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2000Quando cheguei ao México, meus pais já sabiam da minha real intenção. Eu queria procurar por Morgs. Embora achasse muito difícil que ela estivesse ali, eu precisava ir ao seu endereço.
Munido de todo tipo de informação e um espanhol escasso, peguei um táxi em frente ao hotel e pedi para o taxista ir até o endereço que havia naquele papel sujo e já amassado.
Precisaria atravessar a cidade para chegar em seu endereço. Mas não me preocupei. Finalmente estava no México.
Quando cheguei no local e vi um supermercado, eu tive a certeza: eu provavelmente nunca mais a veria.
☀️
Dezembro de 2017Olhava para a janela do consultório como se ela fosse me transportar para outro mundo. Estava cansada, quase dormindo. Mas precisava terminar o turno.
Por sorte, os pacientes que haviam chegado naquele dia não eram de urgência. Mas o tempo passava muito lentamente.
— Com licença... é aqui que a melhor médica de Boston trabalha?
Olhei para a porta e o vi. Ele estava com uma camisa social preta e um jeans.
— Ike? — Levantei na mesma hora.
— Como vai?
Ele andou até minha mesa e eu o abracei.
— Estou bem! O que faz aqui?
— Na verdade eu vim ver uma amiga e saber se ela estava disponível para conversar.
— Falta alguns minutos para meu plantão acabar. Mas senta aí, estou com tempo livre.
Ele sentou e sorriu.
— Vai trabalhar esse natal?
— Vou. Meus amigos todos têm famílias e filhos. Eu não acho justo eles ficarem sem comemorar esse dia.
— Seus pais não vão vir?
— Não. Minha mãe está um pouco doente e... bom, eles não querem encarar uma viagem.
— Não pensou em viajar?
— É complicado...
Eu não queria contar que não falava mais com eles há anos. Talvez isso fosse gerar mais perguntas e acabasse com o clima.
— E você? O que faz mesmo aqui na semana do Natal?
— Sempre fazemos Especial de Natal. Esse ano incluímos Boston no cronograma.
— Sério? Nossa, realmente é uma surpresa.
— Quis ver como você está. E te dar isso de presente.
Ele tirou uma pasta da mochila.
— O que é isso?
— Abre.
Peguei a pasta e tirei o que tinha de lá.
— Oh, Ike! Não acredito.
Eram fotos da nossa apresentação na escola. As duas. Eles haviam contratado o serviço de foto da escola.
— Obrigada. — Abracei o envelope em agradecimento.
— Por nada. Eu encontrei na casa da minha mãe esses dias. Pensei que você gostaria de ter essas fotos.
— Eu adorei, de coração. Estou quase te dando a fora do Foo Fighters.
— Essa eu só acredito vendo.
Finalmente minha hora acabou e arrumei a mesa.
— Você quer sair para jantar? Tem um bom restaurante aqui perto.
— Eu adoraria, Morgs. Mas minha esposa está esperando no hotel. Vamos jantar em família. Mas gostaria de convida-la.
— Obrigada pelo convite, Ike. Mas dessa vez eu passo. Mande um abraço pra todos.
Ele sorriu e me abraçou novamente. Ele não era mais aquela criança estranha que eu sempre tinha por perto. Ele era casado, tinha filhos e uma família para cuidar.
∞
Na noite do Natal, a emergência estava cheia. Mal tive tempo para descansar. Com a loucura, não liguei para minha tia em San Francisco.
Duas crianças haviam se acidentado com fracas afiadas de cortar Peru. Além de uma grande quantidade de pessoas que estavam em coma alcoólico.
No fim do plantão, eu só queria tomar um belo banho quente e dormir o dia inteiro. Mas tive uma estranha surpresa ao chegar em casa.
Havia uma caixa de presentes em minha porta. Olhei bem aquém pacote e tentei ver se era de alguém ao redor. Não parecia ser. Levei para dentro de casa e o abri:
Querida Morgana,
que meu presente possa fazer você se sentir em casa como quando éramos crianças e você jantava todo dia conosco. Você sempre será uma Hanson como nós.
Feliz natal, Ike.Dentro do pacote havia um suéter branco com minhas iniciais. Havia também um pacote com vários papeis dentro. Abri-os e percebi que eram as cartas que ele havia enviado e que voltaram. Não eram muitas, mas não acreditei que ele havia guardado todo aquele tempo.
Peguei o celular e digitei:
Feliz natal, Ike!
Sabia que um dia faria parte da família MMMbop.
Você é sensacional, Isaac. Obrigada pelo suéter.
Aqui uma boa foto para você ver que valorizo os presentes dos amigos.
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MORGANA (CONCLUÍDA)
RomanceSerá que um amor duraria uma vida? Morgana tivera a infância muito atordoada. Como seu pai era um diplomata, viveu boa parte da vida se mudando de país e tendo que fazer novas amizades sem ao menos saber a língua. Ao se mudar para Venezuela, Morgan...