20. Think happy thoughts

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TW: violência doméstica. Se tens problemas com isso, sugiro ler o primeiro e o último parágrafo do capítulo; fodasse o cap, preserve sua saúde mental, ok? Não vai gerar (grandes) delays no entendimento do resto da história não.

O taxista abriu a porta do carro para mim. Eu desci, com as pernas quase dormentes, e peguei minhas coisas no porta malas. Bruno estava destrancando a porta enquanto Papai pagava o cara e Mamãe sentava numa das duas cadeiras da varanda. O taxista estava indo embora quando eu estava subindo com as malas em direção ao meu quarto. Pansy estava com uma fina camada de poeira. O quarto, no geral, estava com essa fina camada de poeira. Pus as malas num canto e troquei as roupas por uma camiseta furada e uma bermuda de moletom que eu ganhei de Bruno (o filho da puta já estava da minha altura), e desci as escadas, o terço na mão. Coisas boas, Junior. Coisas boas.

Frank estava na sala, sentado no sofá. Eu o olhei de soslaio, pensando que se eu não olhasse ele não existia.

– Então eu não sei te educar. – ele disse. – Por que você me obedece, Junior?

– Porque eu tenho medo de você. E te desobedeço porque não te respeito. – disse a verdade. Eu ia apanhar dizendo ou não, não ia? Então que fôssemos sem sutilezas.

– Então você acha meu método ineficaz?

– Acho. – ele não podia me bater logo e acabar com isso?

– O método dos pais dos viados dos seus amigos é melhor?

– Talvez seja.

– Então você acha que eles são melhores que você?

– Sim.

Frank se levantou, e eu vi que o cinto estava em sua mão. Finalmente, pensei, ele ia me bater e eu poderia me livrar de mais um dia cansativo nessa casa. Talvez todos os dias fossem assim, e daí eu só precisaria contar no calendário em contagem regressiva. Logo o ano acabava, e eu estaria doente e talvez quebrado. Quem liga? Sem o St. Jude, não havia ninguém que se preocupasse com o meu bem estar mesmo. Nem eu nem minha família.

– Talvez, Junior, o seu problema seja esse. Se diminuir, sabe? Se achar pior que os outros. Bruno sabe o próprio valor. Será tão difícil assim você saber o seu?

– Bruno é babaca. Eu não sou.

– Ah, você não se acha babaca? – Frank se aproximou perigosamente, me olhando nos olhos com aquele olhar adoidado dele. – Coitado… você é babaca sim. Só é de um tipo diferente de babaca. Um tipo mais insuficiente de babaca.

Não havia nada que eu pudesse responder. Apenas abaixei a cabeça e senti os dedos de Frank em meu queixo, a levantando novamente.

– Seja homem, Junior.

The Radio Guy Hates The ActorOnde histórias criam vida. Descubra agora