A cadeira de balanço era de uma madeira bruta, bem lixada, sua cor era castanho e lembrava o tronco de uma árvore. Ela rangia ao ser balançada pela garotinha que estava sentada nela, lendo um livro de literatura que contava a história de uma bruxinha que não voava na vassoura. Ao longo da história, ela conhecia outros personagens e passavam por momento engraçados e de amizades. A garotinha folhava o livro, lendo com alegria e segurava sua bonequinha de pano, sua melhor amiguinha. Distraída em sua leitura, Phillomena nem percebe que seu irmão estava em prantos, fitando a bola de cristal, secando suas lágrimas silenciosas com seu paninho de seda.
Fill Spalding estava comovido com o que acabará de ver: o reencontro de sua querida e amada Menininha com seus pais. Ele estava muito feliz por ela, por todos na verdade. Ele pegava o paninho ao lado da bola de cristal e o óleo especial, limpava a bola e esfregava com carinho. De olhos fechados, ele largava os produtos e mentalizava quem queria ver. E ao abrir os olhos instantes depois, ele viu. Tiago e Rosa estavam sentados em uma toalha no chão da floresta. Perto de onde ele havia morrido. Eles almoçavam, esperando por Esther voltar. Estavam felizes, conversando, ouvindo música baixinho, lembrando bons momentos que passaram em família. Ele sentiu um apertinho no peito ao ouvir Tiago dizer que ele era como um vó para ele. E que ele lamentava muito por ele ter morrido. Rosa lhe confortava, dizendo que onde quer que ele estivesse, ele saberia que eles o amavam e que sentiam imensa falta dele. Da companhia, da sua confiança, dos seus ensinamentos e principalmente da sua comida deliciosa.
Spalding sorriu feliz, soprando de leve a bola de cristal, desejando muito que eles sentissem aquele ventinho como uma brisa suave, um abraço de longe, mas ainda era um ato de carinho. Eles se abraçaram e Rosa comentava sobre como acreditava que aquele vento vinha dele. Justamente como um oi e um abraço. Contente por vê-los felizes, Spalding novamente limpou a bola de cristal, sentindo que tudo que pode ele fez para ajudar. Seu coração estava leve e sua consciência também em relação a família que tanto amava e cuidou como pode.
Esfregando novamente a bola de cristal, ele desejou rever Esther e seus pais. Eles estavam juntos, felizes, nadando naquele lago límpido e belo da floresta encantada de Gaiathyn. Eles se divertiam jogando água uns nos outros. Era algo lindo de se ver. Ele se sentia vitorioso, porque mesmo não tendo levado-a diretamente até eles, foi graças ao seu sacrifício que eles puderam estar juntos novamente.
Sim, ele estava morto. Mas estava feliz no céu. Ele descobriu tantas coisas que nunca imaginou serem reais ou possíveis. Na terra, ele era feliz como mordomo, mas não era a mesma coisa. Ele não podia ficar com a pessoa que amava, seu destino não era traçado para ficarem juntos. Ele fora criado para servir, parte de seu coração era destinado a família para qual trabalhava. O amor não era paciente. Ele exige urgência, disponibilidade; amor é amor, ele quer e merece ser sempre o privilegiado. Mas quando se ama de verdade, nem a morte apaga a chama. Amar é um risco pelo qual vale a pena, quando as duas partes estão em sintonia para vive-lo.
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Os Descendentes do Metamorfo - LIVRO 2
HorrorO Metamorfo é uma criatura que se alimenta de Humanos. Após um confronto direto, os Descendentes se unem com bruxas para trazer seu pai de volta do mundo dos mortos. Mas o que eles não esperavam, era precisar da ajuda de uma quarta pessoa, sim, a Pr...