Capítulo 1 - Oi?

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Washington D.C


Cinco anos antes...



Joshua

Mais um dia. Mais um dia nesse inferno de empresa. Eu não aguento mais! Meu pai simplesmente não quer saber se eu estou satisfeito ou não, se estou feliz em estar preso a esse império que ele construiu. Ele diz que eu serei o dono disso tudo um dia, mas sinceramente, eu não quero. Ele sabe que meu maior sonho é ser um escritor, mas como ele mesmo diz, não terei futuro nessa profissão insignificante que insisto em querer seguir. Somos donos de uma das maiores empresas de exportação de Washington. Ele levou anos até se erguer, chegar onde esta. Eu o admiro muito por isso. Mas eu não quero viver o resto da vida atrás de uma cadeira, trancafiado dentro de uma sala envolto de papelada.

Finalmente! O relógio completa suas 17:00 horas. Preciso sair, espairecer. Minha cabeça está aos rodeios. Verifico meu celular somente para então, perceber que Kyra me ligou cinco vezes. Eu sinceramente não estou com saco para ouvir suas desculpas esfarrapadas devido a nossa última briga. Brigas. Estão sendo uma constante em nosso relacionamento. E depois que peguei ela na cama com outro, tenho certeza que fiz papel de trouxa todo esse tempo, sendo enganado. Eu não mereço isso. Dou um longo suspiro antes de retornar sua chamada. No terceiro toque ela atende.

- Oi meu amor. - e nesse instante meu estômago revira. Como ela pode ser tão cínica?

- Kyra... Já disse para não me chamar mais assim. - respondo seco. - quero conversar com você. Me encontre no Rock Creek Park em uma hora.

- Estarei lá. Um beijo.

Simplesmente desligo sem ao menos me despedir. Vou dar um fim nesse teatro. Eu achei que ela seria a mulher com quem eu passaria o resto dos meus dias, mas bem, pelo visto eu estava enganado. Pego as chaves do meu carro, e sigo em direção aos elevadores, mas não sem antes, ouvir a voz do meu pai me chamando.

- Joshua! - dou um longo suspiro e viro-me lentamente, para encontrar sua cara fechada, aliás, como sempre.

- Sim.

- Segunda-feira teremos uma nova funcionária. Está se formando na área de direito. Vai fazer parte do jurídico da empresa.

- E o que eu tenho a ver com isso?

- Você vai ser o supervisor dela. - O que?

- Eu!? Mas por quê? - pergunto incrédulo. Ele só pode estar ficando louco.

- Porque você é meu filho, oras. Você entende de tudo aqui dentro. E não tenho confiança em ninguém mais, a não ser você. Trate- a bem. Ela é filha de um grande amigo. Não me decepcione, Joshua.

- Claro. - dou um longo suspiro. - Não me espere para o jantar.

Viro-lhe as costas, bufando de raiva! Não sei até quando vou suportar ser o pau-mandado do meu pai. Joshua, faça isso... Joshua, faça aquilo. Entro no meu carro observando as horas. Suspiro pesadamente. Terei uma longa conversa com Kyra. Dirijo pensando em tudo que vivemos até agora. Será que realmente fui feliz nesses quatro anos que estivemos juntos? Ou eu estou apenas acostumado com a sua companhia que não percebi que não a amo mais? Me senti apunhalado quando vi ela com outro. Mas não posso dizer que doeu. Eu não senti nada. Alívio talvez, por ter sido acordado, de um futuro pesadelo que eventualmente, eu iria viver. Encosto meu carro observando o movimento. Inspiro o ar puro que parece lavar os meus pulmões. Me direciono ao interior do parque, e logo avisto ela sentada em um dos bancos. Aproximo-me a passos lentos dela.

- Josh. - ela cobre meus lábios com os seus. Mas eu não ouso corresponder. Pelo contrário. Afasto-a pressionando seu corpo para longe de mim. - Mas...

- Kyra, não - interrompo-a. - não vamos fingir que tudo está bem, porque definitivamente não está.

- Mas que droga Joshua. Eu já te pedi perdão. - sorrio nervoso com o cinismo dela.

