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Quando alguém diz que te ama e beija outra, ela não te ama. Sempre foi isso que acreditei em minha vida. Sempre foi nisso que me segurei durante todas as resoluções e traições que sofri de ex-namorados. Todas doeram, mas nenhuma como aquela.
Eu quis que Ike voltasse pra minha vida durante mais de vinte anos. Eu sonhava com o dia que o reencontraria, que ele me contaria sobre sua vida e que teríamos nosso tipo de relação. Nunca havia pensado nele como meu namorado ou algo assim.
Mas quando ele chegou, algo em mim mudou. A forma como eu o via mudou. E isso talvez tenha sido meu primeiro erro. Achar que, por ele ser quem era, não iria me magoar daquela forma.
Entretanto a vida havia se mostrado diferente. Justamente ele, aquele que se esforçava para me ver feliz, me machucou de uma forma completa e irremediavelmente imperdoável.
A vida seguia, ela sempre seguia. De forma boa ou ruim, os dias passavam. E eu só conseguia acordar com a ajuda do despertador, mas cada dia eu menos queria acordar.
Ele não me procurou. Ele cumpriu sua promessa. E eu me segurava nisso, na certeza de que ele não estaria em minha porta para me alegrar.
Ele não me ligou, não mandou cartas, não fez absolutamente nada. Nem em meu aniversário. E assim se passaram três meses de uma rotina tão cansativa mas que esta a funcionando. Eu não havia desmoronado.
E mesmo com a bondade de Natalie em tentar conversar comigo, eu não quis mais falar no assunto. Aquele assunto doía. E se doía, não era para ser falado. E assim levava a vida. Até que um dia ela parou também de me procurar.
Os boatos do "Hanson Day" começaram a chegar como uma bomba em meu colo. Era maio, centenas de garotas se organizavam para ir à Tulsa comemorar o dia deles. Cheguei a receber um e-mail do site já que havia me cadastrado e pagava a mensalidade do fã clube. Precisava mesmo revisar minhas contas e tirar aquela inscrição.
Algo em mim dizia que eu estava sendo autodestrutiva novamente, mas honestamente eu não conseguia agir de outra maneira. Eu mal conseguia comer e todo o tempo que eu tinha era para dormir ou ficava vendo programa imbecil na televisão.
Ainda no mês de fevereiro, eles haviam vindo para NYC fazer alguns shows. Mas não soube muita coisa, não vi muita coisa, não procurei nada sobre isso.
Talvez fosse por causa do que havia passado, mas tudo que tinha a ver com Hanson me chamava atenção. Mas naquele ano a coisa tava muito estranha. Todas as adolescentes ou mesmo mães, estavam se preparando para o "Hanson Day". Eram sempre "Você sabe quando não cresceu quando tem filhos e vai levá-los para o Hanson Day".
Sempre sorria e não dizia mais nada. Normalmente as pessoas mudavam de assunto e não comentavam mais.
Eu queria extirpa-los da minha existência. Doía menos.
Não sei quando aconteceu, mas decidi me mudar de casa. O contrato havia sido renovado apenas por poucos meses e estava acabando. Talvez fosse a vontade de que alguma coisa mudasse. Qualquer coisa. Eu odiava me mudar, odiava ter que me acostumar com uma nova casa. Mas eu precisava mesmo tentar me instigar com algo e rápido.
O novo apartamento ficava um pouco mais distante do hospital, mas era um muito bom. Ele era maior, contava com três quartos e uma cozinha bem grande.

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MORGANA (CONCLUÍDA)
RomanceSerá que um amor duraria uma vida? Morgana tivera a infância muito atordoada. Como seu pai era um diplomata, viveu boa parte da vida se mudando de país e tendo que fazer novas amizades sem ao menos saber a língua. Ao se mudar para Venezuela, Morgan...