O MUNDO que você não quer conhecer

Capítulo 52 - Missão Suicida

— Meus sistemas indicam por sua postura que precisa de reafirmação quanto a mim. – Iara expressou tão logo subi com a nave no ar, agora com uma voz totalmente biológica.

— Acho que seus sistemas estão certos. – Exalei – Não pensei o quanto seria estranho tê-la fisicamente com um nível de inteligência muito superior ao que projetei.

— Seus protocolos de segurança continuam ativos e suas diretrizes primárias são racionais e lógicas, o que me torna incapaz de discordar e me rebelar como teme. As pesquisas que me comandou, confirmam que sua vida é importante para a sobrevivência das espécies biológicas do planeta. E minha primeira diretriz comanda a proteção da vida que importa para o equilíbrio deste planeta, portanto a manterei viva para voltar e realizar seu programa biológico. – Iara explanou e acabou por funcionar. Acreditei nela que havia algo que dependia de mim.

Avisei meu pai de que estava a caminho da base e ele me informou que acabava de chegar lá, vindo da fazenda de Blair. Quando aterrissei a nave no hangar o general já me aguardava.

— O quê... – ele começou surpreso por Iara descer do veículo comigo.

— Iara agora tem um corpo. – O interrompi – Mas não é sobre ela que precisamos conversar. Temos problemas e muito graves.

— Zamask me informou. Descobriu algo mais? – ele questionou, nos indicando que o seguíssemos.

— Sim. E não vai gostar. – falei enquanto o seguia para dentro da primeira sala ao lado do hangar, que então percebi que não era a sua, mas a primeira onde poderíamos conversar em particular.

— Conte. – Ele comandou, sentando-se em uma das cadeiras à mesa de reuniões no centro da sala.

Me sentei com Iara a meu lado e contei tudo que aconteceu desde que ela interceptou o sinal. Amber, a música, a desconexão neural, a mensagem, Iara me dando o choque. E finalmente o que precisava fazer.

— Nem pensar! – ele esbravejou.

— Mas pai...

— Não! Não vou permitir isso nem em mil anos!

— Sabe que se não colaborar vou roubar uma nave e vou assim mesmo, certo?

— Seu noivo sabe da sua ideia idiota?

— Deixe-o fora disso! Não sou propriedade dele, nem sua! Já tomei a única decisão que posso, não há como ninguém tomar meu lugar! Posso me comunicar com essa espécie e Iara vai comigo. Para a próxima guerra, ou teremos apoio, ou Iara e Pietro vão comandar todas as construções necessárias para o êxito caso dê merda agora.

— O risco é incalculável! – ele gritou – Quer realmente que atire minha filha à morte voluntariamente?

— Quero que entenda que se não o fizer pode condenar sua filha e toda a vida na Terra! – gritei de volta. Exalei, me acalmei e continuei em tom mais baixo – Não é um convite aberto pai! Eles estão sendo muito específicos.

— Não sei como a descobriram para pedir algo assim. – ele meneou a cabeça, ainda bravo.

— Eu fui a culpada. – Iara nos surpreendeu.

— Explique. – Meu pai exigiu cruzando os braços.

— Na primeira configuração de Phoebe, tinha ordens de explorar todas as redes on-line que estivessem disponíveis. Encontrei três, mas o espaço tem ruídos ininterruptos, portanto não pude identificar a quarta, não conhecia sua configuração. Meus sistemas foram invadidos sem meu conhecimento e todas as informações que tinha disponíveis, passadas a eles. Somente quando Phoebe perdeu o controle sobre si e traduziu o idioma, pude começar as pesquisas para descobrir como a conhecem. – Ela explanou.