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O ano novo foi no hospital.
Como a recuperação de Zac não estava sendo tão rápida quanto queríamos, embora ele já estivesse bem melhor, tivemos que transferir a festa para lá. Foi uma grande brincadeira. Diana havia levado comida para a grande família e os médicos e pacientes daquele andar. Todas as crianças estavam comportadas. Penny não saía do meu lado já que ela havia se interessado pela minha profissão.
Quando Kathryn desceu nos EUA, ela foi presa por rapto. John ficou sob os cuidados de Diana e Walker já que Zac estava no hospital. A surpresa veio porque na festa, John chegou sob os cuidados de Natalie e Taylor. E eu!
Conheci, finalmente, o filho de Zac. Era uma criança muito doce, muito brincalhona. E, Deus... ele era a cara de Zac! Não foi difícil amar aquela criança logo quando convivi vinte e quatro horas com ela. Foi quando Natalie falou que ela também tinha medo de criar um bebê quando engravidou pela primeira vez. Mas ao ver Erza pela primeira vez, sentiu todo o amor que nunca sentira na vida.
Eu estava bem. Ainda doía quando pensava sobre o bebê que eu havia perdido. Mas tudo acontece por um motivo. Mesmo que eu não entendesse.
— Ele é lindo, Zac. É você todo. A Morgs me mandou as fotos de quando você era pequeno.
— Eu estou feliz por ter vocês dois aqui comigo. — Ele sorriu para o filho que estava em sua cama e brincava com seu boneco do Max Steel.
— Eu acho que eu vou me dar bem com esse tampinha.
John olhou pra mim e falou claramente:
— Tia Julie tia Julie sabia que eu voei bem alto no avião?
— Sabia não! Me conta mais! — Perguntei puxando um assunto.
— Foi muuuuuuuito legal! Eu quero ir de novo!
— Quando eu sair daqui, filhão, vamos fazer uma viagem sabe pra onde?
Os olhinhos dele se iluminaram.
— Pro Brasil! Vamos visitar o papai da tia Julie!
Eu sorri. Tudo estava no lugar, tudo se encaixava. E mesmo que eu ainda sofresse em silêncio, tinha a impressão que essa dor jamais passaria, mas com o tempo eu me acostumaria.
•
Foram quatro longos meses entre exames, fisioterapia e luta para que Zac voltasse a andar normalmente. Mas aconteceu. Ele foi melhorando com o tempo. Já conseguia fazer alguns shows, embora apenas dois por mês.
Havia pedido demissão na empresa e devolvido a casa pagando um bom dinheiro por quebra de contrato. Patrick havia ido passar uma semana conosco também. Muita coisa havia acontecido, eu fiz isso para ajudar Zac. Estava hospedada em sua casa, ele preferiu que fosse assim.
John também já estava conosco. O processo ainda estava correndo, mas tudo indicava que Zac ficaria com a guarda dele. Vivíamos como uma família normal.
— Se três anos atrás você contasse que tudo isso iria acontecer comigo, eu riria da sua cara.
— Oh meu amor. Nem eu seria tão criativo quanto a vida. Tudo aconteceu rápido de mais.
— Diga por você. Três anos, Patrick?
— Você entendeu, sua boba. E o Zac eu deixo você amar. Ele é bom e pode entrar na listinha.
— Me sinto honrado, Patrick. — Zac apareceu com suas muletas na sala. — É muito bom ver você.
— É bom vê-lo também, Zac. Você estava dormindo quando cheguei.
— Seja bem-vindo à nossa casa. — Eu levantei para ajudá-lo a sentar.
— Obrigado. — Patrick sorriu. — Já conheci o John. Eu prometi brincar com ele.
— Então cumpra, viu? Ele pode infernizar sua estadia aqui se não cumprir sua promessa.
— Acho que vou lá agora mesmo.
Ele levantou pra ir ao quarto de John e ficamos nós dois sentados na sala.
— Como se sente? — Perguntei quando o vi colocando as muletas de lado.
— Eu me sinto ótimo. E você?
– Eu estou bem.
— Amor, não mente pra mim.
Fui pega de surpresa. Não esperava mesmo que ele percebesse as coisas que ficavam rondando minha cabeça.
— Do que está falando, Zac?
— Eu que se vejo você chorando a noite ou quando fica parada olhando para o nada? Você está infeliz comigo?
— Claro que não, Zac! Pelo amor de Deus. Eu te amo e eu escolhi ficar aqui com você.
— Mas...
Respirei fundo. Eu não queria falar aquilo, mas pelo que conhecia de Zac, ele não me deixaria não falar.
— Eu não sei... eu me sinto uma inútil sendo sustentada por você. Eu sempre trabalhei. Sempre ganhei meu dinheiro e eu sei que você não pediu nada, mas...
— Você não é inútil, Juliet. Como pode dizer isso? Você não só cuida de mim como realmente cuida do John. Você o leva para a escola, cozinha para para ele e... eu não sei o que seria de nós sem você.
Ele baixou o olhar.
— Eu sei que você vai conseguir algo logo. E eu não me importo de te "sustentar".
— Mas eu me importo, Zac. Eu te amo, eu amo cuidar de você, amo cuidar do John. E tudo isso tem mais a ver comigo do que com você.
Ele sorriu.
— Então vamos arrumar seu currículo? Tá na hora de cuidar de você também.
Sorri e o abracei.
— Eu não poderia encontrar mulher melhor para minha vida, sabia?
— Gente, o John quer subir na parede. — Patrick apareceu correndo. — Eu tive uma ideia. Preciso só de tela, barbante e corda.
— Deixa comigo! — Falei levantando e correndo ao depósito.
— Eu também quero ir! — Zac levantou com as muletas e o sorriso sapeca no rosto.
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JULIET
RomanceJulieta é uma jovem brasileira e estudante que mora em Tulsa, em Oklahoma. Morando com seus tios simpáticos e amáveis, vê em sua prima Abgail, dois anos mais nova, uma companhia aceitável para sua solidão e saudade de casa. Sua prima, como toda moça...