3. I fought with the Way brothers and Jesus judged me

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Eu e Mikey ficamos amigos do jeito mais estranho que alguém pode ficar amigo de outra pessoa: brigando.

Foi no início do ano letivo de 1996, quando eu estava saindo da cabine de rádio após tocar umas músicas cristãs e falar umas coisas aleatórias (naquele dia eu nem tinha falado mal de Gerard!), Pete e Mikey haviam aparecido no corredor com um propósito: me bater.

Acostumado com esse tipo de abordagem desde os 11 anos, eu fiz o recomendado — corri. Mas Mikey era mais rápido e não demorou a me alcançar. Levei o primeiro soco naquele momento, e consegui proteger minha cabeça antes de atingir o chão.

– POR QUE VOCÊ FEZ AQUILO COMIGO? – gritou o outro, enquanto Mikey me chutava. Amém, os chutes dele não eram muito fortes. Ou eram, mas eu tava acostumado com coisa bem pior.

– Eu fiz O QUÊ? – consegui encaixar no meio daquela balbúrdia. Os chutes estavam começando a doer, e eu tava começando a ficar irritado. – Porra, me fala o que eu-- caralhoberrei após um chute no baço. Estudar sobre órgãos internos nas aulas de Biologia me ajudava a entender onde os valentões me chutavam, e pra onde eu devia desviar pra doer menos. E no baço doía como o inferno. – Me fala o que eu fiz que eu posso tentar me corrigir!

– Você acabou com a minha carreira! – cuspiu Pete, que chorava (aliás, parecia que ele já tinha chorado mais cedo).

– Você acabou com a carreira do meu amigo! – concordou Mikey, e chutou meu ombro.

Okay, aí já era abuso. Sentei no chão frio — já estava tão habituado aquele linóleo sujo — e encarei os dois, o magrelo e o troncudo, com a pose de psicólogo que meu pai sempre falava pra treinar.

  – O que exatamente eu fiz pra acabar com a sua carreira? – colei as pontas dos dedos das mãos; o próprio pacificador.

– Você falou mal de mim no rádio! – disse o troncudo, ainda aos prantos. – Foi o meu primeiro jogo como titular.

– E provavelmente o último. – acrescentou o magrelo.

– Porque o técnico do time ouviu e disse que, se os alunos podiam ver quão ruim eu era, era melhor que eu ficasse no banco mesmo. – completou.

– Do que vocês estão falando? – perguntei, apesar de já saber o que era. – E quem são vocês?

– Eu sou o Peter. – disse o troncudo.

– E eu sou Michael Way. – disse o outro.

– Way? Tipo o Gerard Way? – perguntei, confuso.

– É, a gente é parente. – ele deu de ombros. – Agora vamos manter o foco? Você arruinou uma vida!

– Eu não vi aquela merda de jogo, okay? – defendi-me. – Peter, você é o goleiro do time de hóquei, certo? Eu só reproduzi o que me contaram!

– Mas você não é jornalista? Devia se comprometer com a verdade. – acusou Peter, cruzando os braços.

– Não, eu não sou jornalista. Eu sou o garoto do rádio. – expliquei. Estaca habituado àquela alcunha. – Então, não preciso tanto da verdade. Eu só preciso dar o que eles querem. Disseram que você era um mau goleiro, e foi só o que eu disse!

Peter me chutou na costela. Daquela vez, doeu. O ar saiu de meus pulmões e eu conseguia ver bem o teto do corredor, quando caí no chão novamente.

– Da próxima vez, assista o jogo. E diga a verdade, Frank.

Eles saíram andando; isso eu pude ouvir pela distância das passadas dos dois. Era mais um dia comum no trabalho, e o início do Ensino Médio.

Na semana seguinte, eu fui ao jogo de hóquei com duas folhas na minha prancheta. Sentei na arquibancada sozinho, vestindo um casaco verde por sobre o uniforme incompleto; eu tinha a camisa e a gravata, apenas. Depois dos primeiros dois minutos de jogo, alguém se sentou do meu lado e eu me virei para olhar.

The Radio Guy Hates The ActorOnde histórias criam vida. Descubra agora