Capítulo 49

108 16 0
                                    

      Era manhã cedinho quando Esther acordou, lá fora chovia e o tempo estava fechado

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

      Era manhã cedinho quando Esther acordou, lá fora chovia e o tempo estava fechado. Ao espreitar na janela, sentiu certo desanimo. Não que hoje tivesse que ser um dia reluzente, mas ela não esperava um dia assim, tão pálido, chuvoso e sem graça.

         Aceitando o que tinha pela frente, arrumou a cama e despiu seu pijama, indo para o banho. Ligou uma música da Melanie Martinez e cantarolou enquanto a banheira enchia. Jogou sabonete liquido e mexeu a água com força, fazendo muitas bolhas e espuma. Entrou na água e tentou relaxar para o dia que viria. Ela tentava não pensar em nada, demorou mas conseguiu relaxar. 

Música: Melanie Martinez - Pity Party

      Em seguida, lembrou com saudades do pai e até da mãe, pensando se eles estivessem ali, como seria. Desanimada, seguiu para seu quarto a fim de se arrumar. Vestiu um vestido roxo escuro, sua cor favorita. Deixou o cabelo solto, vestiu sapatilhas e seu colar favorita, uma estrelinha prateada. Pronta, ela saiu do quarto quietinha, seguindo pela escadas. 

      Ela conseguiu ouvir Spalding na cozinha, usando liquidificador. Ela seguiu por outra direção, pelos cômodos que ninguém lembrava e frequentava. Seguindo o corredor, chegou a uma porta. Pegou a chave que ficava em baixo do tapete e destrancou o porão. Desceu as escadas e haviam três portas, duas delas de material muito resistente e a outra de ferro. Ela foi na porta do meio e abriu, essa era de puro aço, nada poderia derrubar. Ao abrir, o cheiro forte de decomposição falava mais alto. Estava frio ali, pegou uma roupa térmica pendurada ao lado da porta e vestiu com certa pressa. Agora bem equipada, seguiu até os freezeres. 

         Pé ante pé, ela ia devagar, com receio de ver o que veria. Não que já não tivesse ido ali muitas vezes, mas já fazia alguns meses. Desde que Thiago apareceu. Ela podia ter contado a ele, mas havia se esquecido. Agora se perguntava: (Será que se soubesse, ele viria aqui? E se viesse, ficaria feliz ou não reconheceria aquele corpo como seu pai? ). 

        Esther parou á frente de um enorme freezer, puxou a tampa e então viu o que tinha lá dentro. Eram apenas pedaços congelados de restos humanos. Não tinha cabeça, eram pedaços em sacos plásticos transparentes. Ignorou e fechou a tampa. Sabia que ali, haviam três freezeres para isso e outros dois. Seguiu para os mais separados. Abriu a tampa e viu. Seus olhos se enxeram de lágrimas, ela pegou o cadáver congelado e com delicadeza, tentou puxar para fora, mas era muito duro e pesado. Triste e com medo de quebra-lo, ela se conteve em passar a mão em seu rosto. Chorando, ela soluçava enquanto dizia: 

_ Oh pai, eu sinto tanta saudades suas! Tanta, tanta!!! Como foi que isso aconteceu, hein? _ Dizia ela, fitando o cadáver de Hugo Boss, sua pele era de um tom roxo azulado, seus olhos fechados, a boca rosa forte, seu terno bem passado, embora congelado também. Seus dedos entrelaçados, sua expressão de estar dormindo. Ele tinha um cheiro muito forte de podre. Afinal, estava morto há quatro anos, quase cinco. 

_ Você não pensou que eles fossem caçadores? O que tem na cabeça de receber gente estranha em casa?! Você podia estar vivo agora, Kelly também... Talvez Tiago não tivesse aparecido, ou talvez sim. Mas o foco aqui, é que eu preciso de você. Onde você está quando eu preciso?! _ Esther chorou descontrolada, soluçava alto e seu rosto embora protegido por um material em volta da roupa que a mantinha quente, estava ficando embaçado. 

         A garota ficou ali um bom tempo, chorando só, pensando como seu pai estaria agora naquele momento. Imaginando como teria sido um dia seu verdadeiro rosto, porque aquele rosto era apenas de um homem qualquer que Hugo comeu e trocou de pele. Mas o corpo em si, era dele. A garota por fim fechou a tampa e se despediu. 

       Ao voltar para porta de onde veio, passou pela outra caixa. Ela foi até lá, abriu e fitou Kelly Miller, sua mãe. Ela estava congelada também, o cheiro era insuportável, sua pele opaca e ao mesmo tempo azulada com roxo. Seu cabelo perfeitamente alinhado entre seu peito. Seus lábios eram carnudos, porém avermelhados com veias saltadas. Seus olhos fechados, usava um vestido azul muito bonito e elegante. Suas unhas eram bonitas, seus dedos entrelaçados como um cadáver deve ficar, junto ao peito. Ela chorrou. Sua cabeça latejou forte, Esther tombou no chão e relapsos de memórias vinham a sua mente. Aquele dia, aquele maldito dia onde sua vida mudou totalmente. 

_ My Lady! Venha, eu ajudo. _ Disse Spalding preocupado com a garota caída no chão. 

_ Fill! _ Ela começou a chorar, mas não saía lágrimas nem som. 

      Spalding ajudou-a a sair dali, tirou a roupa térmica dela e deixou pendurada no cabide, trancou a porta e a admirou com pena. Ela tremia, não de frio, mas de medo. Alguma coisa aconteceu com ela ali, Esther havia caído. ( Será que ela se feriu? Será que lembrou do assassinato dos pais? ) Spalding pensava muita coisa, mas deixou seus pensamentos para acalmar a garota. 

        Ele levou seu braço ao ombro da garota, tentando abraça-la, protege-la do que fosse que a fizesse se sentir mal. As duas portas, guardavam suas histórias. Uma delas era o porão, totalmente reformado e mais forte. A outra, uma pequena sala de fornalha. Para queimar restos e corpos de quem não pudesse simplesmente enterrar. 

      Eles subiram as escadas, Spalding trancou a porta que dava acesso aquilo e seguiu pelo corredor, indo para o rall de entrada com a menina. Ela parou de andar, fitou o criado e o abraçou, soluçando e chorando. Era um abraços daqueles que só se dá em pessoas muito especiais. 

_ Fill,obrigado por ser tão bom comigo. E me desculpe, por ser tão chata com você. _ Dizia ela em pequenas pausas, soluçando. 

_ Está tudo bem. Você é a menininha da família, My Lady. Venha, eu fiz algo bem gostoso e especial para você. _ Disse ele dando um beijo na testa da garota que ele cuidou há tantos anos que a considera sua neta. 

     Eles continuaram andando chegando até a sala de jantar, onde Esther teve uma bela surpresa de aniversário. Afinal, não é todo dia que uma garota faz 13 anos, ainda mais em um sexta-feira treze. E ela, não era qualquer garota. 

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Oii oii pessoal! Como vão? 

Então, parece que esse capítulo guardou muitos sentimentos... 

Espero que tenham gostado. 

Até o próximo! 

Bjocasss da Bruxa! 

Os Descendentes do Metamorfo - LIVRO 2Where stories live. Discover now