Estranho. Foi como eu me senti ao me ver sozinho na rodovia que leva até Anyang. Mesmo sendo perto, era raro eu fazer esse percurso, a menos que fosse na volta de alguma viagem à trabalho.
Deixei a cidadezinha ainda jovem, mas meu peito continuava se enchendo ao avistar as fábricas que rodeavam sua entrada. Era reconfortante adentrar na civilização após beirar os bosques do entorno. Era como estar em casa.
Parei o carro de frente ao sobrado, mesmo que cresci, e sorri por todo lado ao ver mamãe e Min Seo abraçadas na entrada.
Corri e as abracei, comi fazia em toda vez que vinha.- Aigoo! Meu menino! - minha Mãe choramingou me alisando - Olha como está magro!
- Estou bem assim, mamãe. - passei a mão nos cabelos escuros, as colocando na cintura em seguida - Min Seo está uma mulher agora! - afaguei os cabelos da caçula.
- Mulher nada! Não a bajule, as notas estão horríveis.
- Mamãe! - protestou a garota.
- Cadê o papai?
- Está lá dentro. Vamos entrar, está muito frio agora.
A casa era exatamente como eu me lembrava. Durante todos esses anos mamãe não fazia mudanças na disposição dos móveis e a decoração se baseava nos quadros que ela pintava e nos porta-retratos com nossas fotos. Fui tomado pela sensação de conforto que as voltas me traziam.
Papai estava sentado em sua poltrona de couro preta, com os óculos caídos sob o nariz, segurando o jornal do dia. Seu olhar me atingiu por cima da armação e eu dei o mesmo sorriso de toda vez, o fazendo pousar as folhas pardas sob a mesinha ao lado com o mesmo sorriso aberto.
- Finalmente, hein, Kim Mingyu?!
- Papai! - o abracei - É bom te ver.
- É bom te ver também! - me deu leves batidas nas costas.
Era esse tipo de calor que eu sentia falta ultimamente. Os garotos eram ótimos, mas ultimamente todos estavam preocupados em dar um passo adiante em suas vidas. Não estavam errados, mas eu sentia que podia estar ficando para atrás, uma vez que até Coups estava passando mais tempo fora de casa.
- Sua namorada foi ver os pais então? - mamãe perguntou já na mesa de jantar.
- Sim. Ela também precisa visitar a família.
- E quando vai traze-la aqui? Já faz um bom tempo que estão juntos e ela nem quis conhecer a sogra. Isso é normal hoje em dia? Na minha época não era assim as coisas.
Abaixei a cabeça com um suspiro contido e esbocei um sorriso amarelo. Se dependesse de mim Hee Ji já estaria aqui com uma aliança dourada nas mãos, mas o tempo era nosso maior inimigo.
- Nosso namoro é sério, mamãe, não se preocupe. Mas ela também é uma pessoa ocupada. Ultimamente o relógio não bate ao nosso favor.
- E vocês conseguem namorar assim?
- Damos o nosso melhor.
- Hrum. Você disse no telefone que ela não está pronta.
- Isso não quer dizer que não tenha interesse ou que não goste de mim.
A conversa deixou um ar estranho no jantar e passamos um bom tempo comendo em silêncio, o que me deixou mais angustiado. Era um grande esforço entender os medos e prioridades de Hee Ji, pois mesmo me solidarizando com a situação, quem sentiu tudo na pele e na alma foi ela e não saber como ajudar me deixa ainda mais deprimido. Me sentia inútil em sua vida.
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Without You (Kim Mingyu)
FanfictionVolume 4 da sequência "Give Me Your Song". Baseado em fatos reais. Sonhar é um ato que alimenta a alma dos seres humanos. Jo Hee Ji sonhava alto, assim como a maioria das garotas da sua idade. Ingênua, ela aprende da forma mais triste que o mundo...