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☀️

Quando chegamos ao restaurante onde meus pais estavam e senti todo meu corpo ficar mole.

— Morgs... — Ouvi a voz preocupada do Ike. — Você está bem?

— Eu só estou ansiosa. — Falei olhando para baixo. Fazia anos que não o encontrava. Fazia anos que não via minha mãe.

E tudo por causa daquele maldito caso que gerou a Patrice. Aquele maldito caso que acabou comigo.

— Você tem mesmo certeza que quer fazer isso?

Estávamos em Tulsa ainda. Eles haviam viajado para o natal, porém passaram em Boston. Com toda a situação do Zac e da Juliet, resolvi ficar mais tempo. Então eles acharam melhor viajarem para onde eu estava.

— Eu preciso, Ike... Eu não posso mais fugir.

Ele olhou para mim e sorriu. Aquele seu sorriso lindo, sorriso que só ele tinha. Então me deu seu braço:

— Eu estou com você. Você nunca mais vai precisar fugir, Morgs.

Sorri. Eu amava absurdamente aquele homem. De uma forma totalmente incontestável.

Entramos no restaurante e logo os encontramos.

Meu pai estava consideravelmente mais velho, minha mãe bem mais magra.

— Eu estou tão feliz por vê-la. — Ele me abraçou forte e pude vê algumas lágrimas descendo.

Foi inevitável o sorriso. Então olhei para minha mãe que já soluçava. Mordi o lábio inferior tentando segurar o choro.

— Filha... me... me perdoa.

Ela estava tão magra, era tão pequena, tão frágil. Eu não consegui.

— Não, não. — Eu então a abracei forte, deixando as lágrimas descerem. Foi como se eu me encontrasse novamente. Senti a dor da perda, dos anos passados, das minhas novas rugas. — Eu quem peço desculpas.

Não sei quanto tempo fiquei ali abraçada com ela e chorando. Eu não esperava ficar tão emotiva, mas era uma besteira tudo aquilo.

Durante anos eu me martirizei, guardei rancor e mágoa, fiz de mim uma casa de sentimentos destrutivos. E tudo isso por causa de um deslize ridículo é um perdão que minha mãe havia dado.

Na época eu não o achava digno da minha mãe, isso me irritou profundamente.

Quando sentamos, caímos na risada. Era leve. Finalmente era leve.

— Filha... — Meu pai havia pedido para conversar comigo a sós. Estávamos andando pela calçada e indo em direção ao hotel que eles estavam hospedadas enquanto Ike conversava com minha mãe logo à nossa frente. — Eu sei que o que eu vou falar pode retroceder tudo que aconteceu hoje. Mas eu não posso esconder mais de você.

Eu o vi apreensivo. Tive medo do que ele estava prestes a dizer.

— Quando você e Ike eram crianças, eu sabia que aquilo era mais que amizade.

MORGANA (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora