Desencontros de um amor impossível

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Se você está num mal momento da sua vida, saiba que bebedeira, música e sexo não resolve nada. Depois que tudo acaba você se sente vazio.

E foi assim que me senti no dia seguinte, quando cheguei em casa.
Além de álcool e tabaco, agora eu cheirava coito.

Me enterrei na banheira da suíte que me pertencia. Eu estava completamente suja.
Minhas lágrimas se misturaram a água enquanto eu me esfregava ferozmente com a bucha, tentando inutilmente limpar o meu pecado.

"Perdão, Pai, eu pequei".

A frase deste verso soava repetidamente em minha mente, mas eu não pedia perdão à Deus. Eu pedia perdão a mim mesma, para a antiga Jo Hee Ji inocente. Para o pequeno bebê que perdi.

Água, sabão e a bucha não mudou nada, porquê continuei me sentindo suja.
A solidão tomou conta quando deitei na minha cama. Eu não tinha nada para me agarrar, nem ninguém para me confortar.

Eu estava perdida num mar de angústia e ninguém podia chegar até mim.

Peguei o cachecol vermelho e me agarrei a ele. Aquilo continuava sendo meu último resquício de esperança.

💎💎💎

Jun pegou o meu número, mas não entrou em contato comigo.
Eu sabia que ele só queria se divertir e naquele momento, era tudo que eu queria também.

Uma troca de favores.

Foi o que eu disse a mim mesma para não me agarrar a alguém que não poderia ser parte da minha vida.

Na segunda-feira eu estava recuperada da bagunça que tinha feito e vesti meu manto de "mulher forte". Da porta para fora do meu quarto, ninguém sabia das minhas angústias. Eu sorria, brincava, fazia minhas tarefas... Ninguém imaginava que eu estava perdida num vácuo infinito.

Fui para a redação com Chae Young. A casa nova era mais perto, o que nos possibilitava ir andando.

Minha vida foi revirada de ponta cabeças nesse último ano, mas o jornal permanecia o mesmo.
Os caras ainda apostavam o time que iria vencer os campeonatos, Sr Nam ainda tentava se aproveitar das garotas e Chae Young ainda comia donuts para afogar as mágoas. A diferença é que agora passamos na cafeteria antes de chegar ao escritório.

Naquela segunda, quando paramos na padaria eu pedi para Chae comprar o café sozinha. Fiquei encostada no vidro da fachada do estabelecimento, apenas observando.
Observar era meu pior vício, porquê todas aquelas cenas corriqueiras perfuravam meu coração como se fosse faca. Eram casais abraçados, mães com seus filhos, mulheres grávidas sorridentes... Eram pessoas felizes, pessoas que tinham tudo que eu perdi.
No meio de tantas pessoas, tanto movimento, eu estava sozinha.

Naquela manhã eu não sorri no escritório. Desde que tinha voltado a trabalhar, essa foi a primeira vez que me fechei.
Não escutei as apostas dos esportes, não comi os donuts, não entrei nas conversas e nem fiz nenhuma brincadeira. Apenas fui eu, meu fone e as palavras que vinham da minha alma.
Escrevi minha primeira crônica.

Talvez eu devesse ter focado no trabalho, ou ter ido para casa, porquê quando todos foram almoçar eu desabei sobre minha mesa.
Chae Young me encontrou pouco depois, chorando desesperada.

- O que foi, Hee Ji? - ela passou a mão nas minhas costas.

Eu não consegui falar. Eu não sabia o que falar, mas tinha algo muito grande esmagando meu peito e eu não estava aguentando a dor.
Ela me trouxe água e quando eu fui pegar percebi que meus braços estavam dormentes. Peguei o copo com dificuldade e bebi, me dando conta em seguida que meu rosto também estava adormecendo.

Without You (Kim Mingyu)Onde histórias criam vida. Descubra agora