Ultrapassando a linha vermelha

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Existe vários tipos de pessoas, diferentes não apenas em seu exterior, mas também em suas personalidades. Eu sempre fui do tipo extrovertido, que fala bastante (muitas vezes sem pensar), que tem a risada estranha, mas lá no fundo é meiga e romântica.

Ser romântico é uma merda.
Constatei isso quando sofri minha primeira desilusão com Kayo.
Mesmo sem querer, a gente se ilude e cria milhões de expectativas sobre outra pessoa.

Se pararmos para pensar é injusto. Depositamos toda essa fantasia nas costas de alguém que ao menos sabe o motivo daquilo.

Eu sonhei demais com o amor e depois de ter o coração partido decidi que não seria mais romântica e que não daria mais espaço para esse aspecto da vida.

Aqui estou eu, no início duma noite fria de domingo, vestindo meu confortável conjunto de moletom e vendo meu plano infalível ir por água abaixo. Bem diante dos meus olhos estava minha maior fraqueza: um rapper lindo, alto, cheiroso e da voz grossa SORRINDO.

- Você me acha fofo? - ele perguntou animado.

- Não... Quer dizer, sim. Não... - gaguejei - É que seu cabelo é.

Mingyu não disse nada mas continuou sorrindo.
Quando me dei conta, ainda estava com a mão no cabelo dele e tirei, num movimento brusco.

- Desculpe.

- Pode tocar. Eu gosto.

Meu Deus. Eu passaria uma vida acariciando os sedosos fios castanhos daquele homem. Era como um universo paralelo que me prendia e me deixava imersa no sentimento de plenitude completa.

Mas eu tinha que ser forte. Era meu dever resistir, mesmo que o calor que emanava dele derretesse cada pedaço do meu coração.

- Não está tarde? - me levantei - Acho melhor você ir.

- Hee Ji, - ele segurou meu braço. Estremeci - do que você tem medo?

O toque quente dele me abalou por completo.
Me preocupei tanto sendo forte que nunca parei psra perceber que eu precisava de alguém para me apoiar. Alguém em quem eu pudesse descansar minha dor. Alguém que me fizesse aquela pergunta.

Abaixei minha cabeça e a primeira lágrima escorreu pelo meu rosto.
Senti raiva de mim. "Chorar é uma fraqueza", disse a mim mesma.

- Você não sabe de nada.

- Então me deixe saber.

Eu deveria contar tudo para ele? Rasgar o véu que cobria minha podridão e deixar que Kim Mingyu visse o quanto eu fui corrompida? O quanto eu estava marcada?
Não. Isso era demais para mim.

- VOCÊ NÃO TEM QUE SABER!

Com um movimento brusco me soltei e virei de frente para ele. Empurrei Mingyu rumo a porta o forçando pelo peitoral.
Sua expressão espantada me doeu, mas eu não tinha tempo. Se ele questionasse outra vez eu iria desabar por completo.

Abri a porta e o joguei de vez para fora.

- ME DEIXE EM PAZ! - bati a porta com força, o deixando sem tempo de falar.

Corri para o quarto e deitei na cama chorando.
Era difícil demais lidar com tudo aquilo.
Eu pensava ter superado mas não passava de uma mentira descarada. E no meio de todo meu caos, aquele homem insistia em mexer com meu coração.

O choro desesperado durou por um bom tempo, até que peguei no sono, vencida pelo cansaço.

💎💎💎

Eu não conseguia entender o que tinha acontecido.
Sentei em frente da porta depois de ser expulso e repassei nossa conversa na cabeça buscando respostas.

Without You (Kim Mingyu)Onde histórias criam vida. Descubra agora