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☀️

Quando me mudei para NYC, achei que me adaptaria rapidamente à cidade. Mas não foi o que aconteceu. O apartamento era péssimo, havia infiltração nos dois banheiros e eu tinha certeza que havia um rato rondando a cozinha.

Mas a verdade era que o dinheiro era muito bom e eu não podia negar nenhum centavo a mais. Mesmo que isso significasse morar na casa da Família Adams.

Desde sua separação, eu e Ike conversamos por telefone quase que diariamente. Mas com a turnê do String Theory chegando, a única chance que ele aparecesse em NYC seria se fosse para se apresentar mesmo. Mas tudo bem, eu não estava muito animada para recebê-lo com meu apartamento tão feio.

Ele havia feito com que eu passasse meu endereço para caso quisesse passar há qualquer hora. Só havia pedido para que avisasse por causa do trabalho.

E o trabalho era diferente também. Agora eu só precisaria clinicar e em casos extremos de emergência em parto. Então estava mais feliz com meu novo horário. Duas vezes no mês eu faria plantão e tudo estava certo.

Olhei para o local que quase caía aos pedaços e pensei em meu pequeno apartamento em Boston.

— Que se foda tudo... — Falei impaciente e pegando minha cigarra de vinho e deitando no sofá.

Acredito que já estava na segunda garrafa de vinho enquanto assistia qualquer clipe da Madonna no canal de músicas.

Ouvi a campainha tocando como se fosse no vizinho. Fiquei acompanhando o clipe, mas ela era insistente. Provavelmente teria problema com o vizinho.

Meu celular tocou e eu atendi meio grogue:

— Alô?

— Morgs? Você está em casa? Me deu o endereço e na casa tá tocando "Crazy for your" nas alturas.

Oh my God... — Levantei do sofá e caminhei até a porta a abrindo logo em seguida. — IKE!!!

— Wow! Parece que você está mesmo animada.

— O que está fazendo aqui? — Senti minha língua enrolar.

— Vim fazer minha visita a você, como disse que faria.

— Entre nessa porcaria de apartamento, por favor.

— Ok. — Ele riu nervoso. — Bom... como vc está?

— Triste... — Falei sentando no sofá. — Sabe, Ike, eu vim de Boston atrás de um emprego com mais dinheiro. Vi esse apartamento na AIRBNB achando que seria uma maravilha pagar 3 mil dólares para morar perto do trabalho... mas eu odiei.

— Então porque não se muda?

— Ike... Ike... meu querido Ike. — Eu fui para o seu lado e olhei bem em seus olhos. — Eu já paguei seis meses.

E caí na gargalhada. Ele tirou a garrafa de vinho da minha mão.

— Você está arrependida de ter pagado o apartamento e odeia ele, é esse?

— Isso. — Amuei. — Mas a culpa é minha já que eu não vim olhar antes.

— Isso tá errado, Morgs. Posso ter o número do proprietário?

— Não, Ike! Eu me resolvo aqui. — Falei irritada. — E se eu for me mudar, vou ficar louca de novo. Eu odeio me mudar...

E odiava mesmo. Meu pai havia me traumatizado com aquelas mudanças repentinas.

— Certo. Você precisa de um café bem amargo para diminuir esse porre.

Ele pegou em meu braço e me levou até a cozinha.

— Onde é que estão as coisas aqui?

— Ike... — eu falei colocando a mão na cintura. — Você está errado!

— Estou? — Ele perguntou rindo enquanto procurava algo para fazer o café.

— Está sim, caso não saiba, eu sou médica.

— Sério? Não imaginava.

— Pois é. E sabia que para curar ressaca, tem que ser café bem doce?

— Não diga... — Ele ainda não olhava para mim.

— IKE!

— O quê? — Ele tinha o rosto diferente.

— Não tem café. — Disse com um risinho.

— Oh Morgana... — Ele colocou uma mão na cabeça e a outra na cintura. — Vamos, vou te sentar. Você vai ficar quieta até melhorar ou dormir...

Eu comecei a rir e ele realmente parecia estar rindo da minha situação.

— Não ri de mim!

— Você está bêbada. E parece uma criança mandona!

— Não pareço não!

— Se você diz... — Ele deu os ombros. — Por que está bêbada?

— Comemorando a casa nova... YEY! — Falei desanimada. — Tudo saiu errado.

— Você chegou aqui há pouco tempo, tem que ter paciência.

— Eu não sou paciente como você, Ike... eu não sei ser... legal.

— Morgana, pare com isso.

Fiquei meio calada enquanto Madonna cantava na TV.

— Eu queria ser a Madonna.

— Queria? Prefiro você...

— Queria! Talvez ela não fosse tão... argh...

— Não fosse tão o quê?

— Tão perdida.

Aquilo havia saindo de forma espontânea. Eu mal sabia o que falava. Somente saía.

— Você se sente perdida, Morgana?

Sometimes... — Fechei os olhos. — Principalmente quando lembro do Antony.

— Antony... seu ex?

— Eu fiz tão mal pra ele...

— Morgs, eu preferiria que me contasse isso sóbria. Não quero que se arrependa de nada.

Balancei a cabeça.

— Porque não me avisou que viria? Eu não teria bebido...

— Eu quis fazer uma surpresa, mas você quem me surpreendeu.

— Ike, Ike, Ike...

— Oi Morgs! — Ele segurava o riso.

— I like you! — Falei com um sorriso sincero.

— Meu Deus, Morgs!

Você beijaria a Michelle?

Que Michelle?

Aqueeeeelaaaa lá que correu com medo do rato.

Eu já havia perdido o controle. Ike me levantou.

— Você precisa de um banho.

Ike, Ike.

Oi Morgs.

Ele olhou em meus olhos.

Não vai embora nunca mais?

Então apaguei.

MORGANA (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora