Without You (Kim Mingyu)

Dry Martini e cigarros

Não existia um dia sequer em que não me lembrava do bebê que eu tinha perdido.
A memória de amá-lo, mesmo naquele curto período de tempo, era dolorosa e ainda mais doloroso era lembrar a forma como tudo aconteceu.

Eu me sentia a garota mais idiota do mundo por ter acreditado na mudança de Kayo. Não sabia que era tão ingênua e burra. Acabei por surpreender a mim mesma.

"Tudo acontece para um aprendizado", Chae Young me dizia.
Mas esses aprendizado havia custado a vida de meu primeiro filho. E isso eu não conseguia aceitar.

Mas nem todos os momentos eram ruins. Nos bons eu me lembrava da noite que tinha passado com Kim Mingyu.
Se não fosse aquele cachecol vermelho, o qual eu queria usar todos os dias, não acreditaria na veracidade desse fato.

Eu tinha vivido um sonho e o autor era ele. Mingyu.

Esse sonho se tornou o último pedaço de esperança dentro do meu coração esbagaçado. Talvez um dia eu voltasse a ver Kim Mingyu, meu rapper preferido.

Havia se passado dois meses desde o nosso encontro e a primavera já tinha chegado outra vez, o que aumentou meu mau-humor.
Era um sábado e nós duas saímos cedo da redação, mas eu não queria ir para casa. Era como se a minha cama me fizesse lembrar de tudo que eu não queria.

- Unnie, vamos comer?

- Você quer sair? Aigoo! Vamos! Eu pago!

Chae Young sempre me convidava para comer, ir no shopping, em parques, mas eu só recusava. Parecia errado eu ser feliz depois do que tinha acontecido.

Mas hoje é primavera outra vez. Hoje eu vou comer e beber, para que eu esqueça dos meus próprios fantasmas.

Minha amiga me levou num restaurante ótimo e comemos muito. Depois de dois goles de soju eu já estava rindo. Um riso vazio, desesperado. Mas ainda assim era bom rir.

- Ei, unnie, me leva naquele lugar. - eu pedi quando estávamos saindo.

- Que lugar?

- Aquela boate.

- Tem certeza?

- Sim. Vamos dançar!

Eu gritei no meio da calçada, em plena avenida, e Chae Young me acompanhou. Éramos duas garotas alteradas na noite de Seul. Debaixo do céu estrelado, nós duas tentávamos inutilmente esconder as mágoas e decepções que vivíamos todos os dias.

O táxi nos deixou na porta da mesma boate e ela parecia exatamente a mesma de quase um ano atrás.

Chae insistiu em deixarmos a bolsa na chapelaria e eu concordei, porquê queria dançar livremente naquela madrugada.
A atendente era estrangeira. Me impressionei com a beleza daquela mulher negra.

- Caramba! - Eu disse para ela enquanto pegava o número do meu armário - Você é muito gata!

Ela sorriu e eu a achei Ainda mais bonita. Ual.

Fui arrastada para o bar e encostei minhas costas no balcão, olhando a pista de dança.
Escutei quando Chae pediu dois martinis e me cutucou para que eu pegasse a minha taça.
Me virei e senti meu coração parar.

- Olha quem apareceu. - Jun sorriu para mim. Aquele sorriso lindo de um ano atrás - Onde esteve, lindinha?

- Jun? - o olhei confusa - Não acredito que está aqui.

- Pois é. Algumas coisas mudaram desde que nos vimos, mas eu ainda lembro seu rosto. - ele apontou meu cabelo e eu soube que ele falava da cor.