KAROL
Não consegui prestar atenção em nada do que Chiara e Agus falavam comigo. Meu corpo estava alí ao lado deles mas minha atenção estava focada em Mike e Rugge conversando. Os dois tinham uma expressão séria no rosto.
Não foi possível entender o que falavam até Ruggero se alterar e começar a gesticular com as mãos. Apenas a última frase foi audível quando Ruggero se levantou: "Respeita minha escolha se é meu amigo". Logo depois ele já estava ao meu lado tentando disfarçar a mágoa visível em seus olhos.
O ensaio em grupo correu dentro do que poderia ser considerado normal para o momento. A musica já estava definida e coreografada. Não era algo muito grande, era mais como um posicionamento de cada um no palco para não esbarrarmos ou algo assim durante a apresentação.
Ruggero me levou de volta para casa e fiquei feliz quando ele disse que ficaria comigo essa noite. Eu realmente não gostava de ficar sozinha. Ele colocou o carro no estacionamento do prédio e subimos até meu andar. A porta do meu apartamento ficava quase em frente ao elevador, e assim que o mesmo se abriu nos deparamos com um arranjo de flores e uma cesta de café da manhã no meu tapete de entrada.
— Foi você? — Perguntei para Ruggero.
— Não Kah, fiquei com você o dia inteiro lembra? Mas se eu soubesse que queria algo assim teria te mandado! Devo ter ciúmes?
— Claro, não sabe que tenho mais de 10 milhões de admiradores? Talvez tenha sido algum deles — Brinquei.
Ruggero estreitou os olhos me olhando e passou por mim indo até a cesta.
— Vamos ver logo quem mandou — Falou pegando o pequeno cartão e lendo em voz alta — "Felicidades ao mais novo casal".
Peguei o cartão de suas mãos e passei os olhos procurando o remetente.
— O quão rápido o Agus é capaz de espalhar uma fofoca? — Peguei a cesta do chão e abri a porta de casa.
— Não acho que ele tenha tido tempo — Rugge o defendeu, entrando logo atrás de mim e indo guardar algumas compras que havíamos feito, na cozinha.
Coloquei a cesta em cima da mesa de centro da sala e me pus a examinar o interior dela.
Haviam muitos doces, torradas, biscoitos, geléias e frutas. Bem no centro o que chamava a atenção era uma pequena caixa preta vernizada, muito bonita por sinal. Peguei a delicada peça na mão e a analisei. Haviam pequenos furos nas laterais e nossos nomes adornavam a tampa em alto relevo dourado.
— Como alguém teve tempo de fazer isso? — Falei sozinha, passando os dedos sobre a escrita muito bem desenhada.
Levantei devagar a tampa, removendo-a por completo, dando visão ao seu interior. Uma mistura de pânico e nojo tomaram conta de mim. Com o susto joguei o objeto do outro lado da sala, causando um barulho quase tão alto quanto meu grito.
Ruggero veio correndo da cozinha ao me ouvir.
— O que foi? — Perguntou me tirando do canto do sofá, no qual eu havia me encolhido e me abraçou.
Não consegui pronunciar nenhuma palavra, então apenas apontei para onde havia atirado a caixa. Ele me soltou novamente no sofá e foi até onde apontei se agachando e pegando-a. Ao perceber o que era a largou imediatamente
— Quem foi o idiota que mandou isso aqui?.
RUGGERO
O grito que a Karol deu na sala fez com que eu largasse tudo o que estava fazendo e corresse até ela. Encolhida no sofá, com o rosto pálido e as mãos tremulas, e assustada. A puxei para meus braços e perguntei o que tinha acontecido. Ainda em choque ela apontou para o lado oposto de onde estávamos. Me separei dela e caminhei até o objeto pegando-o. Assim que o levantei, me assustei com o que vi e larguei no chão novamente cobrindo o animal.
— Quem foi o idiota que mandou isso?
Olhei para Karol e ela apenas abanava a cabeça indicando que não sabia enquanto voltava a se encolher no sofá.
