Capítulo 99

79 7 1
                                    

   O caminho até o destino parecia ainda mais longo naquelas circunstâncias

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

   O caminho até o destino parecia ainda mais longo naquelas circunstâncias. A garoa se intensifica a cada quilômetro percorrido. O vento batia forte, a umidade embaçava o vidro do Uber. O motorista era calado, o que era bom de certo modo. Não seria nada agradável alguém que fosse um tagarela em um momento daqueles. Mas o silêncio naqueles minutos solitários pareciam lhe envolver em um abraço.

   Rosa chorava baixinho, debruçada atrás do banco do motorista. Ela estava encolhidinha, como uma concha. No rádio, uma música tocava em um volume baixo.

Música: Steven Tyler- Amazing

    O homem ao perceber que a moça chorava ainda mais, decidiu aumentar o som, a fim de abafar o ruído do choro. Ele não saberia como conversar para acalma-la, então decidiu por ficar calado. Com a música mais alta, ele julgava que ela se sentiria menos desconfortável. Ele não costumava se importar com os clientes, mas também não queria uma má avaliação na corrida. Então fez o que julgou ser o melhor.

   Ao chegar ao destino, Rosa desceu do carro um pouco depois do homem sair. Ela tentava se recompor, mas não conseguia. Ela estava em um momento frágil, o choro era inevitável. Ele já tinha deixado as malas na frente da porta da casa quando ela saiu do carro. Sua cara estava avermelhada, evidenciando suas lágrimas que ainda se formavam no canto dos seus belos olhos azuis esverdeados.

-Obrigado. Tenha um bom dia Senhor. - Agradeceu ela sem jeito, entregando uma nota de cinquenta dólares, uma bela gorjeta para uma carona de dezenove dólares.

-Obrigado eu moça, melhoras. - Agradeceu o homem sem ser indiscreto. Pegou o dinheiro e encaminhou-se para o carro, a fim de voltar ao trabalho. Já pensando em dar uma pequena pausa, para um café bem quente do outro lado da rua.

  A Bruxa tirou as chaves de um bolsinho da parte de dentro da bolsa que carregava. Estava velha, desbotada, bem acabada. Mas era a sua favorita. Por ser grande por dentro, cabia muitas coisas. Mesmo sem necessitar na maioria das vezes de tais objetos, ela sempre gostava de carrega-los junto. Para o caso de precisar, em qualquer necessidade ou mera exibição, para quem quiser ver. Ela abriu a porta da casa que conhecia tão bem, mas aquele cheiro de casa fechada, esquecida, parecia ter lhe preenchido a respiração.

   Recolheu suas coisas com um pouco de dificuldade. Estavam bem pesadas e duas delas tinha arrebentado a fivela principal que puxava. Deixou tudo ali mesmo, em frente a porta, do lado de dentro da casa. Ligou as luzes e foi abrindo as janelas. Embora ainda chovesse, cada vez mais forte, ela não queria ter que respirar aquele ar de casa fechada. Fitou tudo a volta. Estava vazio. Uma casa vazia era tudo que tinha além de suas muitas malas.

Os Descendentes do Metamorfo - LIVRO 2Where stories live. Discover now