Surpresas entre estações

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Eu voltei para casa quando ficou tarde.
Pensei em ir até a delegacia mas me senti extremamente envergonhada para isso.
Como já era de se esperar, ele pediu desculpas no dia seguinte e eu disse que aceitava, mesmo sentindo uma adaga presa no meu peito.

Não contei a ninguém sobre isso e desejei muito o colo da minha mãe, ela saberia o que me dizer.
Mas eu não podia ir para a ilha, porquê não podia largar meus sonhos inacabados em Seul.

Eu estava indo bem no jornal e acabava esquecendo meus problemas enquanto escrevia e focava nas matérias.
Chae Young percebeu que eu estava mais triste que o comum e me levou para beber um certo dia que Kayo estava fora a trabalho.

Comida apimentada e álcool era realmente a combinação que eu mais gostava.
Depois de bêbada Chae me levou para a casa dela, já que não sabia onde eu morava e eu me negava a dizer, alegando que tinha monstros lá.
Acabei chorando no colo dela e contei o que aconteceu.

- Você tem que contar pros seus pais, Hee Ji. Você não pode ficar com ele. - ela me deu um sermão bem grande e depois me confortou. Acabamos dormindo abraçadas e eu me senti muito bem naquele momento, mesmo tendo o coração partido.

Eu simplesmente não conseguia deixar Kayo. Algo me prendia a ele. Não sei ao certo se era orgulho, sentimento de posse, atração sexual ou amor. Talvez um pouco de tudo, tirando o ultimo item. Esse acrescente na pasta de "papéis de troxa da Hee Ji".
Acreditava que amava ele Ainda e que não saberia viver sem ele.

Os ataques de nervoso e as agreções continuaram acontecendo.
Tudo que eu fazia era motivo para que ele jogasse as coisas na minha cara e me batesse no fim.

- Eu dei tudo que você tem, Hee Ji. - ele sempre dizia.

A inocente Hee Ji sempre chorava e depois acabava constatando que a culpa era dela mesmo.
Em todas as vezes eu tinha meu coração despedaçado e continuava juntando meus cacos, numa esperança ilusória de que a felicidade iria chegar.
Antes eu tivesse juntado e dado um fim naquilo, teria evitado muita coisa, mas meu orgulho era maior.
Jo Hee Ji podia salvar seu relacionamento!

Já verão quando minha mãe veio me visitar. Tentei segurar as lágrimas quando ela me abraçou ainda na porta do apartamento, mas foi impossível.
Coloquei a culpa na saudade e no estresse do trabalho, falando que meu namorado era incrível.

Kayo sempre me comprava com alguma coisa depois que aprontava.
Mostrei para minha mãe os presentes, dizendo que ele sempre me dava do nada, sem motivos, apenas para me ver sorrir. Era o que eu dizia a mim mesma para tentar apagar as merdas que ele fazia comigo.

- Leva seu namorado na ilha, Hee Ji. Seu pai está bravo que você não teve um casamento adequado. - ela disse antes de se despedir.

- Eu vou levar, mãe. Só é difícil termos uma folga longa juntos.

- Você precisa trabalhar menos, minha filha, não deixe as coisas que realmente importam de lado. Lembre-se disso.

- Vou lembrar mãe. - eu sorri mas foi um sorriso doído. Queria simplesmente me abrigar no colo da minha mãe e não deixar ela partir mais.

Kayo chegou de viagem no dia seguinte, trazendo flores, chocolate e um anel de noivado. Eu realmente não esperava por isso.
Ele que chorou dessa vez, implorando aos meus pés meu perdão. Se comprometeu em procurar ajuda psicológica e eu me comovi.

Aos 25 anos ele era órfão. Teve uma adolescência difícil e eu achava que isso tinha o traumatizado de certa forma que o fazia explodir nos momentos de raiva.
Eu aceitei.

Não sabia, mas era por dó.
"Ele só tem a mim", eu pensava.
Acreditava fielmente que poderia salvar Kayo e iria lutar pelo nosso amor.

Without You (Kim Mingyu)Onde histórias criam vida. Descubra agora