Epílogo

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Do outro lado da rua, posicionados no mesmo local onde estiveram quando Gael e Estela se viram pela primeira vez, Antônio apoia a ponta do seu guarda-chuva no chão e, olhando para Pedro, diz com orgulho:

— Esses dois nos deram bastante trabalho. Acho até que mereço umas férias depois disso.

— Férias, é? — diz Pedro. — Essa foi boa, porque pelo que me lembre, nós dois temos um acordo.

— Não se preocupe, eu vou cumprir com a minha parte de vigiar a porta do céu. Sou um santo de palavra.

Olhando o casal prosseguir de mãos dadas pela rua, Antônio continua a falar:

— É, ainda não acabou, mas agora só depende deles... Algo me diz que isso vai dar em casamento.

— E não é o que a maioria das pessoas vivem lhe pedindo? Quer saber de uma coisa, Antônio? Isso ainda não acabou, mesmo.

Dito isso, Pedro ergue a cabeça e, abrindo os braços, sussurra em direção ao céu, que o responde com um tímido chuvisco, que logo aumenta de intensidade. No mesmo instante, Antônio abre o seu guarda-chuva e sorri ao presenciar o casal correndo de mãos dadas pelo meio da rua.

Despedindo-se da cidade, os dois caminham com suas reais aparências pela Praça do Pantheon. A alguns metros de distância, Antônio reconhece Yuri ao vê-lo sair da prefeitura em direção à praça. Com isso, para na intenção de observá-lo.

Depressivo e frustrado com as promessas de emprego não cumpridas por seu ex-candidato eleito, o pobre homem senta no banco  e ingere as últimas gotas da garrafa de pinga que carrega consigo.

De repente, Pedro que não havia parado de caminhar, ouve o ex-admirador da Estela dizer:

— Pô, Pedrão. Será que não dá pra colaborar um pouquinho comigo? Precisa dessa chuva toda pra intensificar ainda mais o fracasso de ser humano que me tornei?

Ao olhar para trás, o santo se depara com Yuri encostado no banco, com a cabeça erguida em direção ao céu. Pouco a pouco, a chuva cessa, convertendo-se em gotas serenas e apaziguadoras. Antônio, por sua vez, volta a estampar um sorriso no rosto por entender que teriam uma nova missão pela frente.

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