Quando retomamos o caminho de manhã o sol estava tão forte que mesmo há quase meio quilômetro da saída do túnel era possível ver a claridade na borda. Comecei a me preocupar com nossos suprimentos. Os cantis de água estavam cheios, os vampiros acreditavam em uma infinidade de deuses e se eles estivessem certos, esses deuses estavam do meu lado, porque a torneira ao lado de fora da porta da sala de manutenção funcionava e deixando escoar o primeiro jorro cheio de ferrugem, a água era potável.
Mas eu só tinha dois cantis, não contava com John me seguindo, sabia que teria longos trechos provavelmente sem água, então me preparei para não passar sede, agora isso seria impossível.
A comida então, já era um problema. Meu parco estoque acabara esta manhã com John. Sozinha, calculara que chegaria ao final do território desolado antes de ter de me preocupar com comida. Agora teria que vasculhar os escombros da cidade abandonada atrás de qualquer coisa que ainda restasse, o que era improvável. Caçar animais estava fora de cogitação, demandava tempo na área desolada e isso era arriscado demais sequer para considerar.
— Ferrou! Como vamos andar debaixo desse sol? Não enxergo um palmo diante do nariz. – reclamou John, quando nos aproximamos da saída.
— Ainda quer fazer isso?
— Por que a dúvida?
— Ainda sou um risco imenso, John. – lembrei a ele.
— Esquece! Boa tentativa, mas não vou deixá-la.
Bufei e tirei dois óculos de mergulho remendados da bolsa, com lentes escuras e lhe estendi um. Quando ele pegou, coloquei o meu no rosto e comecei a andar margeando qualquer escombro grande o bastante para esconder uma pessoa.
— Você sabia que eu viria com você, não sabia? – John apontou os óculos que agora o ajudavam a enxergar ao sol.
— Não. Fiz um reserva, caso o outro quebrasse em algum momento. Se soubesse que viria comigo, teria preparado uma bolsa para você com comida até a borda.
Ele riu.
Andamos o mais rápido que pudemos, nos esquivando de espaços abertos pelo dia todo, o que não era tão difícil, eram os escombros abandonados de uma grande metrópole humana com a vegetação tomando conta de tudo.
Os vampiros, ao contrário dos humanos, não eram tão numerosos, portanto, não havia razão para reconstruir uma grande cidade antiga humana, na íntegra. Por esse motivo, a cidade deles era rodeada pelos escombros da cidade humana que existira ali antes.
À tarde comecei a procurar um abrigo que tivesse portas para nos esconder.
— Por que não entramos em uma dessas naves estranhas terrestres e não ficamos nela até de manhã?
— Por isso eu disse que você morreria no primeiro dia. Não seja idiota! Essas coisas se chamavam carros e os vidros que ainda restam são transparentes seu mané. Sem contar que vampiros farejam, precisamos estar longe da rua. Principalmente se contarmos nossa falta de sorte por não ter chovido hoje.
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O MUNDO que você não quer conhecer
General Fiction**** OBRA CONCLUÍDA **** O mundo que você conhece se foi, ruiu, desapareceu... E então no lugar o meu surgiu, cresceu e se estabeleceu. Enquanto sua história se iniciou com vida e evolução, a minha vem da morte, invasão e destruição. Enquanto sua...