Capítulo 41

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Irmã#2 (Freira)


Felizmente a missa acabou, apesar de ser freira achava a igreja entediante tendo em conta o meu passado pouco brilhante.

Como de costume começei a andar em direcção à minha sala, de vez em quando pensava nas crianças que já haviam sido magoadas aqui inclusive a Key.

Estava sempre a pensar nela, cada vez que chegava á capela e via o padre ou a madre só me lembrava dos horrores que ela tinha sofrido. No entanto o meu maior arrependimento foi nunca ter feito nada para o impedir e nunca lhe ter dito quem eu era de verdade.

Ao longo dos corredores ia encontrando alguns dos meus alunos, e alguns dos mais isolados, pelo mesmo motivo da Key.

{...}

Quando finalmente cheguei à minha sala, fechei e tranquei a porta.

A estranha sensação de me sentir observada não parava de soar na minha cabeça, sentia olhos por toda a parte. Quando me virei para trás saltei assustada.

Um rapaz loiro, por volta dos 20 anos, de olhos verdes e roupas antigas. Infelizmente eu conhecia muito bem aquelas roupas.

O velho ditado que diz que o passado anda sempre atrás de nós é verdadeiro.

- Quem és tu? Vieste matar-me? - perguntei vendo que o mesmo agarrava um punhal.

Key: Não, mas provavelmente eu vou! - soou a voz feminina.

Quando a dona da voz apareceu senti o meu coração acelarar. Ela estava diferente, os cabelos estavam pintados de vermelho, o que de certa forma ainda a deixou maia bonita.

- Key? - perguntei vendo-a acentir.

Key: Olá! Mãe! - disse com a voz carregada de raiva e ironia.

- Como descubriste? - perguntei curiosa.

Key: Conheci a avó! - disse deixando-me espantada. - E sim eu viajei no tempo e sabes que mais...É preferível lá estar! - disse o que me fez enxugar as lágrimas.

- Desde que fugiste que eu fiquei tão preocupada! - disse o que a fez negar e rir.

Key: Preocupada! - disse rindo sarcástica. - Eu vivi 17 anos...Eu vivi 17 anos, a acreditar que a minha mãe tinha morrido...Porquê? Porque é que nunca me disseste quem eras? - perguntou chateada e com lágrimas a escorrer-lhe pelos olhos.

- Eu não podia...

- Não podias...que grande cliché! - disse irritada.

- Key...

- Nem se quer digas o meu nome...eu vivi nas ruas, ao frio, à chuva eu fui espancada humilhada e violada, até aqui! NUM ORFANATO RELIGIOSO! - gritou irritada.

Eu realmente fiz merda! Muita merda e com a minha própria filha, eu nem quero imaginar as coisas pelas quais ela passou.

- Tens toda a razão eu mereço ser castigada! Vais matar-me! - disse o que a fez rir.

- A ti!? - disse apontando para mim e rindo. - Eu não te vou matar...eu quero que tu vivas e tomes conta destas crianças,depois de eu me livrar dos dois monstros que aqui andam! - disse o que me  fez arregalar os olhos.

- Vais matá-los? - perguntei já sabendo de quem ela falava.

- Vou! - disse fria e sem emoção.

- E depois? - perguntei curiosa.

- Vou voltar...com o Lucas! - disse apontando para a figura alta e loira de olhos verdes.

- Encontraste alguém que te ame! Fico feliz por ti! - disse vendo-o aproximar-se dela.

Vi-os abraçarem-se e beijarem-se com carinho, o mesmo afegou-lhe os cabelos e olhou-me no olhos.

- A Key é a pessoa mais importante para mim! Eu amo-a! - disse a olhar-me nos olhos. - Se eu tiver de matar alguém para protege-la...fá-lo-ei sem sequer hesitar! - disse a olhar-me nos olhos.

Ver a minha filha com já 18 anos e apaixonada deixava-me extremamente feliz. Vi-a virar-se para mim e olhar-me nos olhos.

- Adeus mãe! - disse com um voz fria.

- Adeus filha! - disse sentindo lágrimas quentes pelo meu rosto.

Dito isto os dois sairam deixando-me sentada no chão com lágrimas de arrependimento a escorrer-me pelo rosto.

{...}

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