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Eu estava perdida. Após aquele e-mail, tudo estava claro. Mas ele também estava. Era óbvio que estávamos ambos perdidos e sem saber o que fazer.

A primeira semana passou lentamente, porém com o novo trabalho, senti uma paz sem tamanho. Estava em meu lugar e não precisaria mais sair cedo de casa e pegar dois ônibus.

Como estávamos em recesso no curso de inglês, eu tinha mais tempo para aproveitar a família também. Inclusive no final de semana que tinha tempo totalmente livre.

Meus três primos pequenos eram crianças super animadas. Jim, Lydia e Anne fazia o trio ternura. Passei a sair mais com eles para os locais enquanto meus tios faziam seus afazeres ou mesmo saíam para jantar. Eu os levava para o parque e conversava sobre tudo. Foi através dessa companhia que Jim conseguiu dar fim ao meu adaptador de tomadas.

E foi em um desses passeios no parque que recebi aquele email de Zac:

"Eu estou há poucas horas de entrar no palco e li seu e-mail. Meus irmãos perguntaram o porquê de rir para o celular feito uma hiena. Julieta Anônimos foi seu auge, Juliet.
O lugar está lotado, estamos ansiosos para entrar no palco, já orei algumas vezes e pedi a Deus para abençoar esse lugar e toda apresentação.
Mas eu queria tanto que estivesse aqui, Juliet. Não sei se é a emoção do momento, mas minha vontade é mandar buscá-la aí para podermos conversar qualquer amenidade sobre a vida.
Você é incrível, sabe? Não sei como seria minha vida sem a esperança de receber um e-mail ou uma mensagem sua.
Obrigado por ficar.

Obs.: 'There are some things I can hardly say,
You've got me feeling a brand new way,
Please don't let this be summer long."

E linkado bem abaixo do email havia uma música que eu já conhecia.

Estávamos há dias trocando e-mails como dois adolescentes bobos sem celulares. Eu adorava quando recebia aqueles e-mails. Só as notificações já me deixavam boba. Era diferente de receber uma mensagem comum. Ele falava sobre o dia, sobre onde estava, sobre como se sentia. Foi uma surpresa perceber que algo a mais tava acontecendo com ele também.

Respondi completando a música:

"All the nights and wasted time,
Trying to get my head to change its mind.
All the talk of what it could be.
When it never was."

Eu estava caída por ele. Não sabia bem quando começou aquilo. Eu adorava aquela pessoa que conversava comigo todos os dias no telefone. Mas estava mesmo preocupada com o rumo que aquilo tomaria.

Durante o restante da noite, fiquei ouvindo as músicas que que havíamos trocado por e-mail. Não quis nem mesmo sair com Lisa. Minha vontade era poder falar para ele tudo que eu estava sentindo. Mas não era justo. Não por e-mail. Não saberia o tom certo. E se eu parecesse uma serial killer? Uma psicopata? Louca da cara?

Não. Eu o esperaria. Só seria mais uma semana, não era?

Ele não respondeu meu e-mail. Nem no mesmo dia e nem no dia seguinte. Pensei em mil possibilidades para que ele não tivesse respondido. Sem tempo? Arrependimento? Ele estaria bêbado no momento em que havia mandado aquilo? A mensagem não havia chegado? Mas era impossível.

JULIETOnde histórias criam vida. Descubra agora