

— Eu sinto muito que nossa vida tenha seguido esse rumo. — Ri nervosa. — Olha só, eu não conseguindo passar uma semana nessa cidade, tendo que fugir de você e seus irmãos. Eu não consegui nem falar direito com seu irmão no metrô de NYC. Não era nem você, era o seu irmão, Zachary.

— Eu sinto muito, Julieta. Eu quis tanto te falar.

— Então porque não falou? — Minha voz estava carregada de mágoa. Eu sabia disso, mas não podia controlar. — Porque não disse que precisaria largar tudo em nome de um filho? Zachary, eu teria entendido.

JULIETOnde histórias criam vida. Descubra agora