— Vou resolver isso — Tentei acalma-la.
Me aproximei novamente e por sorte a enorme aranha de cor escura manteve-se na caixa. Peguei a tampa que havia caído mais a frente e a fechei com cuidados
※※※
Depois de algumas horas de uma inútil conversa com o síndico para tentar descobrir quem deixou a cesta, do controle de animais levar o bicho e de ter-mos feito um Boletim de ocorrencia ao descobrir que podíamos ter morrido com a picada da aranha, enfim o silencio dominou o apartamento. Karol estava exausta e parecia ainda assustada pelos ultimos acontecimentos.
— Como ta se sentindo?
— Eu não sei — A voz trêmula ao responder denunciava o choro que ela estava segurando — Só fico pensando que a qualquer momento algo mais vai acontecer… O que vão mandar da póxima vez? Uma cobra?! Meu Deus Rugge, esse foi só o nosso primeiro dia "oficial" de namoro e ainda nem contamos para os fãs! O que vamos fazer?
— Vamos passar por cada obstáculo de cabeça erguida como sempre fazemos! Se quiserem mandar o zoológico inteiro, que mandem! Eu viro o Indiana Jones se precisar para proteger a minha Marion*! A menos que realmente mandem cobras, por que assim como ele eu odeio as serpentes!
Karol jogou a cabeça para trás e soltou uma de suas gargalhadas. Minha missão de anima-la foi cumprida com sucesso.
— Você não se parece com o Harrison Ford de 1981*², e nem tem cara de Indiana Jones — Falou ainda rindo.
— Vou fingir que não estou ofendido com seu comentário — Enlacei a cintura dela a encaixando novamente em meu peito pelo que parecia ser a milésima vez naquele dia. Ultimamente alí no aconchego dos meus braços, havia se tornado o lugar dela. Onde se sentia segura e protegida. Onde eu também sentia que poderia cuida-la. — Quando desci para falar com o síndico, passei no meu carro e peguei uma coisa.
Fui até a porta e peguei meu violão que havia escorado na parede quando entrei.
— Vem — A chamei e me sentei no sofá. Ela pareceu estremecer quando sentou a meu lado, talvez pela lembrança do que aconteceu horas atrás, mas logo respirou fundo e se acalmou — Deixa a musica te levar Kah.
Comecei a dedilhar os acordes no violão e ela sorriu para mim aprovando a escolha da musica. Era uma de suas preferidas.
Quando chegou no refrão ela já parecia mais calma e leve. Em momento algum cantei. Esse seria o momento dela. Alí de olhos fechados enquanto a musica lavava sua alma.
"… Llegará diciembre,
sigués en mi mente,
Fueran seis meses y
por fin volveré a verte…"A cada palavra cantada o rosto dela se iluminava mais. Logo a expressão triste foi substituida por uma contente.
Depois de terminar a música, coloquei meu velho amigo de lado, deitei com ela no sofá e acariciei seus cabelos até que ela pegou no sono. Novamente estávamos no nosso lugar de conforto. Um nos braços do outro.
※※※
Observações:
*Marion Ravenwood é uma personagem da franquia Indiana Jones (Esposa do mesmo no filme), sendo interpretada por Karen Allen.
*² Harrison Ford é um ator americano de 76 anos, conhecido mundialmente por atuar como o próprio Indiana Jones na franquia de filmes de 1981 até 2008.
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Eu sei, eu sei... to devendo capítulo... não me julguem, é final de semana e eu to aqui escrevendo pra vcs então estamos quites 😂
O que acharam desse capítulo? Eu particulamente teria morrido com um presente desses!
Desconfiam de quem pode ter enviado?
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Quando o destino quer - Ruggarol
FanfictionO quanto o destino é capaz de intervir em nossas vidas para colocar o verdadeiro o amor em nosso caminho? Quantas vezes precisamos cruzar com essa pessoa para nos darmos conta de que temos que ficar juntos? Karol e Ruggero atuaram e cantaram juntos...