I miss her

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¨Without you on my body, I'm sorry, I'm sorry

I don't mean to be desperate

Or pretend that I'm not torn¨

Cold - James Blunt

Michael P.O.V

Dois dias.

Fazem dois dias desde que minha esposa foi levada.

Não consigo pregar o olho, sequer pensar em outra coisa. O medo tem sabor e forma em minha boca, me mantendo sempre em modo de completa atenção. Mesmo exausto, continuo revirando a cidade em busca de respostas, e cada vez que entro no quarto e tento descansar, tudo que consigo fazer é rolar de um lado para o outro, sentindo seu cheiro pelo ar.

Na obrigação de trocar de roupa, encontro um terno com um fio de cabelo seu dentro do closet. Pego aquele pequeno pedaço dela e o analiso contra o sol. Ela poderia tê-lo perdido esta manhã, momentos atrás, se estivesse aqui. Isso basta para me fazer desabar em mais uma sessão de choro, agarrado ao fio.

Mesmo que tente me distrair com trabalho, os números apenas voam pelo papel, nada consegue me fazer parar de pensar nela.

Alfie Solomons ficou sabendo do acontecido, e misteriosamente ofereceu sua ajuda. A troco de quê? Bem, segundo ele, Amélie o tratara muito bem todas as poucas vezes as quais se viram no escritório, bastante atenciosa e preocupada em resolver o máximo de problemas que pudesse. Aquilo me enciumava mas entristecia ainda mais, ela era assim... carinhosa e dedicada.

Depois de seis meses ao seu lado, finalmente posso concluir o que meu coração sempre quis mostrar.

Eu a amo.

Sua ausência me torna azedo, mau-humorado, estressado e acima de tudo, infeliz.

- Temos uma pista. - Alfie entra na sala, onde fazíamos uma reunião sobre o acontecido. Imediatamente fico de pé, ansioso. - Um homem está bebendo no bar do Larry agora e se gabando sobre ter pegado uma moça, ah, nas palavras dele... com todo respeito Michael. - põe as mãos no peito, fechando os olhos e fazendo uma careta. - Muito gostosa e boazuda.

Só podia ser Amélie. Qual mulher mais mortalmente bela do que ela poderia ter sido ¨pega¨ tão coincidentemente?

Ninguém tem tempo de digerir a informação, eu já estou correndo como nunca antes até o bar, que não ficava duas quadras daqui. Ao chegar, com um empurrão escancaro a porta, chamando atenção de todos no recinto. Alfie chega logo depois, tocando em meu ombro e ofegando, enquanto eu nem sinto se estou respirando ou não, tamanha força do ódio que me move.

- Ele ali. - aponta ele.

Sem pensar duas vezes, avanço, jogando o homem contra a parede.

- Vai me contar agora sobre a garota que você ajudou a sequestrar. - a arma treme em minha mão livre enquanto a outra apertava sua camisa.

A surpresa nos olhos dele denunciavam inocência e amadorismo. Se ele ajudou a sequestrar Amélie, não deve ser mais do que um mero capanga, alguém contratado para usar a força bruta por alguns trocados.

Por alguns segundos eu vejo a dúvida em seus olhos, contar ou não?

- É fácil pra caralho, parceiro. - Alfie se intromete. - Conte e viva. Não conte, não viva.

- Foi um tal Aidan quem me pagou! - confessa rápido, sem pensar duas vezes em arriscar o próprio pescoço. - Me desculpe senhor Shelby.

Tommy o olha com uma expressão indecifrável. Quem era Aidan?

Amélie P.O.V

Ele estava voltando, eu sei por que ouço os passos pesados na escada. Cambaleantes, de um lado para o outro, de um lado para o outro...

Quando a porta se abre, imediatamente todo o meu corpo se arrepia, alarmado. Aidan trás consigo uma faca e um prato, não sei bem como reagir, ele era imprevisível e perigoso. Eu sou tão burra, como não vi toda essa obsessão antes? Ele nunca fez questão de esconder o desagrado que tinha ao me ver perto de qualquer outro homem.

Novamente a vontade de chorar nasce, mas tento engolir aquele bolo de medo e pavor para dentro de novo, só precisava aguentar mais um pouco, eu sei que ele virá...

- Você vai comer, senão vai ficar fraca querida. - diz Aidan, colocando o prato de forma carinhosamente bizarra ao meu lado. 

Ele passa a mão em meu rosto, aquela mão nojenta e podre, de forma involuntária me afasto, recebendo um tapa como recompensa.

- Não dificulte as coisas, Amélie. - pegando a comida com a mão, ele a enfia forçadamente em minha boca, me impedindo de cuspi-la. - Coma. - fala, repetindo o gesto novamente. - Coma. - e de novo. - Coma. - e mais uma vez.

Por um instante ele para, me observando tremer. Eu engoli aquilo, mas logo tudo volta, me obrigando à vomitar ruidosamente no chão ao meu lado. Não consigo parar de chorar.

Sou uma burra. Sou uma burra. Sou uma burra. Sou uma burra.

Eu só consigo repetir isso em minha mente ao vê-lo repudiar abertamente aquela ação involuntária. Aidan se levanta e puxa meus cabelos, empurrando minha cabeça de encontro ao chão sujo com os restos de comida que me obrigara à comer. Coloco as mãos no chão, tentando impedir que fizesse o que queria, mas foi em vão, ele era muito mais forte. Passou meu rosto e cabelos, murmurando sobre sujeira o tempo todo, e só consigo chorar como a inútil que sou.

Quem era eu pra acreditar que conseguiria derrubar meu pai? Que poderia ser feliz? Ou livre? Amada?

Depois que me permite escapar, ele pega a faca em punhos, agarrando novamente meus cabelos enquanto me debato. O pavor de ser esfaqueada me toma conforme a lâmina se aproxima, fazendo com que uma válvula que meu corpo desconhecia se abrisse, me levando a urinar tudo que não havia podido desde que chegara ali, ele me proibira de ir ao banheiro, e evitava ao máximo me dar água.

Sou uma burra. Sou uma burra. Sou uma burra. Sou uma burra.

É óbvio que aquilo só o enfurecera ainda mais, pois finalmente concluíra seu ato cruel de maldade, forçando a faca por toda a extensão, me levando para um grito silencioso de horror.

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