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❄️

— Como diabos você conseguiu que sua ligação fosse atendida?

— Simples, eu disse que era sua amiga de infância. Acho que eles acreditaram.

A entrevista havia terminado e eu peguei o celular para ligar pra ela. Ela ria alto do outro lado.

— Honestamente pensei em perguntar alguma coisa pro Zac. Quase mandei a foto do avestruz.

— Você não iria conseguir nada. É uma rádio.

— Você acha que não colocaria essa foto pra rodar pela internet?

— Você é má. — Falei rindo. Vi Arabella chegando. — Vou ter que desligar. Nos falamos depois.

Au revoiur!

— Hey... — Ela falou chegando perto.

— Oi Bella.

— Desculpa pela TV. Foi um erro mesmo.

— Tudo bem. Não pode ter sido pior que um programa brasileiro onde o apresentador se chamava Gugu. Ele perguntou se éramos virgens.

Ela riu baixinho.

— Ike... porque você não admite que ama a Morgana?

— Como?

— Eu vejo a forma como vocês se tratam. A amizade é linda, mas... vocês se amam, Ike.

— Você não sabe do que está falando. — Olhei para os lados. — Vamos lá fora.

Saímos da rádio enquanto os meninos falavam com as fãs.

— Eu não quero que a Morgana fique conhecida.

— Eu acho que você tem que parar de fingir que não ama.

— Arabella...

— Tudo bem, Ike. Eu vou sobreviver. — Ela sorriu e pegou em minha mão. — Afinal, a história de vocês começou bem antes de mim.

— Você não pode estar falando sério.

— Ike, você gravou um mixtape pra ela. Você fez um aniversário virtual. Eu sei quando estou sobrando. Eu só me envolvi com você porque pensei que estava disponível. Mas parece que não está.

Não consegui falar nada.

— O que está esperando? Pega um avião pra lá agora.

Quando o avião pousou em NYC, já passava muito de uma da manhã. Eu senti meu coração dar um pulo. Eu não sabia o que estava fazendo. Eu deveria ter ido pra casa.

Mas agora estava em sua cidade. Não dava mais tempo de voltar atrás. Eu precisava seguir em frente. Precisava confrontar o que eu sentia, mesmo que isso fosse me trazer de volta para o aeroporto.

No aeroporto pedi um uber para o seu endereço. No caminho olhava pela janela. Deus, eu estava fazendo uma besteira sem tamanho. Eu me sentia um verdadeiro adolescente novamente apaixonado por uma garota.

E mais, até uma semana antes eu estava encantado por Arabella. O que mudou? Eu estava tão confuso.

Cheguei em frente ao seu apartamento cinza e feio. Olhei para a janela de sua casa no primeiro andar e vinque a luz estava acesa. Pude vê-la pela janela cantando qualquer coisa. Não dava para ouvir muito bem a música, mas pude ver que ela estava com os cabelos presos e, enquanto cantava, fazia uma dancinha.

Sorri. E foi aí que perdi todo o medo que tinha.

Entrei pelo portão pequeno que sempre estava aberto e subi até seu apartamento. Toquei a campainha e ouvi o som com Michael Jakson ser baixado.

Quem é? — Ela perguntou apreensiva.

— O cara que fugiria com você pra qualquer lugar do mundo.

Ela abriu a porta com um rosto de surpresa.

— Ike? O que faz aqui?

— Eu não sei. — Balancei a cabeça rindo. — Eu só precisava vir aqui para fazer isso.

Então eu a beijei. E antes que ela percebesse, entrei em sua casa e fechei a porta atrás de mim. Ela retribuiu com a mesma intensidade. Eu poderia morrer de felicidade. Sua boca era exatamente do jeito que eu imaginava, até melhor.

— Eu te amo. — Cortei o beijo e falei ainda de olhos fechados. — Eu não sei nem quem eu sou, mas eu sei que sou seu.

— Oh Ike... — Olhei para ela e vi um sorriso lindo, um sorriso que eu conhecia tão bem. — Eu te amo.

Voltei a beija-la já levando-a para o quarto. Eu não queria explicar nada, não queria conversar. Eu só queria fazê-la minha.

— Eu não sabia, mas sonhei tanto com esse dia. — Falei enquanto beijava seu pescoço e o lóbulo de sua orelha.

— Eu também.

Olhei para sua orelha e e vi seu sinal. Sorri. Por algum motivo eu estava certo, eu conhecia cada parte do seu corpo sem nunca ter visto.

Deitei- na cama e beijei sua boca e seu pescoço. Tirei sua blusa e quase morri ao vê-la sem sutiã.

Eu só queria me perder naquele corpo.

Acordei no sábado e ela ainda dormia profundamente. Eu nunca havia pensado que teria algo assim com ela, não com aquela intensidade. Não naquela vida.

Eu sabia que a amava, que ela já fazia parte de mim. Que cada parte dela também já era minha. E fiquei feliz por saber que era recíproco. Fiquei feliz por ela saber que eu a amava. Foi a melhor decisão da minha vida.

Ela se mexeu, mas continuou dormindo. Eu a abracei de lado e fechei os olhos, sentindo seu cheiro e dormindo logo em seguida.

MORGANA (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora