Dejávù

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Pode parecer bizarro, mas eu sei que as coisas estão predestinadas a acontecer na minha vida quando tenho essa sensação de dejávù.
É como um filme que passa repetido na minha mente, uma lembrança de algo que está acontecendo naquele mesmo instante. Estranho, mas me deixa conformada com as coisas ruins que geralmente acontecem. "Era pra ser", digo a mim mesma.

As vezes passam-se meses até eu sentir isso de novo. Tem dias que começam com um e terminam com outro.
Não tem uma regra, apenas acontece inesperadamente e me faz acreditar que nem tudo está perdido.

Não foi diferente naquela manhã. Fiquei encarando Hyun Joo espantada enquanto uma lembrança daquela mesma conversa surgia diante de mim.

Era pra ser.

Olhei toda aquela comida que Mingyu fez para mim e meu coração apertou. Era a primeira vez que um homem cozinhava para mim. Aquela sensação de cuidado parecia ums faca rasgando meu peito.
Uma Guerra interna começou a ser travada. Metade de mim desejava ligar e pedir que rle fosse correndo me ver, a outra resistia e dizia: "Foda-se! Quem liga para um prato de comida? Eu não preciso disso."

Comi tudo em silêncio. Hyun Joo apenas se sentou e comeu também como se nada estivesse acontecendo. No fim ela resolveu falar:

- Uaaa! Que delícia! - ela bateu na barriga - Ei, Hee Ji, se case com esse homem. A maioria não sabe cozinhar e esse manda bem.

- Ei, Hyun Joo, cuide dos seus relacionamentos e deixe minha vida apenas para mim. Certo?

- Hm. Mau humorada. Sabe do que você precisa, não é?

- Hyun Joo! - falei brava e me levantei da mesa, indo para o quarto.

- Aproveite enquanto pode, Hee Ji! - ela gritou enquanto eu fechava a porta.

Meu trosto queimou de vergonha, mas a brincadeira dela me fez esquecer de todos aqueles sentimentos que me aflingiam.
Ri e dei um suspiro antes de pegar o celular. Encarei o contato dele antes de ter coragem de ligar.

"Rapper do mal". Era como estava salvo.

- Alô? - ele atendeu com voz de sono e assustado. Segurei o riso.

- Ei, Mingyu! Onde está meu carro?

- Está comigo.

- Baka! Eu preciso trabalhar!

O xingamento em japonês apenas saiu e me deu calafrios quando me dei conta do que eu disse.

- Fique pronta, vou te levar. - ele falou e eu já podia ouvir o barulho do chuveiro sendo ligado. Fiquei em silêncio, digerindo meu susto - Hee Ji?

- Hum?

- Se arrume. Vou te buscar.

- Ok.

Desliguei e fiquei encarando o nada.

- Aish! Sem drama, Jo Hee Ji. É apenas mais um fantasma. Isso não é nada, você pode vencer. - disse a mim mesma e levantei com um pulo - Uaa! Mingyu te levar vai ser bom para a mídia. Vamos lá.

Era esse tipo de atitude que eu devia ter sempre, afinal o passado sempre vai estar na memória, o que importa é o que está acontecendo agora.
Feridas todos tem, fantasmas também, mss isso não pode te impedir de viver.

Pouco a pouco eu iria me desprender de todas essas amarras que importunam minha vida. Eu iria lutar por mim mesma.

Mingyu era pontual. Quando chegou eu estava sentada no banquinho do jardim de inverno.
Vi quando o carro vermelho parou e ele desceu olhando pars cima. Aquele sorriso, aquele que me desmontava, estava lá também. Ele ascenou e eu desci.

Estava me sentindo bem comigo mesma, porquê me arrumei mais que o normal. Coloquei um conjunto de veludo caramelo e saltos pretos, a mesma cor do sobretudo e da bolsa.
A blusinha era quase um cropped e a calça de cintura alta não deixava aperecer muita pele, mesmo assim uma pequena fileirinha insistia em se sobresair.

Abri a porta e a primeira coisa que ele fez foi me medir.

- Uaa. Bom dia, Hee Ji. É assim que vai trabalhar?

Passei por ele e coloquei óculos escuros, mesmo o tempo estando fechado.

- Não entendi seu comentário, Kim Mingyu.

- Não é que... - ele balbuciou e coçou a cabeça - Nada não.

- Tem algum problema com a minha roupa? Diga agora porquê é assim ou pelada.

Ele parou na minha frente, bem próximo, e pôs as mãos no bolso do jeans.

- Você está maravilhosa, Jornalista Jo.

Ele sorriu e abriu a porta. Tive que expremer meu cérebro para não ceder ao sorriso que desejava se estampar na minha cara. Mereço.

- Obrigada. - entrei no carro. Já que estávamos tentando parecer adultos, me lembrei da conversa que tive com minha colega de quarto e sorri maliciosa. - Ei, Mingyu, como anda seu trabalho?

- O que está acontecendo? - ele me olhou assustado - Estamos tendo uma conversa normal?

- Claro que estamos. Somos namorados agora. Eu deveria te chamar de oppa?

- Hee Ji, não brinca comigo. Eu não sei se está sendo sarcástica ou se está falando séria.

- Oppa! Assim você me ofende. - fiz um leve bico - Não estou sendo sarcástica!

- Hee Ji! - ele passou a mão no rosto rindo - Eu sinto que posso morrer!

- Não morra! Me conte do seu trabalho.

- Ah... certo! Bom, está tudo bem. Vamos nos apresentar em Seul no próximo sabado a noite.

- Ah é mesmo. Eu vi que vocês estão em turnê. Ainda assim tem tempo de me levar para o serviço? Você é incrível.

- Ah! - ele riu sem graça - isso não é nada. Era meu dever.

- Oppa, eu não posso te acompanhar em um de seus shows?

- Claro que pode! Quer ir no sábado?

- Eu posso?

- Pode sim. Leve sua amiga que mora contigo também. Vai ser divertido.

- Sério? - deixei o lado fãgirl falar mais alto e dei um gritinho. - Oppa! Você é incrível!

Instintivamente o abracei pelo pescoço e ele me abraçou de volta. Meu coração estava prestes a explodir de mil formas diferentes.
Não sabia dizer se era meu lado fã ou mulher que estava me definindo naquele momento, mas quando nos separamos do abraço ficou aquela tensão no ar.

Ele me encarava e eu também não conseguia desviar o olhar. Caramba. Tudo naquele homem me atraia, que droga!

- É melhor irmos. - ele disse.

Parte de mim ficou frustrada. Eu adoraria um beijo dele. Um não, era pouco. Queria todos os beijos que tinha direito.

E outra vez aquela sensação de já ter vivido esse momento me tomou.
"Eu estou onde deveria estar", pensei relutante com minhas palavras.

Sendo assim, era mesmo para mim estar passando por isso apenas como experiência de vida ou Kim Mingyu era destinado para mim?

Eu deveria mesmo estar ao lado desse homem?

Without You (Kim Mingyu)Onde histórias criam vida. Descubra agora