Take care

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¨Without you I'm just cold¨

Cold - James Blunt

Amélie P.O.V

Dói tanto, mas dói tanto, não se compara em nada com o que Aidan me fez. 

Vem de dentro de mim.

A porta é aberta, revelando um marido branco de susto. Sem querer eu choro, desesperada por sentir um turbilhão de coisas ao mesmo tempo. Com velocidade e cuidado, ele me pega no colo, me ouvindo sussurrar baixinho por ajuda.

Tudo que sei é que estou oscilando entre acordar e apagar.

Finalmente recupero a consciência por completo, despertando em uma cama macia e um quarto cheio de luz. Ao abrir os olhos, vejo Michael adormecido na cadeira ao lado de onde estou, de braços cruzados e cabeça rente ao peito. Isso me emociona, saber que ele está ali comigo, que foi me procurar mesmo quando poderia se ver livre, voltar para a vida que conhecia antes da grande bagunça que eu sou.

O barulho que tento reprimir acaba por acordá-lo, sobressaltado, pegando em minha mão e tocando meu rosto.

- Meu amor, como você está?

Aquela frase me derrete toda, fazendo o choro vir mais forte ainda.

Não demora um segundo para que corra pela sala aos berros por um médico, e quando este chega, só consigo rir e balançar a cabeça envergonhada, ainda chorando.

- Senhora, vamos realizar alguns exames... - inicia uma enfermeira com sua equipe.

- N-não. - nego, ainda nesse estado. - Eu estou bem. - seguindo com uma gargalhada.

Eu sei que todos me observam agora, com feições pasmas e preocupadas, como poderia rir depois de tudo? Aos poucos vou me acalmando e refletindo sobre tudo que aconteceu desde a descoberta de Saphire e apesar de tudo isso, o que mais me incomodou foi o fato de ser corna.

Um arrepio me percorre, buscando deixar meu corpo em estado de estresse. Lembro do beijo que partilhei com John, de Vicky sangrando em meus braços. 

Foi uma sequência de fracassos sem fim. A culpa queima em meu peito, tornando difícil engolir a saliva que está acumulada na boca, como as coisas se resolveriam depois disso? Aidan atrás de mim foi sua pura obsessão doentia por um relacionamento jamais correspondido ou uma ordem de cima?

Olho novamente para Michael, absorvendo um milhão de coisas antes escondidas sobre ele. Antes de conhecê-lo eu era inocente, fraca, tola, com ele eu sou passional, explosiva, as coisas que me eram importantes parecem distantes depois de ser levada ao limite de todas as formas possíveis, sem ele a vida parecia fria e sem cor.

Verdade seja dita: ele era viciante, como uma droga. Eu sempre queria mais, que me maltratasse, que me amasse, beijasse e fosse tudo aquilo que ele é, eu simplesmente me via viciada nele.

Mas tinha algo que estava alheio a esse certo de ideias e preocupações, o que seria? Minha barriga ronca, me fazendo questionar há quantos dias foi minha última refeição decente.

E é aí que vem o que estava faltando nas minhas ideias.

O bebê.

Ontem tinha tanto sangue pelo chão, as surras, Deus... como estaria o meu filho? Sobressalto-me na cama, agarrando uma das enfermeiras pelo braço.

- O meu bebê, ele está bem? – peço, com os olhos pegando fogo.

- Sim senhora, seu filho está firme e forte, apesar de alguns sustos que você levou. – diz ela, se sentando ao meu lado e chamando para perto um médico grisalho.

- Doutor Earl, muito prazer senhora Gray. – se apresenta ele. – Essa criança passou por alguns maus bocados, mas realizamos alguns exames e tudo parece estar conforme o esperado, não existe motivo para preocupações futuras enquanto você ficar de repouso , beber bastante líquido e comer com mais frequência refeições ricas em nutrientes que vocês dois vão precisar bastante a partir de hoje.

Ouvir aquilo me deu uma paz de espírito nunca antes experimentada. Foi como se todas as minhas preocupações, medos, problemas, tudo desaparecesse.

- Quando poderei ir para casa, quero descansar... – suspiro, recostando no travesseiro gigante que estava atrás de mim.

- Se quiser pode ir hoje mesmo. – finaliza ele com um sorriso amigável. – Espero não vê-la aqui antes das consultas de rotina senhora Gray.

- Somos dois então. – concorda Michael, se sentando novamente na cadeira ao meu lado.

Pouco a pouco, a sala vai ficando vazia novamente e só restamos nós dois. Quero lhe dizer tantas coisas, mas naquele momento isso exige mais do que eu consigo fazer.

- Vou arrumar suas coisas, em breve já estamos indo. – Michael diz, indo em direção à uma mala no canto do quarto.

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