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Durante os dias seguintes, procurei uma casa para ficar. Patrick me hospedou em sua casa temporariamente até me estabilizar.

Zac também estava mexendo seus pauzinhos para conseguir um apartamento para mim. Ele não dizia, mas eu o via conversando com algumas pessoas ao telefone.

Com toda essa situação chata e constrangedora, o tempo que tive para conversar com o Zac sobre nós foi quase zero. Eu era grata por ele querer me ajudar, eu nem sabia como conseguiria um lugar tão rápido.

— Como você está? — já era sexta-feira e eu estava na casa de Patrick novamente. Havia alugado uma sala em um depósito para colocar minhas coisas enquanto não achava um lugar para ficar. Mas não tinha muito dinheiro e logo teria que dar um jeito.

— Meio perdida, pra ser honesta. Toda essa história do apartamento, Orlando e Zac me deixaram atordoada.

— Você tem uma casa aqui, sabe disso né? Pode ficar o tempo que precisar.

— Eu sei, Patrick. A questão é que eu preciso de uma casa. Não posso ficar dependendo de você ou quem quer se seja.

Ele assentiu porque me entendia como ninguém. Ele também gostava do seu espaço e eu não queria atrapalhar sua vida.

Ouvimos uma campainha tocando:

— Deve ser Zac com notícias. — Patrick falou levantando do sofá.

Era mesmo Zac, ele estava com um sorriso enorme no rosto.

— Oi Patrick. — Ele entrou e caminhou até mim e me deu um beijo na testa. — Como você está?

— Preocupada.

— Não precisa se preocupar. — Ele sorriu genuinamente. — Consegui um local para você ficar.

— Conseguiu? Sério?

— Sim! Eu vim te buscar para que olhasse porque a proprietária disse que abriria para você olhar.

— Deus! Muito obrigada. Zac!

— Não agradeça. Vamos lá agora?

— Claro!

A casa era uma graça. Ficava em um condomínio fechado, mas não era apartamento. Era mais espaçosa que a antiga também. Tinha um pequeno jardim, dois quartos, banheiro, cozinha e área de serviço. E o preço era irreal de tão barato.

E a localização...

A localização era maravilhosa. E isso fazia com que eu duvidasse mesmo que aquele era o preço real.

— Eu posso ser o fiador, se você quiser. — Zac falou após olharmos todos os lugares.

— Eu não sei se é uma boa ideia, Zac. Veja o que aconteceu com o Orlando.

— Eu jamais faria o que ele fez. — Ele falou sério. Eu realmente acreditava nele, mas depender nesse sentido não era uma forma justa de começar um relacionamento.

— Zac, eu não posso mesmo aceitar. E mesmo que você nunca fizesse isso comigo, depender de você não é algo que eu quero. Talvez possa conversar com meu tio e ele ser meu fiador.

Ele deu os ombros e terminei de falar com a senhora. Combinamos que na segunda, iríamos assinar toda a papelada.

— Você quer comer algo?— Zac perguntou quando voltávamos.

— O que tem em mente?

— Na verdade... — Ele pensou um pouco. — Podemos comer no hotel, se não tiver problema pra você.

— Por mim tudo certo. — Falei enquanto olhava as lojas já se enfeitando para o Natal.

Eu também estava chateada com outra coisa. Eu estava juntando dinheiro para passar o natal e ano novo no Brasil com meu pai. Mas toda essa confusão de mudança, aluguel de espaço para as coisas e, agora, uma nova casa, eu não teria dinheiro suficiente para comprar as passagens.

— Alguma coisa a incomoda? — Ele perguntou enquanto segurava minhas mãos.

— Nada sério. Não se preocupe.

Ele ficou me olhando curioso. Claro que ele sabia que algo estava muito errado.

— Eu estou cansada, Zac. Me desculpe. — Sorri timidamente.

— Pensei que havia gostado da casa...

— Eu gostei! Sério! Eu nem tenho como te agradecer o que fez por mim. Tudo que você fez. Você é sensacional, foi mais do que imaginei.

— Mas...

— Mas... com toda essa confusão, eu percebi que não vou poder visitar meu pai esse ano. Estava juntando para comprar as passagens, mas são caras de mais. Para minha cidade eu não gasto menos de dez mil reais.

— Você sabe que posso resolver isso, não sabe?

— Não, Zac! Eu te proíbo que compre passagens para mim. Sério. Eu não quero que você pense por um minuto que eu quero que me sustente ou que faça minhas vontades.

— Eu jamais pensaria isso de você.

— É, mas não quero dar motivos. Eu trabalho muito. Zac. E tudo que eu consegui foi com muito esforço. Eu agradeço de coração que queira fazer esses atos bonitos para mim. Mas eu prefiro que não faça.

— Tudo bem, eu não vou comprar suas passagens.

— Promete? — Olhei séria para ele.

— Prometo.

Agradeci baixinho. Eu realmente não queria que ele fizesse uma loucura daquela. Sei que faria, sei que para ele não seria nada. Sei que faria de coração. Mas jamais poderia olhar sua família se ele gastasse tanto comigo.

Quando chegamos ao hotel, liguei para meu tio que topou na hora ser meu fiador. Ele chegaria no domingo e voltaria na segunda após assinar o contrato.

— Quer assistir algum filme? — Zac perguntou assim que desliguei o celular.

— Na verdade eu gostaria de comer e dormir. Será que teria algum problema?

— Não. — Ele sorriu docemente.

Eu sabia que estava nos meus piores dias, mas tentei ser o mais amável com Zac. E naquele dia apenas dormimos abraçados um ao outro.

JULIETOnde histórias criam vida. Descubra agora