- Pedir perdão não vai apagar da minha memória a imagem de você transando com outro homem.

- Foi apenas uma vez!

- Dane-se! - respondo alterado - não me importo se foram uma, duas, quantas vezes você alega que foram. Você me traiu Kyra! E eu não vou aceitar isso, muito menos te perdoar. Você fez a única coisa que eu pedi que não fizesse. Eu estou terminando tudo entre nós, e a culpa Kyra... - engulo em seco antes de terminar - A culpa é sua.

- Minha? Você tem certeza que a culpa é minha, Joshua? Você só pensa na empresa do idiota do seu pai. Vive trancafiado naquele lugar, e...

- Cale a sua boca. - falo entre dentes - não tente me culpar pelas suas safadezas Kyra. Você escolheu me trair. - dou um longo suspiro, e passo a mão em meus cabelos antes de continuar. - mas enfim, isso não importa mais. Acabou. - viro as costas para ela, mas logo sinto a pressão da sua mão segurando meu braço. Direciono meu olhar ao dela.

- Josh, por favor.

- Acabou. - digo olhando em seus olhos, logo em seguida desvencilhando-me de seu toque. Saio a passos largos. Me sinto aliviado. Coloco minhas mãos nos bolsos da calça, e distraio-me olhando a movimentação no parque. O dia está realmente lindo para um passeio. Vejo famílias reunidas, casais apaixonados e seus filhos, e por um instante, eu gostaria de ter um momento desses em minha vida. Mas o meu momento não dura muito, porque no segundo seguinte vejo um amontoado de cabelos na minha cara, e um corpo se chocando contra o meu.

- Céus! - sinto seus finos dedos agarrando minha camisa tentando manter o equilíbrio. Seguro em sua cintura evitando que ambos caíssemos no chão. E quando nossos olhares se cruzam, meu coração pula uma batida. Eu nunca tinha visto-a na minha vida, mas ela definitivamente, era a mulher mais bonita que eu já tinha visto. Engulo em seco. Sinto sua respiração em meu rosto, sua boca entreaberta e seus cabelos louros meio bagunçados completando a vista exuberante que tenho a minha frente. Nossos olhares parecem imãs que recusam a se soltarem. Ela está vermelha, e eu acho isso adorável. - Eu... Me desculpe. - ela sussurra, e só assim percebo que ainda estamos abraçados. Seu corpo se separa do meu e eu sinto um enorme vazio, e nem sei dizer o porquê.

- Você se machucou? Me desculpe. Eu que estava distraído. Meio longe. - digo enquanto vejo ela pegar o seu celular que provavelmente havia caído quando nos chocamos.

- Não. Eu estava falando no celular, e... - ela pega seu celular que estava no chão, e seus olhos encontram os meus novamente, e um arrepio percorre meu corpo. - bem, eu não te vi. - ela sorri para mim e eu retribuo. - me desculpe mais uma vez. - coloco as mãos nos bolsos novamente, observando seu rosto corado e seus olhos verdes me encararem intensamente.

- Não foi nada. - eu queria prolongar o nosso momento, mas não tenho palavras para puxar uma conversa com ela. Merda.

- Bem, foi um prazer? - nós gargalhamos, e eu balanço minha cabeça, totalmente bobo por ela.


- Com certeza foi. - digo olhando intensamente em seus olhos.



***



Kate

- Katherine Bryant, você é a mais nova contratada do Grupo Carter. Vejo você na segunda.

Eu não acredito! Depois de tanta agonia e espera, finalmente o Grupo Carter me chamou para trabalhar com eles. Será uma oportunidade maravilhosa! Estou quase concluindo meu curso de direito, e essa oportunidade será perfeita para decolar em minha carreira. Busco em meu celular o número da minha mãe, porque eu preciso dar essa notícia a ela. Foco a atenção em meu celular, até de mais, porque quando dou por mim, meu corpo se choca com o de um homem.


Céus!


Meu celular vai para o chão e minha única reação é a de me agarrar em seus braços para não cair de cara no gramado. Sinto suas firmes e quentes mãos em minha cintura e um arrepio percorre meu corpo. Inclino meu rosto e nossos olhares se encontram. Nossos rostos próximos de mais, e qualquer movimento que um de nós déssemos, nossos lábios se chocariam facilmente.

