Auge

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Eu sempre odiei hospitais, assim como sempre odiei agulhas, portanto acordar naquele ambiente foi assustador, ainda mais sentindo a cabeça pesada daquela forma.

- Ai! - coloquei a mão num curativo que tinha no canto da testa.

Chae Young deu um pulo da poltrona quando ouviu o meu barulho.

- Caramba, Hee Ji!

- Chae? O que faz aqui? Que horas são?

- São... - ela olhou o relógio - duas da tarde. E eu tô cuidando de você né, Bela Adormecida?!

- Obrigada... O que aconteceu.

- Você passou mal no ônibus. Quantas vezes eu já te disse pra tomar café antes de sair? Por que você faz tudo errado, Hee Ji?

- Desculpa, unnie...

- O médico mandou eu chamar ele quando você acordasse. Eu já volto. Seu celular está aí nessa mesinha. - ela apontou com o dedo antes de deixar o quarto.

Peguei o aparelho. Não tinha nada, que novidade! Será que Kayo ao menos sabia que eu estava no hospital?

Um médico jovem e bonito entrou, sendo seguido por Chae Young, que sorria feito boba atrás dele.

- Boa tarde, Srta Jo.

- Boa tarde, Dr.

- Nós fizemos um exame de sangue enquanto você dormia. Me parece que você ainda não sabe da novidade.

- Novidade? Que novidade?

Eu dividi o olhar entre ele e minha amiga, que tinha perdido o sorriso no mesmo instante.

- Você está grávida, Srta. Meus parabéns!

- Grávida? Aquela coisa que...

- Tem um bebezinho aí. - ele sorriu e ficou ainda mais bonito, porém eu só conseguia olhar a cara pasma de Chae Young. - É um feto na verdade. Você está de seis semanas. Vou deixar sua receita e sua alta aqui. Agora você precisa procurar um ginecologista para iniciar o acompanhamento pré-natal. Parabéns.

Ele sorriu outra vez, se curvou e deixou a sala. Eu e minha amiga ficamos estáticas, olhando uma para outra.

- Hee Ji, você sempre consegue me surpreender.

- A mim também. Minha mãe vai me matar.

- Eu queria ajudar ela. Mas por enquanto... - ela se aproximou e me deu um abraço - Estou aqui, amiga.

Meus olhos lacrimejaram e eu liberei o choro nos ombros dela.
"Um bebê... dentro de mim", coloquei a mão na minha barriga.

- Kayo sabe que Estou aqui?

- Não. Na verdade ele ligou apressado e disse que estava indo viajar de última hora e volta em uma semana.

- Sério?

Ela assentiu.

Meu dinheiro deu exatamente para pagar a conta do hospital e um táxi até em casa. Fui o trajeto todo meio boba, com a mão na barriga.

- Está com dores, Srta? - o taxista perguntou antes deu sair.

- Não, eu estou grávida. - eu sorri.

E assim eu contei para a primeira pessoa que eu estava grávida e foi ótimo. Parecia um jeito de dizer a mim mesma, para que meu cérebro pudesse captar a mensagem.
Sai do carro e abri mentalmente uma pasta: "bebezinho". Eu tinha que pesquisar sobre o assunto.

Without You (Kim Mingyu)Onde histórias criam vida. Descubra agora