Capítulo 6

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Rugge

Ficar sentando esperando sem saber ao certo se ela vem, não é uma coisa legal. Eu escolhi esse lugar porque era onde sempre vinhamos nas sextas na hora do almoço. Era uma cafeteria muito bonita por sinal. Com cores claras e alegres, tinha um balção extenso com varios bancos altos e do lado oposto, por toda a extensão da enorme parede de vidro haviam mesas com sofás que as rodeavam tornando-as individuais. Todas dando visão à rua. Em exceção à uma que ficava mais ao canto onde o vidro era coberto por uma propaganda colada, o que impedia que nos vissem pelo lado de fora. Aquela era nossa mesa de sempre.

Depois de 30 minutos esperando eu já começava a duvidar se ela realmente viria. Será que ela tinha esquecido qual era o lugar? Será que ela não queria me ver?

As minhas perguntas automaticamente cessaram quando avistei ela entrando pela porta. De calça jeans e uma camiseta cinza com o desenho de um coala na frente, de boné rosa e óculos escuros. Logo atrás vinha o segurança.

- Oi - Me cumprimentou chegando à mesa. Era visível o receio dela em estar ali - Jonas você pode tomar um café ou comer algo enquanto espera.

Ela falou para o segurança e o mesmo assentiu sentando proximo ao balcão nos deixando à sós.

- Que bom que veio - Falei dando um meio sorriso - Eu não sabia se você lembraria do lugar.

- Eu não esqueceria daqui, eu adorava fugir da minha mãe nas sextas pra comer panquecas - Ela sorriu e aquilo me fez ter lembranças boas de quando éramos amigos.

- Bom... hoje não é sexta-feira, mas podemos pedir panquecas!

- Ok - respondeu abrindo ainda mais o sorriso.

Fizemos nossos pedidos e não demorou muito pra chegar. Conversamos sobre algumas coisas e estava sendo bom passar aquele tempo com ela.

- Lembra quando você e o Agus tentaram competir quem colocava mais marshmallow na boca?

- É claro que eu lembro! Foi o dia que você riu tanto que saiu água pelo seu nariz.

Rimos juntos e eu pude perceber o quanto sentia falta dela, dos sorrisos, das brincadeiras, da paz que ela transmitia. Por uma coisa estúpida haviamos nos afastado e aquilo tinha sido a pior escolha!

- Ruggero... - Ela me chamou e eu a olhei - Porque estamos aqui? Quer dizer... nós não somos mais amigos e não nos falávamos há mais de um ano...

Ela enfim havia chegado na pergunta que tanto protelei para que fosse feita. Eu não teria outra oportunidade. Era agora ou nunca!

- Eu sei que parece estranho falar isso agora depois de tanto tempo mas... - Estiquei minha mão e peguei a dela que estava em cima da mesa - Eu sinto sua falta Karol.

- Acho que é um pouco tarde pra isso Ruggero - Ela puxou a mão da minha e expressava uma fisionomia séria - Aliás é tarde desde o dia que a Candelária veio pra cima de mim e você não fez nada! Se o Gastón não tivesse a segurado, sabe-se lá o que ela teria feito comigo!

- Karol eu...

- Não Ruggero! - Ela me interrompeu e nesse momento pude perceber que seus olhos brilhavam pelas lágrimas que ameaçavam cair - Eu tinha acabado de dizer que estava apaixonada por você e a unica coisa que você fez foi permitir que sua namorada me ferisse e me difamasse para todo o elenco!

Ela tinha razão em cada palavra. Quando ela me contou que estava apaixonada, eu fiquei sem reação. Quando dei por mim Gastón estava segurando Candelária que gritava aos quatro ventos que Karol era uma vagabunda e que estava dando em cima de mim. Falou até que se ela não tivesse entrado no camarím Karol teria tirado a roupa. O que não era verdade, e eu como um belo covarde não desmenti nada, apenas a tirei de lá deixando a Karol sozinha chorando. Desde aquele dia a maior parte do elenco deixou de tratar ela normalmente, a olhando com desdém, como se ela tivesse cometido algum crime. Ninguém nunca soube da verdade, quem continuou amigo dela foi porque não acreditaram no que Cande falou. E eu me sinto um completo idiota por tudo isso.

- Eu sempre me anulava pra agradar aos outros, mudei muito para que fosse aceita por pessoas que na primeira oportunidade se afastaram de mim quando eu mais precisei - Ela já estava com o rosto vermelho enquanto lágrimas escorriam descontroladamente de seus olhos - Você não pode simplesmente chegar e dizer que sente minha falta! Você ficou quase 1 ano dividindo o palco comigo e teve tempo suficiente pra desmentir tudo e voltar a ser meu amigo e você não fez! Então agora ja é tarde demais!

Karol abriu a bolsa deixando o dinheiro em cima da mesa e foi embora seguida pelo segurança. Na minha covardia eu já tinha perdido ela uma vez. E novamente pela minha covardia eu havia permitido que ela fosse embora.

Quando o destino quer - RuggarolOnde histórias criam vida. Descubra agora