- Eu... Me desculpe - minha voz sai como um sussurro e eu praguejo mentalmente por isso. Afasto-me de seu corpo procurando meu celular pelo gramado, e principalmente, evitando olhar para o seu rosto.

- Você se machucou? Me desculpe. Eu que estava distraído. Meio longe. - ele me pergunta enquanto eu ainda procuro meu celular. Mas que droga!

- Não, eu estava falando no celular e... - finalmente achei. Pego ele e nossos olhares se encontram novamente, e céus, ele é lindo. Os cabelos castanhos em contraste com os olhos azuis, os braços fortes e um ar muito atraente. - bem, eu não te vi. Me desculpe mas uma vez. - peço sorrindo, e ele retribui, seus olhos ficando pequenininhos.

- Não foi nada - ele diz enquanto coloca as mãos no bolso.

- Bem, foi um prazer? - afirmo perguntando. Sim isso soa idiota. Mas eu estou me sentindo uma completa idiota na frente desse homem. Ele me encara intensamente, sua boca se curva em um sorriso nada inocente, para então me responder.

- Com certeza foi. - ele finalmente passa por mim, e seu perfume amadeirado invade minhas narinas. Céus! Estou com cara de boba no meio do parque. Katherine se controle! Minha respiração ainda está descompassada pelo momento que acabei de viver. Ainda posso sentir seus braços firmes me segurando. A intensidade daqueles olhos azuis. Bom, eu sou de carne e osso, e bem, ele é lindo. Balanço minha cabeça me livrando desses pensamentos pecaminosos. Preciso dar essa notícia aos meus pais. Saio a passos largos e com um sorriso no rosto. E eu nunca quis que uma segunda-feira chegasse tão rápido.



***


Grupo Carter, segunda-feira

Depois de um longo fim de semana, estou parada em frente as portas de vidro. Grupo Carter. Vesti-me casualmente, saia preta, com uma blusa bege e um salto. Uma leve maquiagem e cabelos soltos. Espero impressionar. Meu coração acelera quando as portas se abrem para mim. Direciono-me até a recepcionista.

- Bom dia. Sou Katherine Bryant, e hoje é meu primeiro dia de trabalho aqui na empresa. O Sr. John pediu pra que quando eu chegasse, falasse com você, que ele viria até mim.

- Bom dia. - a mulher loira me encarou alguns minutos antes de telefonar para o Sr. Carter. - Só um momento. Dr. John? Katherine Bryant acabou de chegar. - silêncio - Tudo bem. Até logo. - desliga e direciona seu olhar a mim. - ele já está vindo. Pode se sentar. E ah, me desculpe, prazer, Lisa.

- Tudo bem, obrigada Lisa.

Me sento nos bancos da recepção tentando espantar meu nervosismo. Acalme-se. Um sorriso desponta em meu rosto. Uma nova etapa da minha vida, está começando. Escuto passos vindos do corredor. Um senhor grisalho, e um tanto charmoso vem em minha direção. Ele então sorri, antes de me cumprimentar.

- Katherine Bryant. É um prazer tê-la aqui. Como vai Cotton? - levanto-me, e aperto sua mão que está estendida a mim.

- Sr. Carter. O prazer é meu. Meu pai está ótimo. - nós sorrimos, e ele então continua nosso diálogo.

- Certo. Preparada? Espero que sim. Venha comigo. Vou te apresentar ao meu filho, Joshua. Ele vai estar te auxiliando durante esse processo. - ele me explica enquanto andamos pelo corredor. Mais alguns passos e chegamos diante de uma sala. Ele abre a porta entrando, indicando para que eu entre logo em seguida.

- Joshua, filho. - ele chama o rapaz, que está de costas até o momento.
Rapidamente ele se vira para nós, e mais uma vez nossos olhares se encontram. Eu travo diante do belo homem de olhos azuis que esteve em meus pensamentos o fim de semana todo. Era ele. O homem do parque.


Eu estou perdida.

- Essa é Katherine Bryant.


Meias Verdades, Inteiras Mentiras - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora