MORGANA (CONCLUÍDA)

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☀️

Era emocionante ter os Hanson em minha vida novamente. Eu amava tanto aquela família que doía no peito. E depois do que Ike fizera por mim, eu só tinha que agradecer mesmo pela vida ter me levado para aquele lugar.

Eu amava tanto Ike. Ele era bondoso, se importava mesmo. Era sempre tão presente mesmo que distante. Mesmo que morássemos longe um do outro, desde que nos reencontramos, ele mandava vez ou outra mensagens, comentava em uma foto aleatória no Instagram ou as vezes me ligava.

Então quando abri o FaceTime naquele dia e vi que toda sua família se juntou para fazer meu aniversário mesmo há quilômetros de onde eu morava, me senti em casa. Me senti aquela garotinha de 11 anos que sonhava em ser astronauta e ir a um show do Queen. Mesmo que não pudesse. Senti novamente meu coração se aquecer. Só que agora aqueles meninos já eram todos adultos e com filhos. Até o Zac...

Fiquei deitada na cama por algumas horas só desejando estar com eles novamente, fazer parte daquela família novamente.

Meu celular tocou horas depois e vi que era Ike.

— Hey!

— Oi! Desculpa por aquela despedida... ficamos todos malucos aqui em casa.

— O bebê nasceu bem? — Perguntei me escorando no balcão da cozinha.

— Nasceu. É um belo de um garoto lindo chamado John Ira Shepherd Hanson.

— Nome bonito.

— É...

Sabia que ele estava triste, mas por algum motivo não me contava.

— Tá tudo certo mesmo, Ike?

— Na verdade não, Morgs. Eu e Nicole nos separamos já há dois meses.

— Oh, Ike. Eu sinto muito...

— Não sinta. Por algum motivo não nos dávamos mais tão certo. Mas vendo Zac tão feliz com o filho, foi como se tudo viesse de uma vez, entende?

— Na verdade eu entendo sim. Conheço bem a arte do fracasso. — Sorri tristemente. — You go through all the pain and strife, then you turn your back and they're gone so fast. And they're gone so fast. Oh so hold on the ones who really care... — Cantei com minha voz desafinada. E ouvi o riso do Ike no outro lado da linha.

— Obrigado, Morgs. É sempre bom quando alguém cita MMMbops pra você.

— Eu tive que ouvir isso por uns bons meses em minha adolescência. Faz até sentido.

— Está sendo um ano complicado, mas espero que melhore.

— Sempre melhora.

Ficamos em silêncio mais alguns segundos.

— Sabe, eu me preocupo muito com o Zac.

— Como assim?

— Essa moça, sua esposa e mãe do seu filho... ele não a ama.

— E casou com ela?

— Porque ela engravidou. Ele namoraram muitos anos mas ela foi pega traindo ele. Foi horrível para ele. Mas dai ele caiu na besteira de ter uma recaída com ela e... bom. Eis o resultado.

— Eu não acredito muito em recaídas, sabe Ike? Acho que elas servem mais para ter um motivo pra perdoar.

— Sei...

— Ele precisava casar com ela?

— Na verdade não. Ele fez isso por causa de birra da sua cabeça. Para ele, seu filho merecia uma família.

— Bullshit.

— Tentamos avisar isso pra ele. O problema é que quando ele coloca isso na cabeça... Ele ainda conseguiu magoar a pessoa que ele realmente gostava. E que gostava dele.

— Oh no... 

— Sim. Achei que ele tomaria jeito com a Julieta... Mas ele foi lá e teimou.

— Esse é o nome dela? Julieta?

— Isso. Ela é brasileira. Moça boa, simples, não é desse meio maluco ou tem o rei na barriga. Não gostamos da Kathryn por que ela sempre gosta de mostrar que tudo dela é melhor. Ela fez ele comprar uma casa distante de nós.

— Eu não imaginava que Zac vivesse isso. O que aconteceu com essa moça?

— Eu não sei. Não a vimos mais. Depois da tour mundial, ela sumiu.

— Como ele é bobo né? Cometeu um erro e tenta consertar cometendo outro.

— E você? Não quer contar essa história do noivado?

Não queria contar. Só de imaginar tudo, minha barriga embrulhava.

— Um dia quando tivermos vinho e uma boa playlist para chorar, pode ser?

— Claro. Quando se muda?

— No final do mês. Vai ser intenso, mas irei sobreviver.

— Vou arranjar um tempo para vê-la. Só me dizer quando não vai estar trabalhando.

— Será ótimo recebê-lo.

— Preciso entrar agora, todos estão lá dentro ansiosos.

— Fique bem, Ike. Obrigada mais uma vez pela surpresa linda.

— Eu quem agradeço por estar em minha vida. Até logo.

Quando desligamos, passei um bom tempo pensando nas escolhas que a gente tem para a vida. Ike havia se separado, Zac havia se casado com uma mulher que não amava.

Fiquei imaginando o que seria da minha vida se tivesse me casado com Antony. Havia pensado tanto naquilo, se teria feito a coisa certa. Ou mesmo antes. Se eu tivesse insistido mais para falar com Ike. Eu desisti tão fácil.

Talvez porque estivesse magoada por ele não ter me procurado ou desistido de nossa amizade.

Mas aquela surpresa... ele ainda era meu amigo. Eu ainda era importante para ele.

Sorri. A família Hanson era tão Minha quanto eu era deles.