¨And she never wanted to leave, never wanted to leave¨
Jenny of Oldstones - Florence And The MachineAmélie P.O.V
Desnorteada, quando acordo tateio procurando por apoio, indo de encontro surpreendente à algo macio e caloroso.
Esfrego os olhos e me obrigo levantar, dando de cara com um quarto rústico e simples. É possível ver uma grande árvore pela janela do cômodo, e a cama range quando fico de pé, caminhando até o centro do lugar.
Girando em meus próprios calcanhares, respiro com dificuldade, estou apavorada. Aonde eu estou? Quem me trouxe até aqui?
Mordo os lábios, aflita, indo até perto da janela, olhando para baixo vejo dois homens firme como pedras guardando a entrada da casa. Tem duas portas, uma pode ser o banheiro e outra a saída. Decido tentar aleatoriamente, dando de cara com um vaso sanitário, chuveiro e pia. Tudo ali parecia sujo, e não consigo evitar de retorcer a cara em desgosto ao ter que urinar em um lugar daqueles.
Indo para a outra porta, esta se encontra destrancada, o que é estranho. O corredor ao qual ela dá está mergulhado em silêncio, até que o barulho da madeira solta de um degrau me denuncia, e os sequestradores aparecem. Todo o sangue que tenho no corpo desaparece.
Diante de mim, eles riam e comemoravam.
Michael P.O.V
O grito estridente que veio de fora do bar me fez saltar, quem mais além dela poderia ser?
Derrapo ao me jogar para fora do pub, em tempo de ver Amélie sendo jogada na traseira de um camburão, homens armados entrando e fugindo logo em seguida. Mesmo de arma em riste, e atirando algumas vezes, era inútil.
Tommy e os rapazes me observam enquanto me deixo derrotar, caindo de joelhos no chão e socando várias vezes a lama podre que cobria a camada dura de cimento da rua. Ainda furioso, vou para casa, sem nem discutir sobre o assunto.
Já ao abrir a porta me veio um sentimento nunca antes imaginado.
Solidão.
Ela tinha partido nem bem meia hora e eu já estava completamente abatido. Sento na poltrona da sala de leitura, pegando um livro que estava por cima da mesa de descanso, e o reconheço. Foi o romance que leu na primeira noite, a noite em que nos conhecemos, bem ali naquela sala agora vazia e sem vida. Por que eu me sinto assim agora, observando o cômodo com a fraca luz morna do abajur de canto acesa, que tem um toque seu em cada canto, esse livro é um belo exemplo disso, e a falta que ela faz é ensurdecedora.
Gotas salgadas de água escorrem, algo que só Amélie consegue tirar de mim. Passo as mãos desesperado pelo rosto, tentando suprimir todas essas emoções confusas que estão jorrando para fora, como se uma comporta de barragem tivesse sido aberta.
Para onde ela teria ido?
Narrador P.O.V
Já fazem três dias desde que a esposa de Michael fora sequestrada.
A família Shelby tremia diante o silêncio ensurdecedor de seus inimigos, e ansiavam por sangue como nunca antes. Quem teria ousado levá-la?
De boca em boca, o boato se espalhou, e logo uma onda de terror se espalhou por Small Heat. Toda noite, os primos iam de porta em porta, de vila em vila, atrás de qualquer pista sobre o paradeiro dela.
No quarto dia, passando por uma comunidade mais afastada ao sul do condado durante a tarde ensolarada, eles decidiram parar em um pequeno casebre. Havia uma senhora recostada em uma cadeira de balanço na varanda, acariciando um gato.
Thomas Shelby retorceu o nariz, ele não era particularmente fã de animais de estimação.
Mas Michael não, ele fixou o olhar com as mãos no bolso, absorto em pensamentos, certamente assustando a velha com seus ferimentos de briga com John na noite do baile, antes de tudo acontecer. Sua aparência estava desleixada, os cabelos grandes demais para um cavalheiro, que era como gostava de se considerar ao lado da mulher.
Com uma breve conversa e uma surpreendente imploração da parte de John por ajuda, a velha chamou a filha de dentro da casa, uma garota franzina e de olhos grandes e medrosos. A menina lhes disse que notara algo estranho alguns dias atrás, quando fora ordenhar a vaca no fundo da propriedade. Contou que a casa há muito abandonada dos antigos vizinhos agora parecia ser habitada de novo, mas que ainda não descobrira por quem, vira apenas carros caros parados em sua frente.
Aquela informação fizera o peito de Michael disparar, esvaziando toda a carteira, dólar por dólar, como forma mísera de agradecer pela ajuda. Sem pensar duas vezes, ele disparou na direção indicada pela senhora, mas foi detido por Arthur, que aconselhou que ficasse de tocaia por algumas horas até que fosse comprovada a teoria de que este poderia ser o cativeiro da esposa. Mesmo com muita teimosia e negação, ele tornou por ceder, e a família se escondeu no meio da densa floresta que cercava a propriedade, pagando a velha e sua filha para esconderem o carro para que não fossem descobertos.
E enquanto tudo isso acontecia, Amélie chorava inconsolável no escuro, acorrentada ao pé de uma cama, com um prato de sopa fria ao seu lado. Era um choro silencioso e contínuo, simplesmente acontecia, descontroladamente, com um fluxo frequente de gordas lágrimas de dor e medo.
Seu algoz entra no cômodo e suspira irritado, ela não havia comido nada desde que a trouxera ali. Para completar, ainda havia tentado fugir, matando um de seus guardas com o abajur que lhe dava luz.
Claro que ele teve que puni-la.
Depois de dispensar seus capangas, ele a acorrentou e surrou até que desmaiasse. Ela precisava aprender à respeitá-lo, afinal ele a amava acima de tudo. Só queria o melhor pra ela.
Passadinha rápida para o biscoito diário.
Não deixem de conferir minhas outras obras e de deixarem comentários e estrelinhas <3
VOCÊ ESTÁ LENDO
Forced Marriage ✔️
RomanceRomance, tragédia e vingança. Essa é a vida de Amélie hoje. No final, as coisas sempre fogem do controle de quem mais o deseja ter. Peaky Blinders e seus personagens não me pertence, porém a ideia e todos os personagens originais sim. - Iniciada no...