Des sentiments (feelings)

2K 187 75
                                    

"Freedom, falling, the feeling

That I thought was set in stone

Slip through my fingers, trying hard to let go"

Waves - Dean Lewis

Amélie P.O.V

A dor é intensa. Meu coração se parte em um milhão de infinitos pedaços.

Michael.

- Michael...

Seu nome engasga em minha boca, mas Pierre se limita em me arrastar escada abaixo, forçando a testemunhar uma barbárie. Apesar de tudo que fez até o momento, vê-lo daquela forma me quebrou. Os criados de Tommy, aqui e ali, sem vida, Grace abraçada ao filho, John caído ao pé da escada, Arthur imóvel no meio do saguão, Finn...

Há um choro profundo entalado na garganta que começa a sair, pavor, terror.

As lágrimas descem gordas pela bochecha. Crio forças sobrenaturais para me soltar desse troglodita que chamo de pai e o encaro, furiosa. 

Sem conseguir me conter, começo a estapear seu rosto, tapas e socos em seu braço.

- POR QUÊ? Por quê fez isso? - a raiva escapa, entrecortada de soluços.

- Eu? -pede ele, me olhando, aquele olhar de sempre, superior, soberbo. - Foi você quem abriu as portas para mim querida, quem me chamou profundamente pedindo para ser salva, nada disso seria possível sem você.

Arfo, arregalando os olhos e virando a cabeça para todos os lados, isso não era possível. Uma urgência de me machucar cresce, começo a coçar meus braços com força, puxo alguns fios de cabelo.

- Impossível, impossível. - é tudo que consigo repetir. - Não era isso que eu queria.

Sem aguentar mais, corro para fora da casa, sem saber por quanto tempo, entro na mata e continuo, a manhã nasce e eu morro. Meus pés sangram e a energia se esvai, só há o vazio, a decepção, tristeza.

Paro de correr e caio às raízes de uma grande árvore, agarrando com força a terra fofa e preta, quebrando algumas unhas por conta do contato com as rochas do solo.

Mais uma vez a morte me achou, e mais sangue estava em minhas mãos, insuportável, imperdoável.

Ergo o olhar para o topo das árvores e inspiro profundamente, cerrando levemente os olhos. Decidida, fico de pé e retiro minha camisola, era comprida e iria servir.

Escalo até o galho mais firme, amarro a peça firmemente nele e passo em volta do meu pescoço, apertando ao ponto de engasgar, garantindo que não se partisse antes do meu objetivo ser concluído. Por breves segundos, encaro a mata, ouço o silêncio e sinto a culpa. E então, pulo.

O sufocar é terrível, sinto que algo se partiu e sei que é meu pescoço, convulsiono por alguns segundos, sinto a vida se esvair de mim, e não há mais nada depois disso.

- Acorda!

- Acorda!

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Forced Marriage ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora