Capítulo 97

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      O ar estava frio, úmido, as árvores chacoalhavam ao ritmo do vento da madrugada

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      O ar estava frio, úmido, as árvores chacoalhavam ao ritmo do vento da madrugada. A floresta já era assustadora de dia, a noite pareciam estar dentro de um filme de terror. O céu sem estrelas, as nuvens pareciam se amontoar para formar mais uma chuva passageira. Yonkers estava silencioso, era como se tudo que é vivo desse uma pausa para se despedir. Mas era apenas coincidência. Na floresta, a família chora, ajoelhado ao corpo de uma garota que tinha muito para viver ainda. Mas o poder do mal, havia vencido e destruído mais uma vez aquela família.

Hugo estava de joelhos no chão, mesmo sentindo uma dorzinha incomoda por estar assim há muito tempo, isso não importava. Aquela dor não se comparava com a do seu coração. Nunca imaginou em toda sua vida e pós morte, que um dia passaria por aquela situação. Velar um ente querido sempre pareceu ser algo doloroso. E de fato era, mas há muitos anos ele não passava por tal experiência.

A primeira pessoa que perdeu foi sua vó paterna, completamente diferente do filho dela, dona Elisa era gentil. Um doce de pessoa. Sempre com um sorriso aberto no rosto, tudo que ela mais gostava na vida era fazer uma comidinha boa e receber elogios. Mas além dos elogios, ela gostava mesmo era daquela cara de felicidade que todos tinham no final de cada refeição.

Já fazia tantos anos, ele era apenas um menino, tinha onze anos quando sua única vó se foi. Ela já era sozinha, seu marido tinha morrido antes de Hugo nascer, então ele não conseguiu conhecê-lo. Pelo que todos diziam, ele era um homem simples, dava mais valor a família do que ao dinheiro. Ele era um homem muito inteligente, brilhante na verdade. Era um professor de história que sonhava em ser um explorador, mas nunca conseguiu de fato se aventurar. Um infarto lhe levou antes que pudesse conhecer os lugares que tanto queria.

Foi uma grande perda pelo que soube, o pai de Hugo era muito próximo ao pai dele. Mas ele era um homem que desde pequeno era semente ruim. Já demonstrava que queria fortuna, vida boa, sem se importar em passar por cima dos outros. E ainda jovem, foi embora de casa, com o nariz empinado, jurando que seria muito rico e que nunca mais colocaria os pés naquela casa. E assim o fez. Nem quando o pai morreu ele foi visitar a mãe em casa. Combinava encontros em restaurantes caros, finos e por fim, sempre saia mais cedo que o previsto, era muito oculpado com seus negócios. Já a esposa, sempre prestativa e amável, visitava a sogra com frequência e levava o filho, para que fizesse um bom agrado.

Ninguém da vizinhança entendia como o pai de Hugo podia ser daquele jeito: amargo, ruim. Todos se chocavam com a falta de amor que ele demonstrava ter. E quando a vó morreu, Hugo nunca mais voltou naquela casa. Ficou vazia, triste. Tal como o coração do seu pai e posteriormente, o seu, até encontrar Kelly e constituir uma família. Uma alegria, um bom motivo para ser um homem de bom coração.

Mas agora, ali, diante do corpo da sua menininha, nenhuma dor fora tão sofrida. Tão dolorosa, para lhe preparar para esse momento tão triste em sua vida. Hugo já havia passado por muita coisa, ruim de fato, mas nada o fortaleceu para esse momento. Velar um filho é doloroso. Principalmente ainda criança, sendo uma morte absurdamente inaceitável.

Os Descendentes do Metamorfo - LIVRO 2Where stories live. Discover now