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❄️

Patrice realmente havia passado de todos os limites. Ao chegarmos na delegacia, Patrice estava lá rindo da cara dos policiais.

— Wooooow, o casalzinho chegou, foi? Agora já estão se comendo?

Segurei Morgana para não avançar em cima dela. Ela estava mesmo transtornada.

— Como você faz isso, Patrice? Prostituição de menores?

— Eu não as obriguei a virem até a mim. Eu comecei bem mais cedo que ela! — Ela deu os ombros.

— Vem, Morgs... não fala com ela. — Falei baixinho em seu ouvido e andamos em direção à sala do delegado.

Vocês dois são uns hipócritas! São uns nojentos! — Ela gritou para nós dois e me virei para ela. — Aposto que se eu fizer com jeitinho, você deixa ela e vem pra mim em dois tempos.

Deixei Morgana sentada na sala e pedi licença ao delegado e voltei para onde Patrice estava:

— Olha aqui, sua vagabunda! Escuta bem o que eu estou falando: eu farei de tudo, absolutamente tudo para você apodrecer na cadeia. Você está acostumada a receber tudo de mão beijada, pegar dinheiro dos outros e humilhar quem quer o seu bem. Eu jamais largaria Morgana por você justamente porque você não é metade do que ela é.

— Ui! Ficou bracinho foi?

— Não. Você não me viu bravo.

E antes que eu perdesse todo o controle, voltei para a sala.

— Desculpe, eu precisava falar com ela.

— O que ela fez, senhor? — Morgana estava mesmo nervosa.

— Nós estávamos investigando um grupo que agia em Beverly Hills e adjacências. Os clientes principais eram empresários que vinham aqui do Oriente Médio. As garotas tinha entre nove e treze anos.

Oh my God...

Não pegamos apenas ela, mas ela quem deu mais dificuldade. Queremos saber se vocês têm algum advogado em mente...

— Não. — Morgana falou firme. — Eu não vou gastar mais um centavo por ela. Eu tentei muitas e muitas vezes.

— Morgs... você não acha que os seus pais devem saber? — Perguntei após vê o delegado assentir com pesar.

Ela parou um pouco e me olhou.

— Eu posso falar com ele, caso queira.

Ela pegou o celular na bolsa e me entregou o celular desbloqueado. Eu sabia que ela não estava bem. Falar com seu pai não ia melhorar aquela situação. Pedi licença e saí da delegacia. Precisava mesmo de um cigarro e acendi um enquanto ligava para ele. A noite estava muito escura e fria.

Levei o celular a orelha enquanto tragava e esperei:

Alô? Morgana? Filha?

Sr. Parker? Oi, aqui é o Isaac, filho dos Hanson, lembra de mim?

Isaac? Da Venezuela? Claro que lembro meu filho. Aconteceu algo com Morgana?

— Não, não. Ela está bem, pode ficar tranquilo. Mas estamos aqui na delegacia e sua outra filha está com problemas.

Patrice? — Ouvi um pesar em sua voz. — O que ela fez dessa vez?

Resumi tudo que aconteceu. Falei que ela havia me chantageado, que vendia drogas e tudo mais. Ele ouviu tudo em silêncio.

Isaac, eu peço desculpas e posso te reembolsar esse dinheiro agora mesmo.

— Não, não precisa. Já faz tempo e eu só gostaria que soubesse o que está acontecendo.

Acho que mimamos muito essa garota. — Ele parecia frustrado. — Eu vou ligar para o meu advogado aí na América e peço para ele resolver tudo.

— Tudo bem, então. Mas Sr. Parker... se ela sair com facilidade, ela voltará a sair e fazer a mesma coisa. Ela precisa mesmo saber que suas atitudes tem consequências.

Você tem razão, meu filho... eu vou conversar com Ana e decidiremos o que vamos fazer. Com certeza irei para NYC amanhã mesmo.

— Obrigado por entender, Sr. Parker...

Como está... como está Morgana?

Aquilo me quebrou um pouco. Ele parecia culpado por tudo, eu não sabia o motivo deles terem rompido, mas ele não me parecia ser indiferente.

— Ela está com raiva de Patrice.

Ela ainda tem raiva de mim, não tem?

— Sr. Parker, ela nunca me contou o que havia acontecido. Nunca me pareceu certo perguntar também.

Eu imaginei que não conversasse sobre isso. Eu fico feliz que vocês tenham voltado a ter o contato.

— Eu amo sua filha, Sr. Parker. Eu esperei tempo o bastante para reencontra-la. Eu também não fui um grande amigo...

Filho... me desculpe. — Fiquei alguns segundos sem entender. Ele parecia que estava chorando. — A culpa disso tudo é minha.

— Como assim, Sr. Parker?

Eu não queria que vocês se tornassem amigos. Eu via o quanto ela te amava e eu temia tanto que isso se tornasse um problema...

— Do que você tá falando?

Eu pedi para ser transferido para o México. Eu anotei o endereço errado de vocês. Eu fui o culpado por vocês se separarem.

— Porque o senhor fez isso?

Eu a vi sofrendo, Isaac. Eu vi que aquilo não era normal, que aquilo era mais que amizade e ela era uma criança. E você também. Vocês estavam se perdendo nesse sentimento louco.

— Nós éramos crianças! Você estragou a nossa vida durante vinte anos? Simplesmente por medo do que "poderia acontecer"?

Eu errei. Eu me arrependo amargamente. Principalmente depois que perdemos o contato.

— É por isso que ela te odeia?

Não. Ela não sabe disso. Se ela souber... Ela jamais me perdoará. Foi um erro tão idiota.

— Eu preciso desligar. — Falei seco.

Por favor, não conte à ela. Eu me arrependo tanto...

— Não é segredo meu para que possa contar. Mas é bom que você mesmo conte ou isso jamais sairá de sua cabeça.

Eu sei, meu filho.

Desliguei o celular e dei a última tragada, apagando o cigarro na sola do sapato.

Holy shit...

MORGANA (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora