Twelve.

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Estava tentando entender tudo que havia acontecido naquela pista de hóquei. O modo com Shawn me olhava e falava comigo, estava diferente, ele não estava mais sendo aquele mimado sem noção que por qualquer coisa já começa a me ofender ou me insultar. Com toda certeza o Shawn de ontem era mais agradável.

Estava deitada na cama do quarto de hóspedes olhando para aquele teto totalmente bege. Foi difícil explicar para dona Karen que Shawn e eu não dividimos a mesma cama, muito menos no mesmo quarto.

Estava viajando em meus pensamentos que só escultei meu celular tocando no quarto toque. Passo a mão pela cama, tentando encontrar meu aparelho, assim que acho vejo o nome de Nash no visor.

— Oi. — Me sento devagar na cama, enquanto arrumo meus cabelos com as mãos.

Escuto sua risada do outro lado da linha.

— Estava pensando na vida né? — Ele realmente me conhecia melhor do que ninguém.

Sorri. Segurando o aparelho com o ombro.

— Sim, eu estava. — Vou até minha mala, a procura de algo para usar no jantar hoje.

— Nash, não vai voltar para cama.

Uma voz feminina chama ao fundo, estava baixa, mas dava para ouvir.

Claro ele já estava pegando mais uma mulher.

Ele responde rápido. Mais não dava para ouvir.

— Espero que esteja pensando em mim. — Reviro os olhos. Ele estava com uma mulher em sua cama e ainda tenta me mandar uma de suas cantadas sem graça. Louco.

— Você não cansa de se achar, não?

Se eu conhecia bem meu melhor amigo, ele deveria estar mordendo os lábios.

— Eu não me acha, amor — Assim que pego minha saia preta rodada e um cropped de manga longa com pelinhos, volto a me sentar na minha cama. — Daqui três dias estou aí....perto de você. — Ele fala delicadamente, aquela voz faria qualquer mulher cair de amores. Ainda bem que não sou qualquer uma.

— Pensei que fosse ficar cuidando dos negócios da empresa. — Olho para as minhas unhas. Eu precisava fazer elas, urgente.

Escuto um barulho de chuveiro sendo ligado do outro lado da parede....Shawn.

— Está tudo bem aqui... nossas ações aumentaram em 25% essa semana, Shawn me deu uma folga. — Ele ri.

Escuto algo se quebrando no quarto ao lado.

— Eu fico feliz que você irá tirar uma folga dessa loucura toda. — Ignoro os sons que eu estava ouvindo. — Não vejo a hora de te encher o saco outra vez. — Outra coisa se quebra e dessa vez, Shawn havia gritado. — Nash tenho que ir.

Desligo meu celular, sem esperar sua resposta. Saio do meu quarto o mais rápido possível.

Outro barulho. Dessa vez bem mais forte que os outros, merda Mendes !
Bato na porta, um pouco desesperada. Sem resposta, tento mais uma vez.

Nada.

E os barulhos de coisas se quebrando só aumenta. Dessa vez o chuveiro estava desligado.

— SHAWN! — Grito batendo ainda mais na porta, dessa vez não tentei disfarçar o desespero. Mais um grito, todos eles eram de raiva. — Abre, Shawn... por favor. — Minha voz estava começando a ficar embargada. Eu não podia chorar.... Eu não gostava de gritos, eles me traziam a tona todo os sentimentos que eu vivi no dia da morte de Taylor. — Shawn. — Algo se estrelaça na parede. Cadê o pessoal dessa casa pelo amor de Deus. — Aaliyah, dona Karen....alguém?—Grito.

Sem sucesso.

Eu estava desesperada. Não faz isso comigo, Shawn.

O som de algo se socando contra a parede invade meus ouvidos. Deveria ser seu punho.

— S, abre. — Tento controlar minha respiração e minhas lágrimas que estavam ameacando cair novamente.

Ele abre. Com certa violência.

Minha cabeça estava baixa, ainda não tive a coragem de encara seu rosto. Não queria que ele me visse tão vulnerável. Eu não suportaria.

— O que faz aqui? — Sua respiração estava pesada e sua voz cansada. Ele havia chorado.

Respiro e finalmente consigo encarar seu rosto. Ele estava horrível.

— O que houve? — Toco a lateral do seu lábio que havia um grande corte que chegava a pingar sangue, ele havia levado um soco de alguém. Ele recua. — Quem fez isso ?

Seu cabelo estava totalmente bagunçados e molhados. Ele havia tomado banho, mais não foi o suficiente para parar o sangue. Seus olhos estavam roxos, assim com seus dedos.

— Não foi nada. — Ele tenta fechar a porta na minha cara, impesso ele com meu pé.

Minha respiração estava totalmente pesada.

— Não venha me falar que não foi nada. — Empurro a porta com minha mão e entro no seu quarto sem pedir permissão. Aquele lugar estava destruído, ele havia quebrado um violão preto, vários portas retratos, seu celular e até sua janela. A parede estava suja com sangue e havia levemente sido quebrada. — O que aconteceu?

Tento manter a calma. Ele precisava de mim, seus olhos pediam a minha ajuda.

— Shawn, me diz algo? —Me aproximo dele, que olha para o chão.

— Sai daqui. — Sua voz estava forçada. Como se dizer aquilo doesse nele. — Não quero que me veja assim.

Nego. Levanto sua cabeça, fazendo com que ele olhe para mim.

— Nem se você me demitisse eu irei sair daqui. — Seus olhos estavam sem cor.

Ele ainda estava recuando.

— Bro...

— Não, Shawn. — Pego suas mãos. — Confia em mim.

Puxo ele com as mãos e o levo até sua cama fazendo com que ele sente. Me sento ao seu lado.

— Foi meu pai. — Ele fala por fim.

Como um pai tem coragem de bater em um filho?

— Por que ?

Suas costas estavam rígidas.

— Ele traiu a minha mãe. — Ele olha para seu violão que estava quebrado no chão. — Eu amava aquele violão.

Muda de assunto. Rindo sem emoção.

— Você descobriu a traição, foi tirar satisfação e ele te bateu?— Ele assenti.— Posso cuidar de você? — Ele me olha confuso. Achei melhor trocar de assunto.

— Por que você é tão gentil comigo? Eu não mereço que você seja. — Seus olhos estavam começando a ganhar seu brilho novamente.

— Acredite. Nem eu sei o porquê! — Ele ri, mais dessa vez sua risada era verdadeira. — Vou cuidar de você.

Querida Secretária [Terminada/ Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora